sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Eu e o FACEBOOK. Os quês e os porquês de um bicho do mato.


No post abaixo explico porque é que, por mais inacreditável que possa parecer,  o Um Jeito Manso agora publicita dois sites, um com hotéis em Lisboa e outro com hotéis no Algarve. 

É a seguir.

Agora, aqui, a conversa tem a ver com um grande livro de caras, uma coisa verdadeiramente do além.


Música, por favor: facebook, facebook, facebook!




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Faço parte de uma minoria. Melhor: faço parte do grupo das raras.


Ouvi no outro dia que quase 5 milhões de portugueses têm uma conta de facebook. Ou seja, cerca de metade da população.

Ora, sabendo-se que crianças até aos 10 anos não a devem ter, que muitas pessoas de idade, fracos recursos e ausência em casa de computador e internet também não, chego à conclusão que, de entre as pessoas do meu nível etário e condição social (pondo as coisas nestes termos), devo ser a única a não ter nada a ver com o dito facebook. Eu e o meu marido.

E o Miguel Sousa Tavares.

É sabido que ele acha que as redes sociais em geral são a esterqueira social e que o facebook em particular, para além disso, é uma agência matrimonial. Não acho isso.

Como diz o Rui Ângelo Araújo, o que há nas redes sociais é o que há na sociedade.

Estatisticamente dificilmente seria de outra forma, tão grande é a ‘amostra’.

Por lá encontrar-se-ão os fatelas, os deslumbrados, os solitários, os galdérios, os tarados, os simples, os equilibrados (seja lá o que isso for mas que, ainda assim, se espera que seja os que se encontram em maior número), os infelizes, os exibidos, os oportunistas, os bisbilhoteiros, os intriguistas, os parvalhões, sei lá, tudo.

E depois há o grupo dos que, pura e simplesmente, não querem lá estar, os desenfiados, as ovelhas tresmalhadas, os ímpares, ou melhor: os números primos, os despadronizados, os que são de um outro tempo.



Mas, para além do facebook, há muitas outras redes sociais. Portanto, de entre os que não estão no facebook, ainda há que retirar os que não estão aí mas estão noutra. Desde logo o LinkdIn usado maioritariamente por motivos profissionais, e o Twitter, o Instagram, o Tumblr e sei lá o que mais. Passo a vida a receber mails para me juntar ao grupo de amigos ou à rede deste, daquele e do outro – especialmente no LinkIn. Não me junto, claro, até porque, para o fazer, teria antes que me inscrever. 

Não estou inscrita em coisa nenhuma dessas. Apenas estou inscrita no blogger e é como anónima e apenas porque, para escrever aqui umas coisas, tenho que estar inscrita, e sujeitei-me a isso apenas porque gosto de escrever ou divulgar ou partilhar coisas. 

Detesto estar inscrita em organizações seja do que for, detesto sentir-me espartilhada, rastreada, vigiada, observada. A última coisa que me imagino a fazer é a mostrar fotografias minhas na praia, no restaurante ou sei lá onde, aquelas ridículas selfies, e depois ter gente que não vejo há anos nem estou interessada em rever a fazer-me likezinhos ou a dizer-me irrelevâncias. Quem ficou lá para trás no passado, lá deve ficar. Era o que me faltava agora começar a receber perguntas ou conversetas de antigas colegas da primária ou de ex’s. Era mesmo o que me faltava.

Não estou com isto a gabar-me.

Não sei se ser assim é bom ou mau - e tanto me faz. Sou como sou e adeusinho.


Sou mesmo bicho do mato, ave de arribação. Só gosto de me dar com pessoas de quem gosto. Fujo como diabo da cruz de gente chata ou tóxica, aquele tipo de gente que fala sem parar ou que só diz parvoíces ou que está sempre enjoada ou que gosta de criticar os outros. Fujo de gente assim, quase como se temesse ser contagiada.

Depois evito eventos sociais e sabe deus como recebo convites amiúde. Por exemplo, se eu quisesse, tinha almoços e pequenos-almoços executivos semana sim, semana sim. Ou ia em viagens, ou a encontros, festinhas, passava a vida a ir tomar café (essa fórmula mágica: temos que combinar ir tomar um café) com partners disto daquilo e do outro, colegas, conhecidos e afins, cenas dessas. Não quero, não tenho pachorra.

Trabalhar, trabalho no trabalho (e em casa e no carro e onde tiver que ser – mas isso não me obriga a ter que confraternizar com pessoas com quem lido profissionalmente, a menos que sejam meus amigos pessoais como é bom de ver.)

