sábado, julho 26, 2014

Por falar de amor, em especial amor às palavras e às imagens. Words and Pictures. Clive Owen e Juliette Binoche, um casal apaixonado, dois grandes professores, dois grandes actores. Um belo filme rigorosamente a não perder.


No post abaixo falei de agramática, de limpamentos de receios e de outros maravilhamentos. Manoel de Barros pela mão do Cine Povero é um acontecimento que não deve ser perdido.

E hoje é dia de palavras e maravilhamentos. Por isso, se me permitem, continuo.

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Sexta feira à noite é dada a farrinha, passeios, namoro, e, por vezes e quando a coisa promete, cineminha.


Words and Pictures - Clive Owen and Juliette binoche


Cinecartaz. O par prometia, gosto imenso do Clive Owen, é um actor muito genuíno, com uma presença física forte, uma voz bonita, uma espontaneidade magnética (estar ao pé dele deve ser um perigo) e gosto também muito de Juliette Binoche, a luminosa, cujos desempenhos são sempre tocantes. O título original do filme, Words and Pictures, também despertou a minha atenção e o trailer não desincentivou. (Em português ficou Por falar de amor, o que diminui o filme).


O cinema onde poderíamos ir também me atraíu. É perto do restaurante onde fomos jantar e não seria de certeza um local para onde as pessoas vão mastigar pipocas que transportam em baldes. Aliás, distracção minha, nem sabia que o Alvalade ainda estava aberto. Agora é City Alvalade e a grande sala está dividida em 4. É um pequeno cinema de bairro, com um café simpático, pouca gente, sítio para estacionar. O ideal.

Pois bem. Há muito tempo que não via um filme tão bom. Tão bom.

Geralmente quando tenho deslumbramentos destes por filmes, o meu marido acha que é longo ou chato demais e, para o fim, já se mexe e remexe, vê as horas, boceja. Aconteceu com Lady Chatterley, por exemplo, um filme que eu adorei e que ele acha que seria bom se tivesse meia hora a menos. Pois, se querem que vos diga, com este filme, nem uma só vez bocejou, nem sequer se mexeu na cadeira. 

Quando o filme acabou não consegui levantar-me. Estranhamente o meu marido também ficou um pouco (e logo ele que, mal lhe cheira a fim, já está a querer ir-se embora).

Mas olhou para mim admirado: Estás a chorar? e eu disse que sim. Ele perguntou porquê. E eu expliquei que estava a chorar por pura emoção perante a beleza. Não por tristeza. Várias vezes fiquei em lágrimas apenas pela beleza das palavras e das imagens, pela emoção que as palavras da grande literatura despertam como um frémito bom que percorre a alma de quem as escuta. (Não sei usar as palavras certas para o dizer, pecha minha.)


Todos os professores deveriam ver este filme. Todos os professores de língua portuguesa, de literatura, e de artes, ainda mais. Ensinar pode ser um encantamento. A literatura amada e partilhada é magia, encantamento, viagem. As imagens, quando expressão de uma força genuína que sai do corpo, que tem alma, luz, movimento ou sombra, negrume, são também uma prece, um arrebatamento.


(Tenho mesmo que parar. Não devia estar a usar palavras pois corro o risco de banalizar o que, no filme, é tão especial).

Para além da maravilha que são as aulas e o acto de ensinar, há ainda o combate (palavras versus imagens) entre a dupla amorosa e há os diálogos e as interpretações.

O filme é belo, mágico, apetece a gente meter-se dentro dele, apetece que não acabe. E não é pesado, negro, não nos atormenta, não nos assusta ou deprime.



Mas Juliette Binoche que, no filme, é pintora e professora de artes, na vida real também pinta e as obras que se vêem no filme são, de facto, suas.

Infelizmente o filme está apenas em 2 salas em Lisboa e 2 no Porto mas talvez não tarde a existir também em DVD.

Deixo o trailer traduzido e, porque tem mais imagens, também o trailer oficial em versão mais longa.




Por falar de amor


(Não sei porque deram ao filme, em português, um nome de comédia romântica de Verão mas, enfim, devem ter achado que 'vendia' melhor)





WORDS AND PICTURES





Gostaria de ter aqui Clive Owen dizendo excertos de poemas ou outros textos tal como o faz no filme mas não encontrei. Então, porque de Shakespeare também lá se fala, coloco um actor que tem uma voz espantosa, Benedict Cumberbatch, a dizer The Seven Ages of Man



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É muito tarde, já são 3 da manhã, e eu estou cansada. A semana não foi fácil e, para acabar em beleza, a sexta feira foi de estrondo. Felizmente, eu tenho um lado de guerreira, as batalhas dão-me pica. Acho que tenho aquilo a que se dá um nome muito feio - que se ouço noutros me dá vontade de rir mas, de facto, os outros detectam em mim isso e eu também - killer instinct. Um grande amigo meu sempre o disse: como adversária, ela é temível. Pois. Reconheço. Temos pena.

Mas até as guerreiras precisam de dormir, especialmente esta, que é uma guerreira, de facto, inofensiva.

A ver se amanhã consigo tempo para responder aos comentários pois, em especial a alguns, quero dizer umas palavrinhas. Também não tenho conseguido responder aos mails - falta de tempo e cansaço, é o que é. As minhas desculpas.

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Relembro, em especial aos que amam as palavras: abaixo encontrarão mais um belo vídeo do Cine Povero.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.


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