quinta-feira, abril 17, 2014

Plutocratas, Os Burgueses, o Ataque aos Milionários e, para temperar, O sermão sobre a queda de Roma. E um fogo assombroso nos céus de Lisboa.


Depois da anedota sexy e da piada multi-racial do post abaixo, viro-me agora para os livros.

Mas, antes, que venha Gabrielle Aplin e nos encante com a sua voz.



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Ontem, num comentário, escrevi que o meu marido tinha começado a ler Os Burgueses.

Ora bem, hoje constatei que não. Embora vocês não tenham agentes infiltrados aqui em minha casa que denunciassem a minha imprecisão, não quis deixar de rectificar.

Ele pegou nos livros que ontem aterraram cá em casa e pareceu-me que tinha levado o livro do Louçã. Mas o que começou a ler foi, de facto, o Plutocratas.

Com os Plutocratas, Chrystia Freeland, uma das mais famosas jornalista de economia no Canadá e EUA, recebeu o prémio de melhor livro do ano do Financial Times, o Lionel Gelber Prize e, ainda, o The National Business Book Award.


Tem como subtítulo: A ascensão dos NOVOS SUPER-RICOS GLOBAIS  e a quedra DE TODOS OS OUTROS.  


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Aliás, quando vi o livro sobre os outros, resolvi tirar uma fotografia aos livros que o meu marido tem na mesa de cabeceira para vos mostrar o que ele tem andado a ler. 

Quando me viu de máquina em punho no quarto, ficou espantado: 'mas até os meus livros já não escapam...?'

No outro dia o meu filho, sobre o blogue, queixou-se, 'cada vez está mais pessoal, meu...' e a minha filha, numa de um mata e outro esfola, acrescentou logo 'qualquer dia está como a pipoca mais doce'. E olharam para o pai à espera de apoio. No entanto, o pai limitou-se a encolher os ombros. Já está por tudo, nem se pronuncia. No outro dia, quando aqui falei no meu longo casamento, perguntei-lhe depois, à tarde: 'então leste?'. Fez-se de desentendido: 'li o quê?'. Já sei que tenho que ser explícita: 'a declaração de amor que te fiz'. Armado em esquisito, disse: 'sim, gostei muito que tivesses escrito que te apetece pôr-me as malas à porta'. Tive que esclarecer: 'mas nunca pus, pois não? Então não te queixes'. E pronto, ficámos assim. Dei-lhe a mão e fomos caminhar. Logo a seguir, tirou a mão mas foi porque não dá jeito andarmos a caminhar com ritmo intenso e de mão dada. Apesar de tudo, acho que gostou do que escrevi. 


Mas estava a falar dos livros que ele anda a ler. Já agora mostro os outros dois que tenciona ler a seguir e que eu também quero ler. No entanto, temendo não ter tempo, já lhe pedi que os lesse com atenção, tomasse notas e depois fizesse um power point para me enviar. Riu-se, malicioso, e disse que eu estava mesmo a pedi-las. (Não sei a que é que se referia.).

-> O Ataque aos Milionários de Pedro Jorge Castro, baseado em entrevistas e documentos inéditos e que trata de 'O cerco às famílias Espírito Santo, Mello e Champalimaud depois da revolução do 25 de Abril de 1974: as detenções, o dia-a-dia na prisão, as contas congeladas e a fuga para o exílio'.


-> Os BURGUESES - quem são, como vivem, como mandam, de Francisco Louçã, João Teixeira Lopes e Jorge Costa.


Estou curiosa.

Haverá algumas partes de que irei poder obter a comprovação junto de alguns dos, directa ou indirectamente, referidos pelo que, imagino eu, lê-los terá uma graça suplementar.

Na página aqui ao lado, o livro dos Milionários mostra um bem conhecido, Rui Moreira, agora presidente da Câmara do Porto. Mostra-o a ele e aos pais.

O pai, dono da Molaflex, esteve preso em 1975 suspeito de ligações ao ELP, ligações essas que nunca se comprovaram.

Muita coisa aconteceu nestes anos e muitos milionários de então, hoje não o são e outros debatem-se por conservar na família o que herdaram. 

Não dá para chorar de pena por eles, claro que não, caíram e levantaram-se e a maior parte está bem na vida, claro que sim, muito bem mesmo, mas não os diabolizemos pois, salvo alguns casos (de polícia até, quiçá), é gente normal - pelo menos os que me tem sido dado conhecer.

