terça-feira, junho 03, 2014

Robert de Niro e o seu pai gay


Esta minha semana é daquelas jeitosas. Começou bem e amanhã e o dia seguinte, no mínimo, vão pelo mesmo caminho: de sol a sol e isto porque os dias estão grandes. Ainda é segunda à noite e já estou a precisar de fim de semana - não sei se é pelo dia de hoje se é só de pensar no que me espera. 

Cheguei tarde, cansada, ainda tive que fazer uma máquina de roupa e pô-la a secar, fazer o jantar para amanhã, arrumar roupa e sei lá que mais. Amanhã começo com reuniões logo cedo e vão até ao fim do dia sem mais que uma meia hora mal medida para almoçar e isto para depois, na quarta, começar ainda mais cedo e ter reunião prolongadas e complicadas. E acho que vou assim até ao fim de semana, fim de semana esse no qual se espera uma daquelas cenas que mete camping por toda a casa.

Mas adiante que a vida é curta e não dá para estes compassos de espera que não levam a nada. E, sobretudo, haja saúde!

No post a seguir a este faço uma pergunta: alguém me informe, por favor, se a troika ainda cá está ou não? É que não sei se andei distraída ou se estou passada da cabeça ou se o o meu país está a ser governado por mentirosos compulsivos e descarados.  A sério: alguém que me esclareça, pleaaaase.

Mas isto é a seguir. aqui, agora, a conversa é outra.

Robert de Niro é cá dos meus. se ele entra, então eu já estou de pé feito para me pôr a caminho a vê-lo. Seja como rebelde, seja como um amante de dar gosto, seja como durão a sério, seja como um durão de fazer rir, Robert de Niro é sempre de nos prender do princípio ao fim de um filme.

Pois bem. Não fazia ideia que foi filho de pintor e, muito menos, de um pintor gay.

Não que tenha mal ser-se pintor, nem ser-se gay, nem, o cúmulo, um pintor gay. Achei foi graça que Robert de Niro tivesse um pai pintor e gay.


Embora, pensando bem, não seja capaz de dizer que graça é que isso tem. Se fosse padre e travesti seria mais engraçado.

[Estou com estes disparates, nem sei porquê. Se calhar é porque estou a escrever isto e, como costume, com um olho no burro e outro no cigano, ou seja,  a ouvir o Prós e Contras sobre a Igreja e a Sexualidade e, a par de conversas de jeito, estou divertidíssima a ouvir umas mulheres jovens exaltadíssimas a falar de sexo, desejo e orgasmos, como se fosse a descoberta do século, e isto numa voz muito betinha e catequista. Dá vontade de bater palminhas e dizer iupi!, que bom.]

Adiante.

O certo é que Robert de Niro resolveu fazer um documentário sobre esse pai de feições fortes, um belo homem, que se divorciou quando descobriu que era gay e de quem a mulher nunca foi muito capaz de verbalizar, junto do filho, o que se passava. Tal como Robert de Niro Sr nunca foi capaz de falar sobre isso com o filho, Robert de Niro Jr.

Mas o filho quis preservar para os seus filhos e netos a memória desse pai diferente e fez, com muito afecto, este documentário a que chamou Remembering. O seu tributo a um artista que nunca obteve o reconhecimento que o filho acharia merecido.

Transcrevo da Vanity Fair:

In a wonderful new interview with Out Magazine, the acting legend becomes so emotional when discussing his late father, and the occasionally difficult relationship he had with him, that at times he can’t quite get words out over the lump in his throat. (For example, when asked how it feels to become more famous than your namesake, De Niro cries and needs a few seconds to collect himself.) When he is able to articulate his feelings though, De Niro provides a fascinating snapshot of his childhood years and the formative father-son relationship. An excerpt:

When you were younger, it sounded like you had problems connecting with each other. We were not the type of father and son who played baseball together, as you can surmise. But we had a connection. I wasn’t with him a lot, because my mother and he were separated and divorced. As I say in the documentary, I looked after him in certain ways.
In what ways? I think of my own kids. I try to communicate with them, but it’s hard. I joke about it with them. They have their issues as teenagers. I give them their space, but when I have to step in and be firm about something, I am. But my father wasn’t a bad father, or absent. He was absent in some ways. He was very loving. He adored me... as I do my kids.