Mas nisto das redes sociais, para além da irrelevância e inutilidade dos encontros virtuais e dos likes e afins, há a questão do uso do tempo. Na gestão fala-se do custo da oportunidade (= faço isto mas, para o fazer, sacrifico aquilo). Ou seja, muitas vezes o gasto não é só o de fazer a coisa mas, também, o gasto de, em vez disso, não fazer outras.

Com isto, passa-se o mesmo. Para estar a pôr tretas nas redes sociais ou a ver as tretas alheias ou a pôr likes ou sei lá que mais, teria que deixar de fazer outras coisas. E não quero deixar de fazer outras coisas porque o tempo já não me chega para fazer tudo aquilo de que gosto.


Depois há um outro aspecto de fundo. Tudo o que se coloca nestes locais, tudo o que aí se diz ou assinala, fica registado em computadores sabe-se lá onde, sabe-se lá administrados por quem. E tudo é crivado e passado a pente fino. Até há pouco tempo eu pensava que essa vigilância tinha intuitos meramente comerciais e que era mecanizada, ou seja, sem intervenção humana. Hoje sabemos que não é bem assim.



Já sabíamos antes, ou melhor, desconfiávamos, mas com Edward Snowden (agora o homem mais procurado do mundo) vimos as provas: sabemos agora, sem sombra de dúvida, que a NSA e muitos serviços secretos de vários países monitorizam tudo o que se passa nas redes sociais. 

Portanto, expor a vida privada é um risco que não deve ser subestimado.


No entanto, que se perceba que esta não é, da minha parte, uma opinião descontextualizada. Percebo que para as pessoas que tenham uma vida solitária ou afastada daqueles de quem gostam ou uma vida vazia ou que sentem a necessidade de conviver e não têm como, talvez seja uma boa opção. Para já não é o meu caso, pelo que, por enquanto, estou fora e, por isso, não me juntei ao coro que festejou os 10 anos da maior rede social do mundo (um dia destes o continente com maior número de habitantes).

*

FACEBOOK - qual o seu futuro?


(...e, já agora, uma perguntinha: se o facebook um dia desaparecer, o que acontece a todas as fotografias e posts que as pessoas lá puseram, aos chats que trocaram?)



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Relembro: sobre Lisboa, a magnífica, e os seus hotéis, e para se ouvir o fado na esplendorosa voz de Gisela João, desçam, por favor, até ao post seguinte.

*

E, por agora, fico-me por aqui.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma sexta feira muito feliz!

8 comentários:

Unknown disse...

Olá UJM,

O seu blog está a tornar-se para mim um vício, tenho que ter cuidado.
Estamos em época de provas orais na Faculdade e não faz ideia da seca que é ouvir jovens emproados, todos os maiores por estarem em Direito, inconclusivos, com os conceitozinhos todos trocaditos nas cabeçitas deles, tudo muito bonzinho, querem o Bem e são contra o Mal, tudo pela Justiça, agora trabalhar para terem argumentos e poderem defender uma posição que no caso concreto é a mais justa, e a mais conforme à lei - porque, apesar de termos um Governo fora da lei, ainda vivemos num Estado de Direito em que é preciso respeitar e aplicar a lei e, para isso, é preciso conhecê-la - isso já não é com eles. O futuro do país está bem acautelado, há que ter esperança neles.
Também não posso com facebook, hi5s e afins, criei um facebook porque o Benfica precisava de uns quantos gostos para atingir 1 milhão e assim pude dar meu contributo de que muito me orgulho. Não tenho amigos nem nada, volta e meia dou uma olhadela nas páginas das pessoas, acho um piadão ver o que para ali escrevem, eu aqui, eu acolá, eu a fazer isto, eu a fazer aquilo, vivemos no mundo dos eus em que os outros têm de comentar as nossas fotos dizendo que somos lindas e lindos se querem que façamos o mesmo nas deles. Não quero que ninguém escreva que sou linda numa página pública para toda a gente ver, nem quero dizer a ninguém na net que é lindo, à vista de todos. Já não há recato, vivemos num mundo reality show.

Espero que essa parceria com os hóteis, traga muitos visitantes ao seu blog.

JV

Anónimo disse...

