Acho que isto é orgânico: se falo, escrevo, ouço ou leio coisas que não me agradam, logo toda eu reajo em sentido contrário. Sempre assim foi. Desabafo, reajo, expludo, choro, grito, solto os cachorros mas, acto contínuo, preciso de espairecer e só me ocorre ir à procura de alguma coisa que me distraia ou faça rir.
No post a seguir a este protesto contra esta deificação do futebol a que se assiste, dando a palavra a uma jovem que mostra como sob a fina capa de uma história de sucesso que leva à explosão do investimento inerente ao Campeonato de Futebol no Brasil, há, escondido, sob o tapete, todo um mundo de subdesenvolvimento.
No post a seguir a esse falo de dois excelentes artigos, um de Paulo Baldaia e outro do Pedro Marques Lopes que descrevem como o neo-liberalismo acéfalo do gang Passos Coelho & Paulo Portas & Miguel Relvas & Pinókia leva a toda a espécie de medidas erradas e que, todas elas, revelam um profundo desprezo pelo ser humano (pelo ser humano que não pertença ao grupo de bajuladores do dito gang, leia-se).
E, uma vez tendo falado sobre coisas que me desagradam, viro-me para a ligeireza. Talvez eu tenha um ladozinho frívolo ou fútil - ou de loura burra. Eu acho que não mas, se calhar, sou muito condescendente para comigo mesma, sei lá. A questão é que, seja por que razão for, não consigo ficar muito tempo a chafurdar em porcaria. Não consigo.
A pata que os pôs! - digamos assim, que eu, mesmo na hora de insultar, me custa dizer palavrões, especialmente a insultar as mães deles. (Assim, chamar patas não é grave, faz de conta que penso que as mães dos membros do gang têm pés chatos, coisa assim).
Parto para outra.
(Mas, ainda antes de partir para a tal outra, seja ela qual for: é que ainda por cima está a dar na RTP aquele filme fabuloso, o Amor, do Haneke, com o Jean-Louis Trintignant, a Emmanuelle Riva e a Isabelle Huppert. Estou a escrever e a ver ao mesmo tempo. Mas o que ver isto me custa, senhores. Faz-me mal. Este é o filme, ao contrário, do que se passa com os meus pais; no filme é a mulher que está dependente, enquanto no meu caso, é o meu pai que está diminuído tal como aqui já vos contei. Acho que não vou conseguir ver o filme até ao final pois não suporto, aliás acho que vou mudar de canal. Só quem não tem ou teve na família chegada um drama destes é que não sabe dar o valor ao que é o suplício de quem fica dependente e o de quem, por ser o tratador, fica igualmente dependente. Uma caminhada inexorável, duríssima. E a impotência dos filhos que assistem, pouco mais podendo fazer do que apoiar, estar por perto, ouvir, compreender.
Pode acontecer a qualquer um. Mesmo aos que têm vida saudável, mesmos aos novos. Há pouco tempo morreu um amigo do meu pai, mais novo que ele. Teve um AVC ainda relativamente novo, aliás andava eu ainda na faculdade. Quando soubemos, na altura, pareceu-nos uma coisa do além. Creio que ainda nem tinha 40 anos, todo desportista, todo jovial, todo modernaço - e era bem giro. Perdeu o andar, a fala, o reconhecimento. Depois lá foi recuperando, anos de reabilitação, esteve em Alcoitão. Mas nunca mais foi o mesmo. Separou-se da mulher. Ela era professora no liceu, uma mulher muito bonita, elegante. O convívio com o novo quadro de limitações não foi suportável para ela. Ou para ambos, sabemos lá nós.
Sozinho ele definhou. Morreu recentemente, acho que teve outro AVC, nem sei bem. Quando a minha mãe me dá estas notícias, mentalmente chuto para canto.
Enfim. Coisas tristes.
Adiante.)
Já mudei de canal. Agora estou a ver a chegada das estrelas aos Oscares, todas anunciando quem as veste.