In another emotional moment, De Niro speculates whether his father was conflicted about his sexuality.

Yeah, he probably was, being from that generation, especially from a small town upstate. I was not aware, much, of it. I wish we had spoken about it much more. My mother didn’t want to talk about things in general, and you’re not interested when you’re a certain age. Again, for my kids, I want them to stop and take a moment and realize that you sometimes have to do things now instead of later, because later may be 20 years from now — and that’s too late.

Despite the actor’s efforts to help his father, even after De Niro, Jr. reached some degree of fame, Out notes that Robert De Niro, Sr. died as a starving artist. 

As a tribute to his father, De Niro, Jr. has preserved his father's final home in New York City. 

The film, which De Niro produced, airs June 9.







REMEMBERING THE ARTIST by Robert de Niro




(Que bela voz tem o Robert de Niro)

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Recordo: se descerem até ao post seguinte, encontrarão a questão que se impõe: afinal a troika já se foi embora ou não? 

Quem é que anda a mentir no meio disto tudo? 

E, façam o favor de fazer a caridade de não me virem esclarecer que andam todos. Era o que faltava que me viessem atirar baldinhos de água fria para a cabeça. Gosto muito de viver na ilusão, ora essa.

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Tirando isso, ainda não é hoje que vos mostro imagens do fim de semana maravilhoso que tive (e que já me parece que foi há séculos, tal o dia que tive esta segunda feira) nem partilho convosco um bocado do livro que comecei a ler, o Os Factos, autobiografia de um romancista, de Philip Roth.


Só umas flores, o loendro cheiroso de que falava Natália Correia, apenas para ver se o seu perfume doce chega até vós.



E, já agora, para as acima referidas jovens casadoiras ou casadas e cheias de filhos que descobriram com grande exaltação que o sexo, afinal, não é só para procriar mas, também, para unificar, aqui deixo o dito poema de Natália Correia (e só espero que, lendo o poema, não vão logo a correr para a beira da cama, pôr-se de joelhos a rezar cinquenta Avé-Marias)

O corpo é praia a boca é a nascente
e é na vulva que a areia é mais sedenta
poro a poro vou sendo o curso da água
da tua língua demasiada e lenta
dentes e unhas rebentam como pinhas
de carnívoras plantas te é meu ventre
abro-te as coxas e deixo-te crescer
duro e cheiroso como o aloendro.

Bem, agora é que é desta. Estou com uma soneira que nem dá para acreditar e amanhã a alvorada é quase de madrugada. Por isso, fico-me já por aqui.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça feira!

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7 comentários:

bob marley disse...

um dos meus actores preferidos - https://www.youtube.com/watch?v=lQkpes3dgzg

bob marley disse...

outro actor genial,este filme é tão actual - https://www.youtube.com/watch?v=WiAy211JndI

bob marley disse...

e Clint Eastwood - https://www.youtube.com/watch?v=UImtsTClVLc

lidiasantos almeida sousa disse...

O BLOG está cada vez melhor, a imaginação desta pessoa é infindãvel.
Não acho muito interessante um filho servir-se da vida pessoal de um Pai ou Mãe, para ganhar dinheiro.
Faz-me lembrar a pernóstica Filomena Mónica quando escreveu um livro a divulgar os podres da Família, mas os dela própria não divulga, mas gostos não se discutem.
DE NIRO, ficou tão marcado com o
"TAXI DRIVE" que sempre que o vejo noutro filme, aparece-me nesse papel, e não lhe encontro versatilidade. Um abraço para si e para a malta.

lidiasantos almeida sousa disse...

Conheci Natália Correia no seu BAR no Largo da Graça. Era pessoa que quando embirrava com outra não largava o osso.

No bar dela faziam-se e destruiam-se politicos e não só. Parece-me estar a ver o Jaime Gama, quando foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros, com a Natália, a Roseta e outras damas da moda na altura, a escolherem os óculos para o Gama. O gozo era enorme e o pobre do Gama ficava encabulado de todo, já gordinho e com a barriga proeminente, mas não era do alccol porque não bebia, era de falar tão lentamente que ingeria ar a mais.