Olá jeitinho.
Bom dia. Passei só para dizer que não está sozinha, também eu sou uma ave rara.
Beijinho Ana

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo consigo. Igualmente não pertenço, nunca pertenci, nem pretendo vir a pertencer a qualquer dessas “cacas”, como o FaceBook e quejandos. Questiono-me sobre a saúde mental das pessoas, de diversos grupo etários, que gostam de estar nessas “ondas”. Conheço vários casos, mais novos, da minha geração e mais velhos que navegam nessas coisas. Então no “Face” é inacreditável. Põe “recados” a dizer que estão restaurante tal a comer (com fotos!), na praia tal, no local tal, em casa da Micas, do primo da Micas, que foi giro o encontro, que a prima está doente, que tiveram um acidente (tivessem mais, cá para mim!), que a viatura avariou, que no supermercado tal se encontram umas favas do caraças por bom preço, que a tia da Micas está doente, que têm umas fotos para partilhar, que amam a Micas, que estão apaixonados, que estão a divorciar-se, que o Zeca fugiu de casa para ir viver com a Zizi, que o Mico deu em roto – imagine-se, quem diria, com família e tudo! – que o filho foi para a Política, que passaram férias em Freixelos-de-Cima, mas também foram a Miami, que o Tucha cortou o cabelo, que o Carapau de Corrida está gordo e velho, que o Benfica ganhou (quero lá saber!), etc, etc, etc. E já nem respondem a um pobre e simples e-mail, visto só seguirem o Face ou outras porras. Um tipo preocupa-se e telefona, mas ninguém atende, envia e-mail: “meu, soube que estavas mal de saúde, ou da vida, ou sei lá, estou preocupado, tudo bem?” Dois meses depois vem uma resposta: “eh, pá desculpa mas só agora vi o teu mail. Como estou no Face não vi antes!” – e eu, mentalmente: “bardamerda, que morras para aí, quero lá saber!”. Meus filhos também não aderiram a essas conversas do Face. Cá na família utiliza-se ou servimo-nos das tecnologias com recato, sem deslumbres, tirando partido da conveniência do produto e chega. Nada de "tlm" ultra especiais, nada de "Ipo/ades" do raio, nada de redes sociais, nada. E vivemos felizes e contentes. De resto, chega-me seguir um ou outro Blogue, que raramente comento, UJM comento, por o achar o máximo, por razões que já anteriormente referi. E siga a vida! Resto de bom dia!
P.Rufino

Anónimo disse...

Bom, eu sou dos que , se não podes com eles junta-te a eles, assim para quem quiser saber o seu nº. de inscrição e ver onde param os seu "amigos", onde orbitam, podem ver aqui, mas tem que fazer login com a conta do facebook - http://app.thefacesoffacebook.com/

para mim as principais são facebook, Twitter, e linkdin

lidiasantos almeida sousa disse...

Carissimo P Rufino, mesmo que não seja é mais giro que anónimo.

Eu sou uma analfabeta tecnológica como se diz nas receitas q.b. Mas infelizmente por razões de trabalho estive 3 noites a falar pelo Skyp, É a vida. Ainda não me disse se sabe a verdadeira história do Tango e como chegou a Buenos Aires. Na Agenda cultural deste mês, vem uma foto de um casal a dançar o tango na Voz do Operário e uma milonga, no teatro Cinearte. Também trás receitas maravilhosas, como Ostra Paixão e arroz cremoso de ostras, maracujá e cebola do Curtume. UM DESTES DIAS, QUANDO TIVER MAIS TEMPO, dou-lhe uma receita de sopa de peixe com coentros. Dizem que os homens se conquistam pela barriga. Será verdade? Uma noite feliz

Anónimo disse...

