quarta-feira, abril 02, 2014

Ainda os desenhadores de letras - agora em português. "Lx Type. Eléctricos de Lisboa dão origem a novo tipo de letra" (os céus de Lisboa podem agora ser vistos numa folha de papel ou num ecrã de computador) e "O estilo de letra agora adoptado pelo Banco da Noruega é da autoria de um designer português", Rui Abreu. Este é o mundo inesperado e maravilhoso das letras.


No post abaixo falei-vos de um encantador de leões. Melhor: mostrei as imagens impressionantes de um homem que os leões respeitam como se de um seu igual se tratasse. Foi um Leitor, a quem muito agradeço, que mo enviou. 

Agora, aqui, falo de uma coisa muito diferente mas que me foi dada a conhecer também por uma Leitora.

[Sou uma felizarda. Abro a caixa de correio e tenho sempre presentes imprevistos e que muito me agradam.]

A todos agradeço e só lamento não ter tempo para a todos responder atempadamente e com o vagar que merecem.

*

No outro dia já aqui falei de uma profissão de que não nos lembramos quando usamos letras e com elas formamos palavras, profissão que, mais que uma profissão, deve ser uma paixão: a dos desenhadores de letras.


Pois bem. Agora, pela mão da Leitora a quem muito agradeço, trago-vos desenhadores de letras que falam português. 

Sobre a letra criada para Lisboa, a Lx Typetranscrevo: a cidade já ganhou um tipo de letra, feito a partir da malha criada pelos cabos dos eléctricos.



O alfabeto  Lx Type

Lisboa está na moda, ninguém duvida disso, e já há quem diga que se tornou a nova Berlim. Até a CNN avançou no início desta semana com sete razões para Lisboa ser considerada "a cidade mais cool da Europa", a saber: a vida nocturna (que põe Madrid a um canto em horários tardios), a cozinha experimental (com destaque para José Avillez), a ironia ("um mecanismo de defesa", dizem eles), praias e castelos, um "design fabuloso", a arte (da Gulbenkian ao Museu do Oriente) e, a acabar, as "ruas fascinantes". Esqueceram-se de outra razão, mas estamos aqui para a lembrar: Lisboa tem o seu próprio tipo de letra. Ainda por cima, desenhado a partir da malha dos cabos dos eléctricos que circulam pela cidade. How cool is that?

A letra G

A ideia de criar uma tipografia para Lisboa partiu de uma equipa da agência de publicidade Leo Burnett, que espera que a fonte "se espalhe pela mão de designers e artistas", explica o copywriter Jaime Nascimento, de 31 anos.

(...)

A letra M

Para pôr a ideia em prática tiraram fotografias aos cabos dos eléctricos da cidade e, com a ajuda do Photoshop, começaram a descobrir o alfabeto na malha - apostamos que, depois de ler isto, também vai começar a olhar com outros olhos para os cabos.

O resultado pode ser visto aqui onde a fonte Lx Type está disponível para download gratuito, para ser utilizada por toda a gente. 

No site, se passar ao de leve o cursor sobre cada uma das fotografias, verá a letra que dela nasceu.

E depois há as histórias. Lisboa. Os céus de Lisboa. A luz de Lisboa. O amor por Lisboa.


Lx Type - Histórias # 01 Para Sempre

Leonor Fonseca, a Fotógrafa




Lx Type - Histórias  # Rafael

O Condutor de Eléctricos




Este é o maravilhoso mundo dos criativos que tão bem registam e interpretam o que os rodeiam.

E abençoados os que amam Lisboa e os que a habitam.

Lx forever.


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Mas não fica por aqui a criatividade dos desenhadores de letras portugueses. Volto a transcrever:

Pelo nome 'Azo Sans', a tipografia eleita pelo Norges Bank é "inspirada nos alfabetos geométricos do fim dos anos 20". A aquisição dos direitos para uso da fonte de Rui Abreu aconteceu há poucos meses, depois de o banco norueguês entrar em contacto com um dos revendedores do designer. 


"A Azo foi desenhada com uma abordagem mais humanista, que a torna 'simpática' e calorosa, apesar do desenho marcadamente racional e depurado', conta ao Boas Notícias. "A geometria tem algo de apelativo ao nosso olhar e os tipos de letra geométricos mantiveram-se sempre intemporais, quer em termos 'branding' quer em editorial. E é precisamente nesta tradição que a Azo Sans se baseia, embora com um tratamento moderno". 