Tive um dia tão divertido, rimo-nos tanto, uma risota, os miúdos mascarados, nós de certa forma também.
Ela de fada madrinha, o bebé de coelho (ou melhor: de coelhinho, não vão vocês pensar que os pais tiveram um vipe e o mascararam de passos coelho), o ex-bebé de bombeiro (mas o único fato de bombeiro que a mãe arranjou foi de bombeiro americano, americano ou alemão, não sei, porque o comprou no LIDL), o mais crescido de pirata, um que dá pelo nome mas de que agora não me lembro (Jake, será?).
Depois, para além da ternura dos miúdos nos seus fatinhos, acho que o adereço mais conseguido foram uns óculos mirabolantes que o meu marido usou e que fizeram rir toda a gente - e que toda a gente experimentou fazendo rir os restantes.
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Se esta segunda feira não tivesse que ir trabalhar, ficava a ver. Mas, assim, não dá. Amanhã é um dia de trabalho igual aos outros.
No metro de Estocolmo foi colocado um expositor equipado com sensores que detectam a aproximação da composição fazendo com que o anúncio exposto ganhe vida. É uma forma inovadora de chamar a atenção. Só visto.
No post a seguir a este protesto contra esta deificação do futebol a que se assiste, dando a palavra a uma jovem que mostra como sob a fina capa de uma história de sucesso que leva à explosão do investimento inerente ao Campeonato de Futebol no Brasil, há, escondido, sob o tapete, todo um mundo de subdesenvolvimento.
No post a seguir a esse falo de dois excelentes artigos, um de Paulo Baldaia e outro do Pedro Marques Lopes que descrevem como o neo-liberalismo acéfalo do gang Passos Coelho & Paulo Portas & Miguel Relvas & Pinókia leva a toda a espécie de medidas erradas e que, todas elas, revelam um profundo desprezo pelo ser humano (pelo ser humano que não pertença ao grupo de bajuladores do dito gang, leia-se).
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E, uma vez tendo falado sobre coisas que me desagradam, viro-me para a ligeireza. Talvez eu tenha um ladozinho frívolo ou fútil - ou de loura burra. Eu acho que não mas, se calhar, sou muito condescendente para comigo mesma, sei lá. A questão é que, seja por que razão for, não consigo ficar muito tempo a chafurdar em porcaria. Não consigo.
A pata que os pôs! - digamos assim, que eu, mesmo na hora de insultar, me custa dizer palavrões, especialmente a insultar as mães deles. (Assim, chamar patas não é grave, faz de conta que penso que as mães dos membros do gang têm pés chatos, coisa assim).
Parto para outra.
(Mas, ainda antes de partir para a tal outra, seja ela qual for: é que ainda por cima está a dar na RTP aquele filme fabuloso, o Amor, do Haneke, com o Jean-Louis Trintignant, a Emmanuelle Riva e a Isabelle Huppert. Estou a escrever e a ver ao mesmo tempo. Mas o que ver isto me custa, senhores. Faz-me mal. Este é o filme, ao contrário, do que se passa com os meus pais; no filme é a mulher que está dependente, enquanto no meu caso, é o meu pai que está diminuído tal como aqui já vos contei. Acho que não vou conseguir ver o filme até ao final pois não suporto, aliás acho que vou mudar de canal. Só quem não tem ou teve na família chegada um drama destes é que não sabe dar o valor ao que é o suplício de quem fica dependente e o de quem, por ser o tratador, fica igualmente dependente. Uma caminhada inexorável, duríssima. E a impotência dos filhos que assistem, pouco mais podendo fazer do que apoiar, estar por perto, ouvir, compreender.