Cara Lídia,
Vamos por partes. O Skype foi uma grande invenção. Aí rendo-me á tecnologia, mas lá está, sem lhe dar grande confiança, apenas q.b! Quanto á história do Tango, fui reler umas coisas que aqui tenho, sobre a História da música, danças, etc, uns livros que em tempos comprei em Londres e limitar-me-ei a dizer que, se um dia a conhecer, a convido para dançarmos um tango (no que Diabo eu me fui meter!). Mas, não se esqueça de uma coisa: a mulher tem ali, sempre, um papel, ou melhor, um desempenho – submisso - face ao cavalheiro, que é quem “conduz”. Devo dizer, que, ao fazer semelhante proposta, eu próprio já tremo (e muito), pois um convite destes, para uma dança asssim tão elaborada e requintada (além de sensual) – porque ou se sabe dançar ou não o tango (e eu não estou certo de que saiba!) – implica que o cavalheiro, já que é o elemento que conduz o passo, saiba o que está a fazer. Ora, acontece que o Tango não é como as artes marciais, que se podem compadecer, razoavelmente, com faltas regulares de prática. Quanto aos homens se conquistarem pela barriga, acredito que seja (uma boa maioria será), embora ache que um homem deva ser totalmente capaz de se desenvencilhar por si próprio: saber cozinhar, saber passar a sua roupa a ferro e lava-la, saber ir ao supermercado, saber “n” coisas que uns patetas (tenho vários amigos e familiares, mais velhos e jovens, que são de um machismo confrangedor neste aspecto) acham que é assunto de mulheres, mas não é. Nestas coisas da vida não há asssuntos de mulheres e homens – a não ser naquilo que a natureza e o Criador assim prescreveram. Eu prefiro desfrutar as mulheres, desfruto a minha, como mulheres e assim só. Tenho, entretanto, uma sujestão de receita para si e para a caríssima UJM, para o dia 14 de Fevereiro, como entrada: salmão cru, cortado em bocadinhos, regado com razoavel abundância com lima ou limão. Amassar á mão tipo hamburger. Deixar “marinar” um pouco e depois, mantendo o efeito (e o sumo de limão sobre o salmão), juntar um pouco de malagueta vermelha cortada fina, sal e pimenta q.b, um pouco de cebola previamente frita (sempre em azeite, no caso, de 1º de acidez) em lume brando, cortada em fatias finas, juntar um pouco de azeite e...um pouco de vinho branco (embora a vinagrada possa ser aceite, para quem é absténmia), juntar coentros, gengibre - para quem goste, e colocar uns pedaços de rabanetes, lateralmente (é agradável, para quem goste e dá cor à coisa, ao prato). Depois de uns minutos, servir, como entrada. Dizem ser um prato “afrodisíaco”. Mentira, nunca dei por isso! (vi esta receita em tempos, num Chefe, mas alterei-a, dando-lhe um toque pessoal). É, tão só, agradável, acompanhado de um bom branco seco, a temperatura de 8º. Siga-se um faisão, ou perdiz, melhor ainda, por exemplo, com um bom tinto! Boa noite a ambas!
P.Rufino


lidiasantos almeida sousa disse...

Quando o leio volto a pensar "Eu só sei que nada sei"
Voltando ao Tango, segundo li num museu de tango em Buenos Aires: Existia em Paris uma dança chamada DANÇA APACHE, o homem dançava com a mulher Dava una passos muito semelhantes ao que depois vieram a ser os do TANGO. atirava-a para o chão, pisava-a, puxava -lhe os cabelos e a turba rugia de regozigo. Um homem chamado Carlos Gardel, indignado, abriu um bistrot nas margens do Sena, e aí começou o verdadeiro tango dançado só com homens e só mulheres muito especiais, lésbicas. podiam entrar, não dançar mas ver. As autoridades dos Costumes, não gostaram nada da graça, fecharam o Bistrot e deportaram o GARDEL para Buenos Aires. Aí as mentes eram mais abertas, era o novo mundo, falando Espanhol, mas a maioria eram Italianos. O Tango continuou a ser dançado por homens e a introducão da mulher na dança é do Século 20. Há relativamente pouco tempo fui ao COLISEU ver uma espantosa companhia de tangueros, com clássicos do tango e algum piazola à mistura. O AUJE do programa foi no final, quando os dois Irmão dançaram o verdadeiro Tango, sem mulheres, A sala foi ao rubro e o encore munca mais acabava. Pode estudar algo para ver se há algumas insuficiências na minha história?.
Receita maravilhosa mas não tenho tempo de a fazer. Mas registo, até porque já matei 3 homens, agora procuro um Alto, loiro de Olhos verdes, mas Engenheiro Hidráulico, para arranjar a minha cama que é de subir e descer e o mecanismo avariou, Se souber de algum assim e que ainda por cima saiba cozinhar, terá aqui uma escrava para toda a vida. O que seria a vida sem os trocadalhos dos carilhos?

lidiasantos almeida sousa disse...

Enganei-me: queria dizer CAVEAU e disse bistrot, isto são saudade de um bisquit de hommard e de umas belas ostras brancas da Bretanha, únicas no Mundo. Como sou de comer pouco, seguiam-se umas poires belle Helene.
Nunca mais chega o 21 de Março para me pirar deste ambiente doentio com o ALFORRECA sempre a ganir na TV e os outros a rosnar.
Só lamento deixar estes belos companheiros de escrita, cheia de erros, pois o meu revisor ia morrendo de tanto trabalho e resolveu ir descansar para uma gruta, dizendo ser preferível a aturar-me. A minha querida colaboradora já reformada que veio de Trás os Montes para me ajudar, também já voltou para Vila Real, dizendo atrás do Marão só mandam os que lá estão e vai depressa para lá apanhar o ALFORRECA e dar-lhe uma toutissada. Não sei se escrevo bem, mas é como ela pronuncia. Uma noite feliz para todos, Vou espairecer, que isto não é vida,