O interesse pela tipografia surgiu ainda na faculdade, mas longe de fazer prever que, atualmente, Rui dependesse exclusivamente da mesma. 

"Quando comecei a perceber o que era o design gráfico, dei conta que as fontes são desenhadas por alguém e que cada uma tem a sua 'voz' e comportamento consoante a aplicação a que se destina", revela o tipógrafo, natural do Porto. 

Desde então que a tipografia "passou a ser, naturalmente, a resposta para muita coisa". Aliando a sua "tendência natural para o desenho e uma certa inclinação artística", decidiu arriscar e criar, sozinho, as suas próprias fontes. Enquanto trabalhava para diferentes agências de design e publicidade, aproveitava os tempos livres para aprender a trabalhar com o software dedicado.

Hoje em dia a viver em Lisboa, Rui Abreu é 'pai' de doze famílias de fontes. (...) e as suas criações podem ser vistas aqui.


O que eu gosto de ouvir falar sobre isto. Dizer que um´tipo de letra é simpático e caloroso parece-me uma conversa misteriosa, cheia de enigmas. 

Será qualquer coisa de emocional que nos leva a identificar com um determinado tipo de letra? 

Quando mudo o visual do blogue tento sempre mudar também o lettering do título mas, por mais que experimente, parece que nenhum outro se identifica mais com o espírito do que por aqui se passa. Chama-se Permanent Marker, o que escolhi. Mas viajo sempre pelos tipos de letra, experimento, acho piada ao nome que lhes dão.

O que não me tinha lembrado (até há dias, quando recebi o filme que depois deu origem ao post acima referido), é que há pessoas por trás destas letras, pessoas que as pensam, as trabalham, as sentem, que ficam ligados a elas mais como pais do que como assépticos autores.



*

Este é o maravilhoso mundo dos desenhadores de letras e quem muito ame as palavras deverá pensar nestes laboriosos artistas que as amam ainda mais, a ponto de inventarem novas formas para as letras que as compõem.


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de João Tabarra no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian

Tinha estado a escolher fotografias para vos falar da exposição de Rui Chafes e de João Tabarra no CAM e outras (Gulbenkian) mas temo que seja coisa para um post longo e não é agora, à 1h, da manhã que o vou começar, iria dar para muito tarde. Além do mais, isto já vai longo e não quero maçar-vos para além da conta.




Por isso, fica para amanhã (a menos que o bando de pinóquios e piratas que nos desgoverna faça mais uma das suas e eu seja desviada das minhas boas intenções).


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Relembro: se descerem um pouco mais poderão ir ao encontro de um extraordinário encantador de leões.

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E, assim sendo, desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa quarta-feira e vamos esperar que o mau tempo comece a ir-se embora.
Estou farta de tanta chuva, de tanto frio, de tanto trânsito.
Para quando o sol, o calorzinho, os belos passeios à beira rio, as blusinhas leves, as pernas sem meias?


6 comentários:

Bob Marley disse...

outros desenhadores - http://thecirculus.com/

Bob Marley disse...

LÁ DIZ O DITADO, QUEM TEM AMIGOS NÃO MORRE NA PRISÃO - http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2014-04-02-ex-responsaveis-do-banco-de-portugal-defendem-constancio-no-caso-bpn;jsessionid=4468D0712250ADAD7A66CCCBCF8CCC11

OU AQUI - http://www.publico.pt/politica/noticia/cinco-exresponsaveis-do-banco-de-portugal-defendem-constancio-no-caso-bpn-1630636

Bob Marley disse...

faça o percurso virtualmente e em imagens (isto é um mundo) - http://jeffersonlam.com/maps/

Bob Marley disse...

já não há paciência para ouvir alguns cromos e repetentes - http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=143963

Bob Marley disse...

PUBLICIDADE DA EDP NA RÁDIO.QUE ENERGIA É ESTA QUE NOS FAZ ACORDAR CEDO E ENTRAR NO MAR BATIDO NA "ESPERENÇA" DE APANHAR UMA ONDA.AQUI NO MAR DA MINHA TERRA QUANDO ESTÁ BATIDO, É FÁCIL APANHAR UMA ONDA.

E DEVEM TER PAGO UMA PIPA

Anónimo disse...

Oh lá lá,
Adorei a "casa nova". Muito vintage.
Beijinhos Ana