Pode acontecer a qualquer um. Mesmo aos que têm vida saudável, mesmos aos novos. Há pouco tempo morreu um amigo do meu pai, mais novo que ele. Teve um AVC ainda relativamente novo, aliás andava eu ainda na faculdade. Quando soubemos, na altura, pareceu-nos uma coisa do além. Creio que ainda nem tinha 40 anos, todo desportista, todo jovial, todo modernaço - e era bem giro. Perdeu o andar, a fala, o reconhecimento. Depois lá foi recuperando, anos de reabilitação, esteve em Alcoitão. Mas nunca mais foi o mesmo. Separou-se da mulher. Ela era professora no liceu, uma mulher muito bonita, elegante. O convívio com o novo quadro de limitações não foi suportável para ela. Ou para ambos, sabemos lá nós.
Sozinho ele definhou. Morreu recentemente, acho que teve outro AVC, nem sei bem. Quando a minha mãe me dá estas notícias, mentalmente chuto para canto.
Enfim. Coisas tristes.
Adiante.)
Já mudei de canal. Agora estou a ver a chegada das estrelas aos Oscares, todas anunciando quem as veste.
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Ela de fada madrinha, o bebé de coelho (ou melhor: de coelhinho, não vão vocês pensar que os pais tiveram um vipe e o mascararam de passos coelho), o ex-bebé de bombeiro (mas o único fato de bombeiro que a mãe arranjou foi de bombeiro americano, americano ou alemão, não sei, porque o comprou no LIDL), o mais crescido de pirata, um que dá pelo nome mas de que agora não me lembro (Jake, será?).
Depois, para além da ternura dos miúdos nos seus fatinhos, acho que o adereço mais conseguido foram uns óculos mirabolantes que o meu marido usou e que fizeram rir toda a gente - e que toda a gente experimentou fazendo rir os restantes.
O ex-bebé, apenas tirou o chapéu de bombeiro nesta ocasião, para experimentar os óculos do avô |
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E agora já começou a cerimónia dos Oscares. Ellen DeGeneres está em grande forma, simples e bem disposta, fazendo rir toda a gente.
Se esta segunda feira não tivesse que ir trabalhar, ficava a ver. Mas, assim, não dá. Amanhã é um dia de trabalho igual aos outros.
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Enquanto isso, ando à procura de coisas que não tenham a ver com nada.
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Encontrei.No metro de Estocolmo foi colocado um expositor equipado com sensores que detectam a aproximação da composição fazendo com que o anúncio exposto ganhe vida. É uma forma inovadora de chamar a atenção. Só visto.
Apolosophy by Apotek: Make you hair come alive!
Fantástica a tecnologia ao serviço da criatividade, não é?
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Relembro: É seguir por aí abaixo que há material que merece ser visto.
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Muito gostaria ainda que me visitassem no meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde hoje tenho Eugénio de Andrade e que bem ele é dito. Parece eu que adivinhava que a conversa vinha dar aqui: nas palavras que escrevi por lá a propósito do poema 'Poema à mãe' confessei que não quero nunca vir a sentir-me velha.
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E, por hoje, aqui me fico.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana, a começar já por esta segunda feira.
7 comentários:
publicidade do melhor.
e porque não esta - "existe um Aguiar Branco e um Poiares Maduro. Porque não juntar-lhes um Colares Tinto ou um Mateus Rosé? É que tenho a impressão de estar num jogo de índios e menos vinho não lhes fazia mal. - daqui - http://www.leituras.eu/?p=14562#sthash.3s6a5iOs.dpbs
já fomos assim , só temos que nos lembrar mais vezes, só isso - http://www.youtube.com/watch?v=z-SSX5dTnjc
vamos pensar que aquela menina vai ser esta Senhora - http://ilikegiving.com/films/i-like-being-98
Olha o Maçães
https://twitter.com/miguelalex23/status/440254737460764672
" convívio com o novo quadro de limitações não foi suportável para ela. Ou para ambos, sabemos lá nós."
Por isso penso que, verdadeiramente estamos sós no mundo.
Ontem é noite estava a dar um filme sobre esta situação.