Anónimo disse...

Concordo com Lídia Santos Almeida Sousa. Quer quanto ao Blogue (cada vez melhor), quer quanto a essa ideia peregrina do De Niro. Acho patético. Cheira a Psicanálise pública. O tipo aceitou mal a coisa (que filho não aceitaria? !) e como nunca resolveu isso vem agora falar no assunto. Não fica bem. Não o devia ter feito. Coisa de americano. Só mesmo! Li, em tempos, o tal livro da Mónica, “Bilhete de Identidade”. Prosápia. E aquela mania dela de estar sempre a referir a estadia na Inglaterra, como se lá tivesse estado um tempão que merecesse referência. É uma peneirenta. E o que ali diz de outros que lhe foram próximos nesse livro! Um livro que se não tiver lido, UJM, não perdeu nada. Mas dá para avaliar o tipo de pessoa. Ela deve julgar-se uma grande escritora, mas está longe disso. Dou-lhe um exemplo: o livro que ela escreveu sobre Eça, “Eça de Queiroz”, fica muito aquém daquele sobre Eça de A.Campos Matos, “Eça de Queiroz, uma Biografia”. Tenho ambos, li ambos e depois de os ler, não nos restam dúvidas sobre a qualidade e pesquisa de um e outra. O livro de Campos Matos é indiscutivelmente superior.
Mudando de assunto. Esta coisa de um tipo um dia decidir assumir-se roto é uma chatice. Conheci uns três casos desses e aquilo foi doloroso para as famílias. Um era médico, outro diplomata, outro advogado. Ao fim de anos a viverem as suas vidas normais em família, com filhos, já com umas décadas em cima do lombo de vida em comum, saiem do armário, como agora se diz, e “ala que sou agora sou gay e quero é outro tipo de vida, com um gajo!” Porra! Isto há cada uma! Faz-me alguma confusão as pessoas não se assumirem em devido tempo. Com as consequências traumáticas para quem apanha com isso na cabeça. Como a mulher e, sobretudo, os filhos, pelo menos dos casos que conheci. Foi uma chatice daquelas!
Quanto ao Gama, anda muito calado, muito discreto. Será que planeia uma de candidato presidencial? Vá lá que sempre fala um pouco mais “acelarado” do que o sinistro Victor Gaspar.
Ontem assisti a uma cena do mais bizarro em Lisboa! Uma mulher, mulata clara, bonita, alta, “vestida” com algum gosto, cerca de 35 anos, no máximo, a andar com o peito á mostra, uns belos seios, cheios, bem desenhados e ainda firmes, a tentar tapa-los com as mãos, numa manobra clara e propositadamente desajeitda, tapa um, descobre o outro, sorrindo-se, isto tudo enquanto ía passando no meio das pessoas, que, espantadas, algumas ficavam especadas a olhar. Mas, ninguém disse nada. E assim, naquele passo lento, movia-se sem grande esforço, lá foi por ali fora. Quando contei o episódio a minha mulher, a rir-me, respondeu que quem sabe não seria uma cena de apanhados. Não me pareceu, até porque ninguém se meteu com ele, nem ela abordou ninguém. Se calhar foi mais simples. Romperam-se-lhe as alças do vestido e ela corajosamente e divertida por ali foi até casa ou algures, reparar a coisa. Quem sabe! Mas, ficou-me na memória, confesso, o peito bem desenhado daquela mulher. Coisas do arco-da-velha, como se costumava dizer em tempos!
P.Rufino


Anónimo disse...

Há um outro livro sobre o Eça, do A.Campos Matos, muito interessante, para quem gosta de Eça, "Ilustrações e Ilustradores na obra de Eça de Queiroz", com umas ilustrações geniais, sobre as personagens dos livros dele. Em capa dura, excelente! E divertido! Vale a pena, francamente, se ainda se encontrar à venda, comprar. Também o tenho. Comprei-o talvez há uns 7 anos, creio bem.
Boa noite!
P.Rufino