sexta-feira, março 07, 2014

Num dia em que uma vez mais confirmamos que o garrote à volta do nosso pescoço começa a ser intolerável (tantos os atentados à dignidade e à vida a que assistimos), sinto necessidade de recuperar um pouco da minha serenidade, de voltar ao essencial, aos sorrisos, às crianças (mesmo que alguns venham com um murro no estômago). Um post com três meninas dentro. Entrem também, meus Caros Leitores.


No post abaixo aconselho uma coreografia gestual aos polícias que, da próxima vez, vão manifestar-se (e que seja à porta do ministro para ver se ele aprende alguma coisa e não à porta da Sãozinha porque isso é para o lado onde ela dorme melhor).

E, no post a seguir a esse, mostro-vos o desbocado Marinho Pinto a revelar com documentos como é boa a vidinha dentro dos partidos que (não) nos representam.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.

*

Poderia falar-vos: 

  • da dor que sinto - e garanto-vos que aqui não estou a usar metáforas - quando ouço dizer que cerca de meio milhão de pessoas viram os seus ordenados penhorados

  • da dor que sinto quanto ouço um Secretário Estado a gabar-se disso

  • da dor que sinto quando ouço que quase meio milhão de desempregados vivem sem qualquer subsídio (vivem como? e não me refiro apenas à angústia material mas, também, ao drama pessoal, à anulação da dignidade)


  • da dor que sinto quanto ouço que este ano foram retirados mais 50.000 crianças perderam o abono de família


  • da dor que sinto quando ouço que muitas mulheres estiveram meses à espera que houvesse agulhas para poderem fazer biópsias

  • da dor que sinto quando ouço que uma pessoa está há quatro meses à espera de ser operada a uma fractura na perna porque não há camas ou não há pessoal ou não há qualquer coisa

  • da dor que sinto quando ouço que os doentes oncológicos esperam cada vez mais tempo para ser operados, sendo-o, na maioria, fora do prazo regulamentado.

  • da dor que sinto quanto ouço que agora este bando de bandidos querem tornar legais os despedimentos ilegais

  • da dor que sinto quando vejo como a alarvidade alastrou de forma larvar sobre uma sociedade de gente boa, pacífica, tolerante, que tudo aceita sem um ai.


Poderia. Mas estou cansada. A laringite ou a constipação ou lá o que é ainda não me passou, os músculos do pescoço e ombros doem-me um pouco, os meus dias têm sido terríveis, mas mesmo terríveis e, como se isso não bastasse, amanhã saio de casa de madrugada rumo ao norte. Não está fácil isto. 


Por isso, que me desculpem os meus Leitores mais exigentes mas, hoje, não vou desenvolver estes assuntos. Deveria, eu sei. Mas não consigo.

Vou, antes, terminar a minha empreitada com crianças. Mais propriamente com meninas. O convívio com crianças em geral é um privilégio. O convívio com a delicadeza das meninas, em particular, é uma graça. 

Hoje aqui vos deixo com três meninas. Lindas todas elas, amorosas, umas bonequinhas. Vê-las lava-me a alma, consola-me, leva-me para o sono sem o peso que estes meus dias me têm posto sobre as costas.



A primeira é uma princesa, Matilde, e o filme é todo ele uma maravilha. A mãe também, concedo.

A gente Dolce & Gabanna sabe trazer para os filmes o ambiente de charme tão próprio dos italianos. 

Uma verdadeira sedução.



O segundo filme, que me foi dado a conhecer por um Leitor num comentário abaixo e a quem agradeço, mostra uma surpreendente criança, deve ter uns dois, não mais, chama-se Lara e conduz um coro numa orquestra. 

Mas como conduz... Vê-se e não se acredita que seja a sério. Mas é.


O último é tocante. Mostra o dia de aniversário de uma menina feliz. 

Mas a seguir há a penosa transição para um cenário de guerra. 

Como será a vida das meninas num cenário de guerra? Como é o dia a dia das meninas na Síria? 

Conseguimos imaginar?



**

Partilhem comigo estes momentos tão bonitos e, especialmente no último, não nos esqueçamos que há tantas crianças que não podem viver em felicidade a sua infância.



Matilde!, um filme Dolce & Gabanna







 Lara conduz um coro numa igreja no  Kyrgyzstan






Save The Children


***

Relembro: por aí abaixo há mais dois posts que acho que merecem ser vistos e ouvidos.

PS: Se detectarem gralhas, peço-vos que relevem - e tomara que não sejam graves porque não vou poder emendar nada senão ao fim do dia.

***

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta feira. 
Divirtam-se como puderem, está bem?

4 comentários:

Bob Marley disse...

https://www.youtube.com/watch?v=uNUuNRmxSCA

The Perfect Stranger disse...

o garrote aperta e nós a deixarmos...a dor de doer sem saber o que fazer, a ditadura dos poderosos, vai que não vai, deixámos que acontecesse até nos enterrarmos no esterco até ao pescoço, e eles voltam...sempre.

Anónimo disse...

Este governo é de uma insensibilidade chocante! Isto que aqui refere, das crianças, aos desempregados, aos que vivem situações económicas angustiantes, graças á acção governativa destes fascistas de merda, é de nos apertar o coração – para quem o tem. Não é o caso de quem nos governa (ou dos seus acólitos, como Relvas, Gaspar, J.L.Arnault, etc).
Que sociedade esta, em que vivemos actualmente, Deus do Céu!
P.Rufino

jrd disse...

Neste país doloroso e dolorido, a dor é tanta que nos dói.

Abraço