sexta-feira, junho 20, 2014

Cai Ricardo Salgado, o homem forte do BES, o banqueiro do regime, e, com a sua demissão, fica à vista de toda a gente os pés de barro do conhecido paladino da moral e dos bons costumes, a 'mão por detrás do arbusto' de toda a privatização, negociata e derrube de governo que aconteceu em Portugal nos últimos vinte e tal anos. E aqui deixo uma perguntinha: tanta auditoria, tantos testes de stress e tanta treta... e nunca tinham dado por tanta tramóia...? Ah, que brandos são os costumes dos amigos e capachos desta gente.


No post a seguir a este lanço uma pergunta ao verdinho de serviço, à poiazita que por aí anda: não quererá ter um acto de higiene e livrar-nos da sua inteligência invertida?

Mas isso é mais abaixo.

Aqui, agora, a minha conversa é outra. Não é que cheire melhor mas, enfim, é o que os tempos presentes nos andam a reservar.


Ricardo Salgado, o ex-homem forte do Grupo Espírito Santo.


A queda de um mito 

(um mito de pés de barro, de mãos ao que parece pouco limpas, de consciência, ao que parece, bastante pesada)



Há quanto tempo Carlos Costa está à frente do Banco de Portugal? E quantos testes de stress foram feitos aos bancos? E, quando o BES recusou receber apoio como os outros bancos, alegando que os seus rácios estavam tão belos, que não precisava de nenhuma injecção?


Auditorias de toda a espécie e feitio e ninguém percebeu que havia dívida não declarada, contas manipuladas, trapalhada da grossa? Tanta gente inteligente e sabichona e ninguém deu por nada...? A sério...?

Como poderemos nós confiar em toda esta gente? Como poderemos saber que o que vemos como limpo não é, afinal, um monte de lama? Que auditores e reguladores são estes...?

Carlos Costa que, ao que parece, foi o homem dos negócios internacionais do BCP alegando, contudo, desconhecer as trapalhadas dos offshores, parece que continua a deixar passar-lhe, por baixo dos olhos, muita coisinha esquisita. Precisará de óculos? De tratamento de outra espécie?

Mas agora está a actuar. Certo, está. Mas, ao que parece, tarde e más horas, quando a coisa já sujou e demais, e a reboque de notícias que já não cabiam no segredo dos gabinetes e no seguimento de bombas a rebentarem na capa dos jornais.



Carlos Costa reuniu-se no final desta tarde como os membros do Conselho Superior (CS)  do GES. Esta reunião foi convocada de urgência depois de o Expresso ter revelado que Ricardo Salgado pretende renunciar à  administração, mas que alguns administradores não iriam aceitar sair, como era o caso de José Maria Ricciardi, Pedro Mosqueira do Amaral e Ricardo Abecassis Espírito Santo.


O governador quer que este três membros do CS, que estavam na reunião no Banco de Portugal, também renunciem aos seus mandatos de administradores. Na prática, o BdP não só obrigou Ricardo Salgado a renunciar, como não deixa que os outros administradores lá fiquem.  E significa também que os supostos candidatos à sucessão que estão dentro do conselho superior deverão deixar a administração do BES.


Segundo Pedro Santos Guerreiro, um dos jornalistas que mais de perto tem acompanhado este escândalo, a guerra está ao rubro e o desfecho disto, à data de hoje e a esta hora, ainda não é conhecido. Acabo de ouvir que agora, aproximadamente à meia-noite, Ricardo Salgado ainda estará dentro do BdP, apesar do primo Ricciardi já ter saído.

Mas se Carlos Costa andou a marcar passo, já Ana Gomes não brinca em serviço. 

Transcrevo:

Ricardo Salgado, noutros tempos.

O homem que, há cerca de 3 anos derrubou um Governo
para, segundo se diz, lá ter um mais a seu gosto,
acaba por ter, afinal, um fim triste.

A deputada socialista no Parlamento Europeu, Ana Gomes, escreveu esta quinta-feira duas cartas dirigidas a Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), e a Andrea Enria, presidente da Autoridade Bancária Europeia, onde denuncia "irregularidades" no Espírito Santo Financial Group (ESFG).


Nas cartas, divulgadas no seu site de eurodeputada, Ana Gomes recorda que "recentemente foram reportadas 'sérias irregularidades' em contas" da Espírito Santo Internacional, que passaram por "omissões na contabilidade de passivos" ("segundo a imprensa", no valor de 1,2 mil milhões de euros, explica a eurodeputada) e "sobrevalorização de ativos".


A barraquinha toda armada e à vista de toda a gente. Sujou, como dizem os brasileiros.


Ricardo Salgado
No Grupo escondeu milhares de milhões em falta,
no IRS pessoal escondeu 8 milhões,
e em vez de pintar a cara de preto e se enfiar num buraco,
por aí continuou a andar, armado em gente fina.


Segundo se diz, o BES estará a salvo, o que estará em frangalhos é o GES. Não sei. A ver vamos.

Mas, para além da minha perplexidade perante a bagunçada que se passa em lugares supostamente sujeitos ao maior escrutínio, o que me espanta é a lata desta gente. 

A lata!

