quarta-feira, março 26, 2014

Crónica dos dias desgastantes de uma mulher que não tem diamantes nas solas dos sapatos. E, apesar de não vir a propósito, aqui deixo exercício físico recomendado para machões


Música, por favor, que a esta hora isto já só lá vai com música e da animada. 

Diamonds On The Soles Of Her Shoes




*


Vou já dizendo: não é que eu ache elegante ou sexy dizer que ando cansada ou com sono. Não acho. Aliás, para dizer a verdade, não acho isso nem o contrário. Mas é um facto: estou mesmo cansada. Felizmente esta pancada só me dá a esta hora da noite e, portanto, não há testemunhas para além de vós, meus Caros. Melhor: ter testemunhas até tenho, tenho uma, mas essa já não estranha nada em mim (embora bem tente chamar-me à razão, que deixe isto, que vá dormir cedo, que descanse, etc).

A questão é que tenho tido uns dias do além. Dias? Semanas! Nem dá para acreditar. Uma canseira permanente, reuniões desgastantes, duras, complicadas, umas atrás de outras, e gente que me aparece pela frente e que não devia aparecer, só me atazanam o juízo, e, parece que é de propósito: as coisas não são no mesmo sítio, e aí ando eu a atravessar Lisboa.

E hoje as operações stop que vi... Nem sei o que era aquilo, se era caça ao excesso de velocidade, se era outra coisa qualquer.

Felizmente não me mandaram parar, nunca atino com os documentos, tiro papéis do tablier, reviro a carteira, nunca me aparece o que é suposto, os polícias já com ar desconfiado e eu a ficar ainda mais enervada, parece que fico com medo que me prendam, nem sei, que me exijam milhares de euros de multa. No fim, lá consigo reunir os documentos mas, ó sorte macaca, quando me afasto até vou a tremer. O que vale é que ao fim de cinco minutos já me passou. Mas não, hoje não me mandaram parar. A 50 km à hora e a ter que estar a horas aqui e ali, é um stress. Quando eu comecei a trabalhar, os directores e administradores tinham motorista. Onde é que isso já vai. Era um disparate mas poupava a vida aos que podiam andar de cuzinho tremido, sem terem que se ralar com o trânsito ou com estacionamento.

Para mim o pior de tudo é mesmo a porcaria do estacionamento em parques apertados, em que os sensores do carro apitam para a frente, para trás, para os lados. Tudo à justa e em que qualquer falta de atenção dá cabo do carro. Odeio. Estes edifícios novos, para rentabilizarem o espaço, só não desenham os lugares de estacionamento ainda mais à justa, de preferência para os carros ficarem ao colo uns dos outros, porque não descobriram forma de o fazer sem se esborrachar o de baixo.

Vale-me, nas minhas viagens, a Antena 2 ou a Smooth FM. Às vezes quase consigo abstrair-me da dureza de onde saí ou para onde vou e quase parece que ando a passear. 

Hoje regressei ao escritório já eram seis da tarde e, quando pensava que ia poder responder aos mails, sossegada, e despachar umas coisas, qual quê? Gente a aparecer-me no gabinete, telefonemas, e eu a querer despachar-me; mas como...?

Palavra que isto não está fácil.

E amanhã a cena continua, começo o dia logo com uma que eu, se fosse atilada, estava aqui a pensar como conduzir aquele lindo molho de brócolos (mas não tenho paciência, será de improviso) e até ao final da semana continuo no mesmo ritmo. O que me vale é que a experiência já me leva a que um briefing de poucos minutos me dá para ir para as reuniões como se me tivesse preparado durante um mês. Não consigo tempo para grandes preparativos (e já nem tenho pachorra para isso, diga-se em abono da verdade).

Ai, minha mãezinha.

Bem queria ter tempo para responder aos mails dos meus Leitores... há umas duas semanas que não consigo responder a um único e se tenho alguns que requerem resposta atenta. Há um, então, que me está aqui atravessado, queria ter tido logo tempo para responder. Peço desculpa. A ver se um destes dias consigo tempo. Não gosto de responder à pressa, chapa 4. Não, gosto de o fazer com cuidado e atenção, como se estivesse a tomar um chá com um amigo.

E é isto. Vinha, já tarde, a caminho de casa e a pensar que talvez hoje escolhesse uns trechos de alguns dos livros, que talvez usasse parte da entrevista a Dulce Maria Cardoso ou a Teolinda Gersão (Jornal de Letras); mas não consegui energias para me pôr aqui a fazer cópias, os olhos a quererem fechar-se.

