terça-feira, abril 08, 2014

Dilemas... [Passos Coelho e os cortes de ordenados e pensões e a hipotética redução de impostos e o ficcionado aumento de salário mínimo (que afinal parece que já não é bem assim), e mais a Isabel Jonet e as redes sociais que são o maior inimigo dos desempregados - e, perante isto, a minha dúvida é: qual a forma mais eficaz de comentar tanto logro e tanta parvoíce sem parecer uma revoltada ou uma profissional da má língua?]


I

Na minha vida real, seja ela pessoal, social ou profissional há linhas que não piso. Por vezes, dizem que tenho mau feitio, outras vezes dizem-me que há anti-corpos em relação a mim. Sei disso e encaro-o com naturalidade. Não se consegue viver em consenso quando há visões distintas para a mesma coisa. Se, por exemplo a nível  profissional, eu estou na gestão com o intuito de conseguir os melhores resultados e outros estão para se darem bem na vida, marimbando-se para a empresa, não há consenso possível. Eu marro a direito e vou causar maus momentos àqueles em quem marro e não há volta a dar. Claro que, primeiro, tento levar as coisas da forma menos dolorosa para ambos, tento trazer para o meu lado aqueles que estão em campos antagónicos ao meu ou tento fechar os olhos se achar a coisa não é muito grave. Mas há a tal linha: é a linha da minha consciência.

Se eu fosse líder do PS teria a maior dificuldade em lidar com cães com pulgas. Ora falam em cortes definitivos quando antes eram provisórios, ora falam em redução de impostos ou em aumento de salário mínimo para logo de seguida envolverem a conversa numa outra roupagem, falando em rendimentos indexados à economia. Coisas sérias tratadas com os pés (já para não dizer com as patas). 

No entanto, perceberá a opinião pública todos os logros, todos os embustes, todas as manipulações que os vendilhões armam? Perceberá que aqueles biltres mentem e escamoteiam sem escrúpulos e que é impossível a alguém que preze a dignidade estabelecer consensos com eles? Não poderá a opinião pública ainda pensar que as pessoas dignas que se recusam em alinhar em embustes são radicalistas?

Se eu fosse líder do PS poderia estabelecer algum consenso com o Láparo e com todos cães com pulgas e papagaios que o rodeiam? Jamais. Mas a opinião pública perceber-me-ia ou acusar-me-ia de arrogante ou esquerdista?

Não sei.

É aquela coisa: se fugir o bicho pega, se ficar o bicho mata. Um dilema, portanto.

É o caso ilustrado aqui abaixo. Ora vejam o dilema do pobre coitado.



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II

A Dame Jonet saíu-se com mais uma de antologia e eu não disse nada. Leitora atenta estranhou o meu silêncio e protestou por mail. Percebo-a. Claro que o tema merece referência. Mas o que eu já estou cansada com tanta parvoíce, Leitora...? É que parece que ainda sou eu que corro o risco de parecer que sou picuinhas, que sou ranzinza, que estou sempre a protestar com tudo.

Mas está bem, eu digo de minha justiça.

Disse a Dame Jonet que a maior inimiga do desemprego é a praga das redes sociais. Já cá faltava mais uma das famosas boutades da Jonet: só podia ser parvoíce da grossa, claro.

No entanto, tenho que confessar que tenho alguma dificuldade em atirar-me à jugular da senhora. O trabalho dela é meritório. Consegue mobilizar milhares de pessoas e consegue fazer chegar apoios a muitos milhares de pessoas carenciadas. Louvo-a por isso. Ainda bem que ela faz o que faz porque é importante que haja este tipo de apoios.

Onde ela se espalha, mas se espalha ao comprido, é quando se mete em analista ou ideóloga do regime. A actividade dela centra-se no assistencialismo, na caridade, e a cabecinha pensadora dela não sai daí. Não vale a pena porem-lhe um microfone à frente porque ela não dá mais do que falar de bitoques em vez de bifes ou em recomendar aos desempregados que vão fazer voluntariado em vez de ficarem no facebook.

Ignora a Dame Jonet que o mal tem que ser combatido na origem - e a origem de tanta pobreza é a debilidade da economia e o desvio das verbas circulantes para entidades financeiras em vez de servirem para financiar e dinamizar a economia. Os muitos milhares de milhões que foram subtraídos ao PIB traduzem-se em muito desemprego, muita emigração. Mas na cabecinha da Dame Jonet o mal não está aí, está no facebook ou nos blogues. 

Mais do que apostar na caridade (que é a política deste desgraçado Governo que primeiro empobrece a população para depois lhes atirar migalhas, migalhas essas que ainda regateia) o que tem que ser feito é pôr dinheiro a circular para que a economia arranque e crie emprego.

Redes sociais diz a Dame Jonet...? Bahhh.

Se as pessoas não arranjam trabalho devem fazer o quê? Enfiarem-se na cama? Andarem de porta em porta à esmola? Irem trabalhar para o Banco Alimentar na esperança que lhes dêem uma sopa à borla?

Está a ver, Leitora? Tenho dificuldade em pronunciar-me sobre tamanha indigência intelectual, que quer...?

No mail refere a Leitora que, de resto, é nas redes sociais que tantas vezes se arranja trabalho, especialmente no LinkedIn  [mas que, também nas redes sociais, há um risco pois há muitas empresas que, antes de entrevistarem os candidatos, varrem as redes sociais, pelo que todos os cuidados são poucos]

Este mundo anda virado do avesso, anda perigoso.

Mas, enfim, apesar de tudo ainda acho que a Dame Jonet é menos perigosa que o Láparo, o Maçães, o Portas (por onde andará o vice qualquer coisa?), a Pinókia, o Moedas, o Catroga, o Arnaut, o rei das cagarras e outros. .

Por isso, de cada vez que a Belicha Jonet diz uma enormidade (para não dizer alarvidade), eu fico num dilema. Faço de conta que não dou por nada ou digo para ela se deixar estar sossegada (e de bico calado) a fazer a sua caridadezinha?


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2 comentários:

Anónimo disse...

Não ouvi essa da Jonet. Agora quanto aos cortes,
já mete nojo! Como se não bastasse o Portas com as contas milionárias de 100 mil euros nos bancos, daqueles que recebem o rendimento de inserção social! Um provocador e imoral! Como o imbecial do Catroga.
Estes tipos são patifes morais. Sabujos. Insensíveis. Um bando de criminosos. E se olharmos para alguns deles, saídos de universidades que o Ministério Públicou considerou de "associações criminosas" (de onde saiu a Ministra da Justiça, o Ministro o Mota Soares, etc por exemplo), compreendemos bem as qualificações desta malta tresloucada para nos desgovernar!
Vivemos momentos perigosos do ponto de vista social. E político, sobretudo.
Temos pessoas quer de familia quer amigos que estão a sofrer e a passar por situações extremas, actualmente, o que é inaceitável, pois são, tão só, vitimas desta má politica governamental.
P.Rufino

lino disse...

Deixe-me que lhe diga que o que a Jonet faz em nada se deve ao seu mérito. O Banco Alimentar contra a Fome tem por trás a Igreja Católica, quem faz os peditórios nas superfícies comerciais são os membros do Corpo Nacional de Escutas e quem lá está a embalar são voluntários das diversas paróquias e agrupamentos do CNE. Vão, apesar da Jonet e não por causa da Jonet, que se limita a ficar com os louros do árduo trabalho dos outros.
Um beijinho