Por aí andam a impor condições, a dar entrevistas sempre naquela pose de superioridade, a pregar lições de moral, a falar no que se gastou a mais, como se os velhos, os funcionários públicos e os desempregados tivessem agora que pagar os excessos que antes cometeram, pregando que a austeridade é vital e toda essa conversa fiada, a derrubar governos na maior descontração, e afinal são essas mesmas pessoas que fogem ao fisco, que engatam as contas deliberadamente, que fazem toda a espécie de negociatas e jogadas... 

Um asco, é o que isto é. Baaahh.



___

Relembro: sobre a desautorização que os do Governo, certamente acagaçados com o abrir de olhos do Constitucional e talvez levando em consideração a recomendação do ministro das finanças da Merkel que diz que nunca se mete com o Constitucional, perguntei: em que posição fica o coisinho maduro? Andou armado em forcado a querer tourear os juízes do Ratton e a ver se virava os funcionários públicos contra eles e agora tiram-lhe o tapete desta maneira... Não se demite?

Mas, sobre isso, desçam até ao post a seguir, por favor.

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4 comentários:

lidiasantos almeida sousa disse...

Carlos Costa foi diretor do BCP no tempo do Jardim Gonçalves.

Quando confrontado com perguntas sobre o BCP disse não se lembrar de nada, o que é bastante estranho para um ex banqueiro elevado a Governador do Banco de Portugal.

Quando a amnésia ataca a coisa grossa por detrás. Se fosse o Constâncio caia o Carmo e a Trindade e ele nunca trabalhou no BPN. como este Costa trabalhou na BCP.

lidiasantos almeida sousa disse...

Carlos Costa foi diretor do BCP no tempo do Jardim Gonçalves.

Quando confrontado com perguntas sobre o BCP disse não se lembrar de nada, o que é bastante estranho para um ex banqueiro elevado a Governador do Banco de Portugal.

Quando a amnésia ataca a coisa grossa por detrás. Se fosse o Constâncio caia o Carmo e a Trindade e ele nunca trabalhou no BPN. como este Costa trabalhou na BCP.

lidiasantos almeida sousa disse...

INTERESSANTE A AMNÉSIA QUE ATACA a comunicação Social em relação a RICARDO E S SALGADO. Ainda há pouco tempo o Ricciardi foi apanhado nas escutas com o Passos Coelho, O caso está em poisio na Procuradoria Geral da Republica que é um saco sem fundo e só andam os processos que o PAI manda. Das 2 primeiras escutas o Passos respondeu ao Jornalista que gostava que fossem publicadas, Das outros 9 escutas que estiveram fechadas na gaveta duma Procuradora "AMIGA" o Passos mandou os assessores responder que nada podiam dizer porque o caso está em segredo de justiça- Esta Justiça deprimente, merece a comunicação Social deprimente QUAL ROTTWEILLER O EXPRESSO fila o sujeito de que não gostam e esquecem as personagens principais, QUE SÃO AMIGOS DO CHEFE E SEUS AJUDANTES.
É TUDO GENTE MORTA, mas eles também caem.

Anónimo disse...

Quando leio que a “Holding” da Família, com sede num paraíso fiscal da UE (!?), como é o Luxemburgo, ocultou – por extenso, para fazer mais impressão – mil e duzentos milhões de Euros em dívidas (nas contas de 2012), fico a pensar: e agora, oh rapazes, oh Família, oh Justiça, que vão fazer? E o BdP só agora acordou porquê? Estava sedado? Com alguma atenção, vontade, habilidade jurídica e outros “requisitos” será que veremos estes trastes, estes traficantes de dinheiro, serem levados perante os Tribunais? E leio ainda mais, de que houve divulgação errada de dados que não estavam correctos, deliberadamente, no valor de mil e 45 milhões de Euros com vista a retirar ao GE e Credit Agricole o controlo da Instituição. E por aí fora, tantas as patifarias do nosso querido BES e o Padrinho Salgado e Compinchas. Falamos de quantias que não são trocos, mas de milhões de milhões! O BES que já era também um Banco do Regime Salazarento, convém recordar e uma vez recuperados os activos congelados pelas nacionalizações do pós-Abril, voltou, em força, a ser o que sempre foi, um Banco sujo, acolitado ou encostado aos podres da Política e agora desta Democracia, sobretudo nos últimos tempos. Um Banco que coloca milhões de milhões nos off-shore, foge aos impostos, pratica fraudes, manipula dados, compra políticos que se deixam corruptamente comprar, um Banco que tal como o BPN, é bem a imagem da elite política actual. Cá o meu dedo mindinho diz-me que, no final, uns vão para casa gozar os tais milhões traficados, outros continuarão no Banco e a coisa fez-se. O BdP limpará as mãos com água benta e tudo voltará ao mesmo. E daqui a pouco tempo, o BES voltará a ser “um Banco de referência”, com a publicidade a limpar-lhe a imagem, que nenhum detergente, por melhor que fosse, conseguiria: “venha ao BES (se calhar nessa altura já não é o verde, mas laranja ou azul, outra qualquer, a côr do Banco), que lhe oferece as melhores condições para rentabilizar o seu dinheiro, que assim irá crescer sem você dar conta. Acredite em nós, No BES. Um Banco com tradições. Um Banco modelo. O seu Banco! – BES!” E associado a esta treta, um outro desportista, ou uma actriz em soutien, ou sei lá, dará a cara para atrair cliente.
P.Rufino