No 25 de Abril, os muito ricos tinham rosto, tinham famílias que se conheciam, o País conhecia-os.

Não é o caso do que se passa hoje, 40 anos volvidos (cá e por todo o lado). Os verdadeiros detentores do capital e do poder, hoje, são outros. Vêm de países onde os direitos humanos são frágeis, obtiveram o dinheiro de formas pouco transparentes e, na maior parte do casos, nem têm rosto, são fundos internacionais distribuídos por carteiras geridas por entidades com escritórios aqui e ali. Hoje o poder está nas mãos de capitalistas sem rosto, sem pátria, sem moral. Hoje dificilmente saberemos contra quem nos devemos defender.

Sob a capa moralista de que fizemos por merecer o que nos está a acontecer, sob a capa de que temos que sofrer na pele esta infame austeridade para que expiemos os pecados que nos dizem que cometemos, e com a ajuda de tontos, de vendidos e de gente incapaz e mentalmente destituída, somos espoliados de tudo, de dinheiro, de direitos, de dignidade, de soberania.




História com ilustração contida no livro 'Os burgueses':


O tempo passou e o urso estava cada vez mais gordo. E como estava cada vez mais gordo precisava de cada vez mais mel para saciar a sua fome. O urso entrara naquilo a que as pessoas grandes chamam 'um círculo vicioso'.

De repente, tinha uma barriga gigantesca e já mal se conseguia mexer. Foi então que as abelhas começaram a ficar assustada: elas perceberam que corriam o risco de morrerem esmagadas se o urso lhes caísse em cima.

E decidiram cortar no mel.


Legenda da imagem: "O tempo passou e o urso estava cada vez mais gordo..": uma metáfora do discurso banalizador da austeridade, justificado pelos erros do 'urso guloso'. Do livro de João Miguel Tavares (texto) e Nuno saraiva (ilustração), com a devida autorização (...).


[Um aparte meu: do que tenho visto no Governo Sombra, nem o liberal e quase acefalamente defensor de Passos Coelho e do Gaspar (que lhe apresentou o livro) João Miguel Tavares, defenderá já a política criminosa que o governo de Passos Coelho tem vindo a pôr em prática].

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O outro livro talvez não tenha a ver com esta temática. É O sermão sobre a queda de Roma da autoria de Jérôme Ferrari. Leio na capa que o Le Monde diz que é 'não só uma bela história de amor, mas também uma magnífica narrativa filosófica'. E é uma tradução de Pedro Tamen o que - vocês já sabem a admiração que tenho por ele - é garantia de que não será uma obra qualquer.


O autor é um parisiense, professor de Filosofia que leccionou na Argélia e na Córsega. Em 2012, foi viver para os Emiratos Árabes Unidos, onde dá aulas no liceu francês de Abu Dabi. Este livro recebeu o Prémio Goncourt 2012. 

Leio na contracapa coisas como 'como um eco do sermão com o qual Santo Agostinho tentou consolar os seus fiéis quanto à fragilidade dos reinos terrestres, a escrita exigente de Jérôme Ferrari lança uma luz implacável sobre a maldição que condena os homens a assistir ao desmoronar dos seus mundos e a reerguer sem tréguas, sobre o sangue ou as lágrimas, as suas mitologias impossíveis'. Vamos ver se é o que parece prometer.

O autor não poderia arrancar de forma mais promissora. Escolheu como citação de abertura a seguinte:

Admiras-te por o mundo estar a chegar ao fim? 
Admira-te antes por vê-lo chegar a uma idade tão avançada. 
O mundo é como um homem: nasce, cresce e morre. [...] 
Portanto, na velhice o homem está cheio de misérias, 
e o mundo na sua velhice está igualmente cheio de calamidades. 
[...] Cristo diz-te: O mundo vai-se, o mundo está velho, 
o mundo sucumbe, o mundo já está ofegante de vetustez,
 mas nada receies: 
a tua juventude há-de renovar-se como a da águia.



Santo Agostinho
sermão 81, §8, Dezembro de 410

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Esta quarta feira ao pôr do sol: o Tejo, o Padrão das Descobertas, um fantástico veleiro e um céu assombroso

(Eu podia ficar imóvel, em êxtase, perante uma beleza assim até que noite caísse por completo - mas tive que vir para casa fazer o jantar)
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Pois, que nem de propósito, hoje tenho Abril no meu Ginjal e Lisboa. Tenho Abril nas minhas palavras e tenho Abril nas premonitórias palavras de Manuel Alegre em Poemarma. Muito gostaria que fossem até lá para o ouvir. É Abril, é tempo de renascer.