Aliás, o que eu devia ter feito, quando cheguei a casa, era ter enchido a banheira, meter-me lá dentro, ligar a hidromassagem. Mas nunca ligo, aquilo faz barulho como um paquete em alto mar. E não tenho paciência para estar à espera que a banheira encha.

Bem.

A esta hora, cansada como estou, isto já não dá para mais nada.

Tenho estado a ouvir a televisão enquanto escrevo e nada me inspira: as trapalhices habituais do lado do PSD, cortes e contra-cortes e o Montenegro a ver se disfarça, uma gente desqualificada. Não tenho paciência para gente assim. Do Portas nem se ouve falar - por onde andará ele? Que era vice e mais não sei o quê e, afinal, não se dá por ele. O Mário Soares escreveu que ou ele anda sossegadinho ou o Passos dá cabo dele e as cenas dos submarinos e outras vêm para a ribalta. Talvez seja isso. A minha mãe no outro dia saíu-se com uma boa a propósito do vice-Portas- mas não dá para contar aqui, são coisas ditas em família.

Também li há pouco que aqueles sacanas do Zoo de Copenhaga, os que tinham abatido a girafa Marius, agora abateram quatro leões saudáveis. Dizem que foi para bem deles. Filhos da mãe. 


Parece que meio mundo anda a passar-se da cabeça, bolas para isto.

Enfim.

Pode ser que amanhã consiga chegar a casa a horas mais decentes e tenha mais cabeça para escrever alguma coisa que se aproveite.

Hoje fico-me por aqui.

Mas antes, para não darem a visita por perdida (e nada de pensamentos ambíguos: isto não vem a propósito de nada do que acima escrevi), aqui vos deixo um vídeo onde alguns dos meus Leitores poderão aprender uma lenga-lenga para dizerem enquanto fazem exercício. Caso achem apropriado, também poderão encaminhar para alguns amigos e conhecidos, deputados, ministros, cabeleireiros, assessores do governo, etc.


Exercício na Porta dos Fundos




O que esta gente me faz rir!


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Muito gostaria ainda de vos convidar a visitarem o meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, onde hoje tenho uma conversa sobre bobos que até mete Chagall, imagine-se. É Clarice Lispector no seu melhor. Uma graça.

***

As imagens mostram fotografias de moda para mulheres executivas. A mulher das pernas compridas é Karlie Kloss fotografada para a Vogue UK. A outra, em cuja forma de se vestir me revejo, mostra a moda de Elie Tahari. A última imagem mostra Kate Moss fotografada por Tim Walker no Hôtel Ritz Paris.

Paul Simon interpreta Diamonds On The Soles Of Her Shoes


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E, assim sendo, por aqui me fico por agora.

Tenham, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira que eu tentarei que a minha também o seja.


5 comentários:

Bob Marley disse...

as pessoas que fazem a diferença - http://www.unicity.com/usa/company/make-life-better/4496-2/

Bob Marley disse...

magia com barro - https://www.youtube.com/watch?v=dOSGS9ruj4U#t=86

Bob Marley disse...

era deste que estava a procura , pessoas que fazem a diferença (mesma pessoa, mas sua história) - https://www.youtube.com/watch?v=pTFL9l5SkDU

Anónimo disse...

Olá jeitinho,
Também é fã da Smoth? Eu também gosto muito.
Beijinhos Ana

Anónimo disse...

Temos, ao que vejo, algumas escolhas radiofónicas em comum, como a Antena 2 e a Smooth FM. Não se se recorda do programa “Em Órbita”, dos anos 70? Haviam 2, um de música moderna de qualidade (na altura com trechos de Judy Collins, Bob Dylan, Leonard Cohen, Joni Mitchell, Melanie Safka, Joan Baez, etc, etc todos mais velhos do que nós, mas que marcaram uma época, que, aliás, já vinha dos anos 60) e outro de música Clássica, que se podia ouvir entre as 19.00 e as 20.00 horas. Eram ambos programas de excelente qualidade. Aquele de música Clássica tinha a grande virtude de falar sobre as composições que íamos ouvir e dos autores (os grandes Compositores) das mesmas e uma pessoa aprendia muito com aquilo. E tudo abordado naquele estilo calmo que nos prendia a atenção.
Na Antena 2 já tenho ouvido, com gosto, esse tipo de abordagem, sobre os trechos musicais que nos deixam. E quando nos encontramos no meio do transito, é repousante!
Quanto ao que refere sobre os tais espaços, nos parques automóveis, aqui há tempos tive de ajudar uma senhora a desenvencilhar a viatura num desses parques apertados que, não sei bem como, ficou atravessada na rampa! Com as inevitáveis consequências de mossas no carro! Mas, tem razão, aquilo é surral de tão apertado!
P.Rufino