A dada altura, a filha diz ao Pai, não atendes os telefonemas, estava preocupada.E o Pai diz, tenho mais que me preocupar, do que com a tua preocupação.
Nota - o Pai é que tomava conta da mulher.
Este tipo de situação só com ajuda profissional, se não, mata qualquer um.Conheço uma filha que pirou por querer tomar conta da Mãe sozinha, e conheço outra filha que tomou conta da Mãe, assim como, dá cá aquela palha (deve ser um ser sobrenatural)
Querida Jeitinho
Também estive rodeada de noivas e princesas, mal sabendo que duas delas, circulando e fazendo passerelle, antecipavam o filme premiado com 2 óscares para melhor filme de animação e melhor música.
À noite, com tanta comédia divertida para descontrair, alguém escolheu o AMOUR para passar em tempo de Carnaval. Coisas!!!
Então vamos ao filme.
Também resisti a ve-lo enquanto pude. Acontece que o meu actor me "obrigou".
Na altura escrevi sobre isso com o coração e a memória.
Não percebi se viu até ao fim. Sei que dói mas às vezes é preciso ir até ao limite para encontrar um final que neste caso considerei "glorioso".
Respeito claro quem não pensa assim.
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AMOUR (Fev.2013)
Ontem fui ver o filme
finalmente
(faltava-me coragem ou receava a dor)
mas o apelo cresceu e lá fui eu
só podia mesmo chamar-se
Amor
E ali estava a prova
que passaram muitos anos
lembrei o tempo
daquele jovem actor(o homem certo)
lindo inteligente desejado
quando corria pela praia ao encontro da sua Annie
e aquele abraço nos arrepiava
e a música se colava a nós e perdurava...
e o cão festejava rodopiando na areia
num estranhíssimo bailado
De novo a grande intimidade
a maior...
De novo "um homem e uma mulher" se amando
já não o mar
mas a dor por perto
de novo o velho actor
ainda "o homem certo"
Um velho Jean Louis agora trôpego
condenado às escolhas do fim da vida
ao GESTO único
sublime generoso adiado
como se fosse o mais glorioso e derradeiro abraço
E nós
que ainda nos temos
ali em silêncio
de mãos dadas no escuro do cinema
como antigamente
sabendo que entre os dois grandes filmes
também nós decerto ENVELHECEMOS...
Olá Erinha,
Lembro-me de ter lido o que tinha achado deste filme, Amour.
Não, não consegui ver. Estava a ser-me doloroso demais.
Mudei de canal várias vezes até que não consegui mais.
Há dias um colega meu a quem a mãe morreu agora disse-me que, no último dia que a viu com vida, dois dias antes de ela morrer, achou que ela tinha mudado de feições. Achou que ela já estava com cara de morta. Veio de lá quase apavorado.
Eu um dia também vi o meu pai assim. Nem parecia já bem ele. Depois, felizmente, melhorou. Altos e baixos e, quando está melhor, ficamos todos contentes.
Ontem, quando estava a ver o filme e ela estava já muito mal na cama, naquela cena em que a filha a foi ver e o pai tinha fechado a porta para ela não ver a mãe, também achei que a fantástica actriz estava a fazer aquilo tão bem que também parecia ter mudado de feições.
Custa-me muito.
Custa-me também muito a vida aprisionada de quem trata de um doente dependente e que, por vezes, já não está muito bom da cabeça, ou não se mexe, ou não fala. Um horror.
O filme é uma beleza, maravilhoso mesmo, e tomara todos pensarmos que teremos alguém que esteja ao nosso lado até ao fim. Mas não tive coragem de ver até ao fim. Há coisas em que não quero pensar.
A minha mãe farta-se de me dizer que há coisas em que eu deveria pensar para depois não me custar tanto. Mas não consigo.
O meu marido diz com carinho: 'És uma maricas...'. Sou mesmo.
Beijinhos, Erinha, e espero que esteja tudo bem consigo.
Beijinhos também às suas princesinhas e demais família real!
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