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Caso queiram ver e ouvir Chrystia Freeland, numa conferência TED, a falar apaixonadamente sobre os muito ricos (que cada vez mais desalmadamente desprezam e anulam os restantes), ei-la:





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Relembro: se descerem até ao post seguinte terão um momento de humor.

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E, assim sendo, por agora por aqui me fico. 
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa quinta feira. 
Não sei se se diz quinta feira santa, se é quinta feira de paixão ou se é simplesmente quinta feira. 
Seja o que for, que seja boa.


13 comentários:

Bob Marley disse...

Dei-lhe a mão e fomos caminhar - https://www.youtube.com/watch?v=NNC0kIzM1Fo

Bob Marley disse...

por falar em amor, adorava esta série - https://www.youtube.com/watch?v=m_wFEB4Oxlo

Unknown disse...

Olá UJM!

Vejo que também tem aí o do Blyth, Austeridade - a história de uma ideia perigosa. Não sabia que já havia em português, é muito, muito bom. A austeridade é uma verdadeira escola do mal ensinada por pseudo-moralistas: é preciso austeridade para ganhar a confiança dos mercados, as coisas correm mal por causa de tanta austeridade, os juros aumentam porque não há confiança nos mercados, é preciso mais austeridade... etc, etc. (Este é o meu resumo ultra simplista do livro, que é mesmo muito bom).

Se eu tivesse queda para a religião, um temperamento mais religioso, mais idealista talvez, bastava-me o livrinho sobre o livre arbítrio do Santo Agostinho para encontrar resposta para suas (pretensas) contradições lógicas. "Is He willing to prevent evil, but not able? Then He is impotent. Is He able, but not willing? Then He is malevolent. Is He both able and willing? Whence then is evil?" A esta pergunta do David Hume, S. Agostinho responde-lhe com mais de mil anos de antecedência: o livre-arbítrio é um bem em si mesmo que Deus deu ao homem, o homem pode usá-lo para o bem ou para o mal, a possibilidade de escolher é o bem mais precioso que há, o homem é mau, não porque Deus quer, mas porque quer que possa escolher ser bom, só assim tendo, aliás, valor ser bom.
A Igreja Católica, precisamente, sempre contra determinismos. Senão nem o Céu seria uma recompensa, nem o Inferno um castigo.

Um abraço,
JV

PS: Tenho andado completamente atarefada com um trabalho que tenho de entregar depois da Páscoa. Quero muito escrever um bom artigo, seria tão bom que me convidassem a publicá-lo! Por isso, não tenho podido vir muito aqui a este seu espaço, UJM, o que é uma pena porque tem escrito uns posts deliciosos!

Bob Marley disse...

o amor e isto corta a respiração - https://www.facebook.com/photo.php?v=647033718684490

Anónimo disse...

É pá, que chatice! Voltei a deixar um comentário com a conta google do meu pai! Maldição dos computadores partilhados! É que nem dei por ela! É que ele não costumava vir ao computador que estou a usar, mas como a impressora que está ligada ao outro já não funciona, tem vindo aqui para imprimir... Imaginem lá se o anonimato fosse uma coisa absolutamente importante para mim! Bom, não há nada que aqui escreva que não diga cara a cara a (quase) todas as pessoas, nem são meia dúzia de comentários que matam uma pessoa (nunca se sabe!), mas é chato! Bem, podia pedir à proprietária do blog para não permitir a publicação do outro comentário, mas não vale a pena de maneira nenhuma.

Bom, sobre mim, não será possível encontrar em facebooks, etc., mais do que aqui escrevi, já que foi o único sítio onde deixei informações pessoais. Se alguém procurar com muito afinco (muito mais do que aquele a que alguém estaria disposto), encontrará um facebook com os meus primeiro e último nomes e gostos nas páginas do Benfica. Criado aí há 2 anos e sem uma única publicação ou foto.

JV

PS: Agora só por ressabiamento, passarei a publicar sempre como anónimo, abandonando para sempre as malfadadas Cavaquices.

Bob Marley disse...

até ía procurar mas quando li Benfica, desisti-))

Anónimo disse...

Xinapá!
Que abelha maldosa.

Anónimo disse...

Ah, Bob Marley! Não fique traumatizado com o que se passou ontem! ;)

JV

Anónimo disse...

"De derrota em derrota, até á vitória final", lá diz o povo. O melhor clube de futebol dos últimos 30 - o FCP - anos falhou em várias frentes este ano, por culpa de decisões imbecis tomadas pela sua direcção e a sua SAD. Que aprendam com muita humildade , que venham a encontrar um bom treinador, bem como bons jogadores, sobretudo na defesa. E depois, serão penta campeões seguidos.
Voltarei mais tarde a este Post, pois escreveram-se coisas interessantes, que merecem um outro tipo de comentário. Este foi para dar os parabéns à JV, pelo seu Benfica. Embora ache que vão sucumbir perante o Juventos, que não é o mesmo deste FCP fragilizado. A ver vamos!
Cordialidade JV!
P.Rufino

Anónimo disse...

Penta campeões, P. Rufino! Ouça o que lhe digo: o FCP acabou. O Benfica andou cinco anos desgraçados a ser melhor do que o Porto, mas a não ser suficientemente melhor para ganhar, jogando contra 14 jogadores. Ontem, jogou contra 14 e ganhou. O Porto acabou, estou a dizer-lhe. E foi a Benfica TV que acabou com o Porto. Acabou o dinheiro. Para o ano, ou muito me engano, ou a equipa vai ser ainda pior: vai sair o Fernando, o Mangala e o Jackson... E tem ouvido os nomes apontados para os substituir? Pois, jogadores em que o Benfica tem preferência... O André Gomes era das escolas do Porto, o Rochinha (o melhor da Uefa Youth Cup) também... Quem manda agora, quem é?

De resto, agradeço a sua simpatia! O Sr. diz sempre coisas agradáveis! No outro dia, fazendo uma pesquisa no google, encontrei por acaso um post antigo deste blog, aí de meados de 2012, e o P. Rufino já aqui comentava e alegrava os posts do UJM. Um abraço!

JV

Bob Marley disse...

era suposto os profissionais serem profissionais - ver min, 59 ou 80 e o 69 (ui,Ui).tá tudo dito.-http://rr.sapo.pt/bolabranca_detalhe.aspx?fid=47&did=145645


já para não falar nos jogos europeus, para o benfica uma hora antes, a rebobinar o passssssssado, e com o porto metem publicidade nem dá para ver a bater a bola no meio campo


só tenho uma curiosidade, qualquer miúdo gosta de ser dos melhores ou dos primeiros, como é que um miúdo com 18 anod é Benfiquista, ultrapassa-me

ok,tirem lá a naftalina dos armários

Anónimo disse...

UJM,
Estive hoje na Fnac de Cascais (bom, no Shopping) e lá estive a ver alguns desses livros. Folheei-os, consultei um ou outro e fiquei de lá voltar para eventualmente adquirir “Os Burgueses” e, quem sabe, outro também. No dos “Burgueses” retirei uma passagem interessante sobre a traficância de influência dos grandes escritórios de advogados, quase todos praticamente sediados em Lisboa (embora alguns com dependências noutras locais do país, Porto, Algarve, etc) – ou seja, onde está o Poder Político a influenciar e do qual se obtêm “as encomendas jurídicas”. Embora no Porto elas igualmente existam, mas sem a dimensão de Lisboa, dada a maior proximidade desta junto do Poder Político (Deputados da A.R e Governos). Há um outro livro de Louçã (em parceria com outros colaboradores) que se recomenda que é o que denuncia a influência dos angolanos e do seu dinheiro por cá. Quanto a Agostinho (ou S. Agostinho, Cartaginês), viveu numa época conturbada, em fins de Império, no Sec V depois de Cristo, quando o Império Romano no Ocidente se desmoronava gradualmente. A sua obra, “A Cidade de Deus” (ou The City of God, na versão inglesa), num conjunto de 22 livros (obra terminada em 426), uma meditação onde a Teologia e a História se misturam, foi amplamente estudada e analisada, quer na época, quer posteriormente pelos historiadores modernos. Aquela sua obra reflecte de algum modo o que se passou naquela altura, como o saque de Roma pelo Godo Alarico, que aliás tinha chegado a ser um oficial Romano. Agostinho faleceu antes do outro saque de Roma, desta feita pelos vandalos de Genseric, que foi muito mais destruidor do que o levado a cabo por Alarico. Agostinho viveu tempos em que a Igreja já tinha, definitivamente, influência em praticamente em quase todo o Império, ou que restava dele, mas, em que, simultâneamente, esse mesmo Império se desintegrava. No saque de Roma ao tempo de Agostinho, em 410, uma das cenas que ficaram para a História foi o facto de Alarico ter na ocasião capturado a bela princesa Gala Placidia, filha de Teodósio I. Nos vários livros que por cá possuo, relativos á Antiguidade Clássica, entre os quais sobre a Antiga Roma, aquela época foi tema abordado por vários historiadores. Aqui há tempos decobri um outro livro sobre esse ano, 410 (“AD 410 the year that shook Rome”) publicado e editado pelo British Musem, da autoria de Sam Moorhead e David Stuttard, onde se aborda exactamente S. Agostino. O mesmo, noutro, que até esteve á venda na Fnac, “428 AD...” de Giusto Traiana, embora em versão inglesa, que igualmente adquiri. Estranhamente, talvez porque não tinha hoje muito tempo, a verdade é que me escapou esse de Jêrôme Ferrari. Fica para a próxima.
Boas leituras durante a Páscoa! Belo Post!
P.Rufino


Anónimo disse...

Cara JV,
É caso para se dizer: “Wishful Thinking!” Todo o benfiquista, desde que o Benfica deixou – há uns 30 anos! – de ser o 1º clube de Portugal, lugar hoje ocupado, indiscutivelmente, pelo FCP (a glória para qualquer clube nacional consiste em bater o FCP e já não o Benfica) vem alimentando esse desejo, essa crença, de que o FCP acabou. Por "razões várias". A verdade é que o Benfica é hoje um clube sem a chama de há outras décadas. Um clube que, de forma sistemática, perde com o FCP, porque não teve capacidade para o derrotar, mesmo com um treinador “suficiente”, como era o Vitor Pereira, de qualquer forma bem melhor do que o sufrivel Jorge Jesus (coitado). Convém recordar, como dizia um comentador benfiquista outro dia no canal da Bola, que o FCP foi o único clube de futebol, não só cá, mas no resto do mundo, que conseguiu a proeza de ter ganho, consecutivamente – durante 25 anos!! – pelo menos um campeonato, taça, ou outra coisa qualquer, todos os anos, o que por cá (nem lá por fora) alguém jamais conseguiu (este ano fica a zero, todavia e merecidamente, pois jogou mal durante a época). Dizia o tal comentador, que, para se compreender a avassaladora relevância do FCP nestes últimos 30 anos, quer o Benfica, quer o Sporting só conseguiram tal proeza durante apenas 7 anos seguidos! O Benfica tem toda uma máquina oleada para poder jogar 14 contra 12 do FCP, sempre assim foi, embora use a propaganda para tentar inverter as coisas e dizer o contrário. O Benfica tem artes e manhas para conseguir o que quer, nos jogos, e mesmo assim, é o que se sabe. Se o Benfica perdeu para o FCP, nestes ultimos anos, tal deve-se ao facto de ter tido pior jogadores, um fraco treinador (J.J derrotadíssimo por duas vezes por um Vitor Pereira do FCP!) e simplesmente já não ser o Benfica dos tempos de Eusébio. E depois, o grande problema do futebol português é que é fraco quando comparado com outros europeus. O grande futebol, aquele que dá gozo ver, está nas Champions, nos clubes que avançam na Champions. Quer o FCP, quer o Benfica são clubes de 2ª, custa-me dizer isto pois simpatizo com o FCP, pois sabem bem que hoje nada mais lhes resta do que andarem a vender ilusões aos seus adeptos nessa liga de segunda divisão que é a Taça UEFA, onde estão os “losers”, o rebutalho da Champions, mas que alegra os pobres adeptos do Benfica. Esta é a nossa realidade futebolística. Temos um futebol à dimensão do nosso enfraquecido país face à Troika. Mas, ao menos, quanto ao país ainda sabemos porque estamos onde estamos. No futebol, nem o FCP, nem o Benfica percebem o que se está a passar: que estão cada vez mais fracos enquanto clubes e que a nossa Liga é uma liga de 2ª divisão, comparadas com a Liga inglesa, onde há futebol suberbo, o mesmo na espanhola, na alemã e até na francesa. Mesmo a italiana é mais interessante do que a nossa. Quanto ao Benfica Canal, só imagino os adeptos do Benfica a ver e a pagar. Quem mais? Resumindo: o futebol português precisa de mais qualidade e de sanear gente, sobretudo nas SADs. E, claro, de dinheiro.
P.Rufino