sexta-feira, abril 12, 2013

Ashoka Mody, o chefe da missão do FMI na equipa da 'troika' que se ocupou do caso da Irlanda, disse agora que a receita seguida estava errada e não funciona. Também Manuela Ferreira Leite, na TVI 24, tal como tantas outras vozes insuspeitas e idóneas, arrasou a absurda política de austeridade seguida por Passos Coelho que destrói a economia e disse que, quanto aos anunciados cortes de 4 mil milhões de euros na despesa do Estado, não vê possibilidade, a menos que nós tivéssemos todos decidido fazer um haraquiri colectivo. E, enquanto isto não muda, as consequências da burrice reinante alastram dramaticamente. Um exemplo: o Arquitecto Victor Mestre, um extraordinário arquitecto, foi obrigado a fechar o atelier por ter ficado abruptamente sem trabalho


No post a seguir a este, poderão ver a minha opinião sobre o ministro maduro. Mas aqui, agora, a conversa é outra, aqui a conversa é barra pesada: de um mea culpa que, infelizmente não está a ter o eco que devia na comunicação social, às consequências dramáticas que resultam de quem, acriticamente, burramente, não percebendo o erro, aplicou a receita à risca.



Ashoka Mody


Ouvi hoje na TSF alguém de quem já aqui antes falei e, para que vejam com os vossos próprios olhos aquilo que ouvi, aqui transcrevo:

Numa altura em que o ministro das Finanças diz que quer seguir o mais perto possível o exemplo irlandês, um responsável do FMI que participou na elaboração do programa de ajustamento da Irlanda assume que a aposta na austeridade não resultou.

Trata-se quase de um "mea culpa". O chefe da missão do FMI na equipa da 'troika' que se ocupou do caso da Irlanda disse agora que a receita seguida estava errada e não funciona.

Ashoka Mody, que já deixou o FMI, referiu que, quando a crise surgiu, havia três soluções possíveis mas a opção recaiu na austeridade. Algo que não foi razoável nem produtivo.

Ouvido esta manhã pela televisão pública, o antigo chefe do FMI explicou que confiar apenas na austeridade foi um erro porque os riscos de insucesso eram muitos e, por isso, a Irlanda e Portugal estão a pagar uma factura pesada.

O responsável sublinhou que a solução passa agora por dar mais tempo aos dais países para pagarem às dividas; caso contrário, a alternativa é um sofrimento sem fim por parte das populações, uma cultura de dependência nacional e um enorme travão à consolidação da economia europeia.

Quanto ao que aconteceu e ao programa que ajudou a criar, Ashoka Mody assumiu as responsabilidades mas realçou que não está sozinho.

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Manuela Ferreira Leite
ex-líder do PSD, ex-Ministra das Finanças (entre outras coisas)


Já ontem, na TVI 24, numa entrevista conduzida por Paulo Magalhães, Manuela Ferreira Leite tinha arrasado a insensata e criminosa política seguida por Passos Coelho

Foi clara ao demonstrar como esta política de austeridade sobre austeridade destrói o país impedindo-o de ser sustentável, levando ao aumento descontrolado da dívida, uma dívida impossível de pagar, levando a mais défice. 

E deixou dito de forma muito marcante que um equilíbrio das contas públicas faz-se numa geração, não em dois ou três anos. 

E manifestou a sua enorme preocupação com a vida desgraçada de tanta e tanta gente, tantos desempregados, sem possibilidade de voltarem a arranjar emprego, gente em apuros para garantir a subsistência.

Transcrevo alguns excertos relativos a outros temas abordados:

Quanto aos anunciados cortes de 4 mil milhões de euros na despesa do Estado, a ex-líder do PSD foi mordaz: «Não estou preocupada, porque acho que não são exequíveis e não vão ser executados. Não vejo possibilidade, a menos que nós tivéssemos todos decidido fazer um haraquiri colectivo. Como acho que ninguém decidiu isso, não acho possível fazer uma coisa dessas».

«Há aqui um dramatismo, uma teatralização. Acho que se há coisa má que pode ser feita às pessoas neste momento é assustá-las», lamentou Manuela Ferreira Leite».


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Enquanto uns assumem que se enganaram na receita que prescreveram, e outros alertam para os efeitos dramáticos desta política tão gritantemente errada, as consequências não se fazem esperar e alastram transversalmente por toda s sociedade, como uma doença grave, viral.

O comentário, que agradeço, do Leitor J ao meu post de ontem relativo ao Arqto. Ribeiro Telles tocou-me especialmente, tanto mais que aflora num tema a que sou sensível, o da reforma, melhoramento e dignificação do Parque Escolar - que, para além dos benefícios óbvios sobre o local de trabalho e ensino para professores e alunos, proporciona uma dinamização da economia local e um incentivo à excelência em todas as disciplinas envolvidas (arquitectura, engenharia civil, materiais de construção e mobiliário escolar, etc, etc).

Transcrevo esse comentário:

A arquitectura em Portugal é mediática e há um conjunto muito selecto, e realmente muito bom, de arquitectos que têm todo o destaque, O Ribeiro Telles faz parte desse grupo.


No entanto existem muito outros, em geral mais jovens, totalmente esquecidos pela divulgação. 






Liceu Passos Manuel - uma nova vida depois da reabilitação



A reabilitação do Liceu Passos Manuel, no âmbito da Parquescolar, mereceu à equipa projectista, o mais importante prémio na área da reabilitação de imóveis. O Arquitecto é o Victor Mestre, um extraordinário arquitecto já com muitas obras feitas e livros publicados, que recentemente foi obrigado a fechar o atelier por ter ficado abruptamente sem trabalho.


Vale a pena ver e divulgar. Carregar aqui


Uma notícia triste esta. Uma tristeza tudo isto. Por força da estupidez governativa, o país despreza o valor dos seus melhores. Uns abandonam o país, outros sofrem as consequências em silêncio. Um drama isto.

Um drama que tem que ser interrompido - até porque, os autores da receita, já assumiram que a receita foi um erro!


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Fico-me por aqui que isto já vai longo. Volto a lembrar que, se quiserem conhecer o CV do Maduro que sucede ao Relvas e saber o que acho desta mudança, deverão descer até ao post a seguir a este.

No entanto, convido-vos ainda a virem comigo até ao meu Ginjal e Lisboa, onde hoje Ruy Belo me estende a sua mão e me leva a escrever um texto a que talvez achem uma certa graça (um certo hot Jesus de certeza que achará...)


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E desejo-vos, é claro, uma bela sexta feira. 
Divirtam-se e tenham esperança, sim? E, já agora, lutem por um futuro tranquilo, está bem?


4 comentários:

Anónimo disse...

ou esta gente é burra, ou como viram povo manso fizeram experiências.

Anónimo disse...

Este Governo nem é amado à Esquerda, nem à Direita. Como Henrique Monteiro no Expresso on-line dizia, este Governo já não tem o mínimo de credebilidade. Acabou. Mas, ainda assim, lá vai atacando os mais fracos, vejam-se as medidas sobre os desempregados e doentes anunciadas pelo artista Gaspar.
Isto tudo é execrável! E com tanta gente válida mesmo da área do Governo, porque é que Cavaco não se decidde a tirar o tapete a Passos e "obriga" o PSd e o CDS a escolherem outra loiça? Ou provoca eleições? Bom, perante o quadro das sondagens (Expresso on line), seria "o fim da picada!"
P.Rufino

jrd disse...

Não podemos ignorar que esta é e sempre foi, uma terra de patos bravos, apesar de ter dos melhores Arquitectos do Mundo.
:)

Maria Eduardo disse...

Olá UJM,
Este Governo por mais substituíções que faça, o "princípio activo" é o mesmo e está sempre lá, mesmo que mude de embalagem ou de rótulo. