quinta-feira, agosto 15, 2013

Agostinho Branquinho, Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social - Serviço Público à moda d' Um Jeito Manso [Pena é que não possa ser Serviço de Limpeza]


Uma das áreas mais críticas da governação nacional, a da Solidariedade e Segurança Social, com as contas desequilibradas por força de uma demografia preocupantemente em progressão decrescente e por força de medidas ruinosas que têm conduzido ao declínio económico, com o consequente crescimento do número de pessoas desempregadas, está - desde a última remodelação governamental - a cargo de Agostinho Branquinho.

Se há área em que uma certa propensão para números é necessária é esta. Tem que se saber que a gestão destas matérias deve recorrer a modelos matemáticos complexos, modelos estes que devem ser rigorosos e exaustivos. Pode não ser indispensável ser-se matemático, economista, alguém destas áreas (embora fosse vantajoso) mas, seguramente, tem que ter afinidades, motivação, facilidade a lidar com a matéria que tem para gerir.

Claro que tem que haver também uma propensão humanista, pois não há números matematicamente puros e convém perceber que, mais do que em qualquer outra área, por detrás de cada número está uma vida humana.

Ora bem, nesta altura crítica, quais as habilitações e experiência profissional de Agostinho Branquinho, a pessoa que Passos Coelho e Paulo Portas, ambos com o beneplácito de Cavaco Silva, foram buscar para gerir a pasta da Solidariedade e Segurança Social?



Agostinho Branquinho e Miguel Relvas,
homens do aparelho, do PSD profundo

Para ser o mais imparcial possível, vou limitar-me a transcrever do site do Governo o curriculum de Agostinho Branquinho, colocando em itálico e entre parêntesis algumas dúvidas minhas.


  • Agostinho Branquinho nasceu em 1956 em Vila Nova de Gaia.

  • Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1981, frequentou ainda o Curso de Contabilidade do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, entre 1972-1974 e 1982-1983 (frequentou mas não acabou, certo?; quantas cadeiras fez? melhor: aprendeu, ao menos, a distinguir débitos de créditos?).
  • Era administrador da Santa Casa da Misericórdia do Porto, desde 2012 (nomeação política, certo? há apenas meses, portanto, certo?), tendo também sido administrador da Ongoing, Comunicações Participações - Brasil, entre 2010 e 2012 (situação que gerou alta polémica, dado ter sido levado pelo ex-espião que usou segredos de estado na sua actividade privada, certo?), da Casa da Música/Porto 2001, entre 2003 e 2005 (nomeação política, certo?), da empresa NTM, Comunicação e Publicidade, entre 1988 e 2003 (comunicação e publicidade foi, portanto, a sua principal actividade, certo?), da Fundação da Juventude e do Ninho de Empresas do Porto, entre 1989 e 1991 (cargos políticos, certo?). 
  • Foi administrador não executivo do Hospital da Prelada, da Santa Casa da Misericórdia do Porto, entre 1993 e 1995, e da Santa Casa da Misericórdia do Porto, entre 1993 e 1995. Foi também, secretário-geral da Misericórdia, entre 1993 e 1995. (tudo cargos não-executivos, pró-formas, os chamados tachos políticos, certo?)
  • Foi consultor especializado da Associação Empresarial de Portugal nas áreas da Estratégia, de Comunicação e Publicidade, em 1995 e assessor cultural da Fundação Eng.º António de Almeida, em 1985-1986. (esporadicamente, uns ganchos como especialista em comunicação e publicidade, certo?)
  • Foi jornalista em «O Comércio do Porto», entre 1981 e 1982, jornalista, realizador de informação e editor na RTP, entre 1982 e 1989. (enquanto fazia várias outras perninhas aqui e ali, jornalista, portanto - certo?)
  • Foi professor nas suas áreas de especialidade no Instituto Superior de Administração e Gestão, no Instituto Superior de Línguas e Administração (VN Gaia), na Universidade Lusíada, no ISMAI, e no Instituto de Ciências de Informação e da Administração. (áreas de especialidade? quais? jornalismo? publicidade? e quando conseguiu ele essa ubiquidade toda? enquanto fazia ganchinhos aqui e ali, certo?)
  • Deputado à Assembleia da República entre 1983 e 1985 e entre 2005 e 2010, tendo sido membro das Comissões de Defesa Nacional, de Ética, Sociedade e Cultura, e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD, e membro das Comissões Parlamentares de Inquérito à Eurominas e à TVI. (ah... e, no meio de tanta coisa, claro, deputado pelo PSD... Claro. A AR é a base, certo?)
  • Foi ainda membro da Assembleia Municipal do Porto, entre 2002 e 2009, da Assembleia Metropolitana do Porto, entre 2002 e 2006. (...e ainda mais isto... tanta coisa...? como se consegue? - eu avanço com uma hipótese: não fazendo nada em lado nenhum, certo?)
  • Foi igualmente membro da Direcção Nacional da Associação Portuguesa de Management, entre 1994 e 2001, e do Conselho Nacional da Associação Nacional de Jovens Empresários, entre 1996 e 1997. (uau...! Olha onde ele também andou... management...? mas onde é que ele aprendeu management...? e numa associação de empresários...? mas onde é que ele alguma vez foi empresário ou trabalhou a sério para saber alguma coisa destas matérias...? Alguém descortina no que acima se leu?)



Agostinho Branquinho e, outra vez, Miguel Relvas
Amigos aquém e além mar, certo?


Pois bem. Foi esta criatura que foi escolhida para ser Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social.

Alguém percebe porquê?

Se estivéssemos todos, eu e vocês que me lêem, ao pé uns dos outros, olharíamos perplexos uns para os outros, tentando que algum de nós levantasse o dedo e dissesse 'eu consigo perceber!'.

Mas infelizmente ninguém vai levantar o dedo pois ninguém percebe. 

Ou será que foi por isso mesmo que foi escolhido: porque não percebe nada do assunto? Porque está com o rabo preso, precisa do partido, fará todos os fretes para se manter no activo? Porque toda a sua vida viveu à babugem do PSD (com excepção da deriva brasileira, quando foi atrás do espião maçónico)?

Eu não sei. Só faço perguntas.

Que 90% do fundo de pensões seja hipotecado a troco de coisa nenhuma, que as verbas sejam espatifadas, o seu valor destruído, que as verbas estejam ali a jeito de marcharem direitinhas para os credores (leia-se: bancos) caso haja um haircut, que todas as medidas sejam tomadas ao contrário do que o rigor e sentido de estado exigiriam, acho que ninguém se poderá espantar. Espantar-nos-emos, isso é, se uma única medida inteligente for tomada.

Com um Agostinho Branquinho à frente desta pasta o que é que se pode esperar?



Um Branquinho que mostra os dentes todos a troco de qualquer coisa dá sempre jeito, certo?
Passos Coelho que o diga.




Assim vai Portugal, nas mãos de pessoas que se não são ignorantes, incompetentes, oportunistas, o triste exemplo da mediocridade e degradação deste regime, é o que parecem.


*

A ver se agora, de vez em quando, vou espreitar ao curriculum dos ajudantes dos ministros de Passos Coelho. É um exercício deprimente mas, já que os jornalistas dos nossos meios de comunicação social não se dão ao trabalho, farei eu o sacrifício.

*

Ainda cá volto, acho eu.


3 comentários:

Anónimo disse...

bom, voltou para a sombra, e agradeço, para publicar no meu mural do facebook, infestado de ppd/psd´s daqueles que podia estar um macaco a presidente do partido que eles abanavam a cauda.Publicar = linkar para o seu blog

Anónimo disse...

"Assim vai Portugal...". Subscrevo inteiramente!
O País dos Branquinhos, Relvas, Portas, Passos, Gaspar, Albuquerque, enfim, desta mediocridade e de malandros, sem qualquer sentido de Estado e sensibilidade social - nem mesmo empresarial.
P.Rufino

Anónimo disse...

O Sr. DR. (Será?) Agostinho Branquinho além de mostrar os dentes todos a troco de uma benesse, também mente com os dentes todos que tem na boca. Relativamente ao assunto do Subsidio de Educação Especial andam todos a roubar (não quem trabalha), mas as hostes altas e baixas da Segurança Social, é no Subsidio, na atribuição, atraves dos "protocolos" que são verdadeiros camufladores de roubalheira neste país.
Quanto a mim, em todos os sites que eu puder, em todas as mensagens que eu puder mandar, com todas as pessoas que eu possa falar, é isto que eu vou dizer, com conhecimento de causa.
Estou farta de sermos governados por ladrões...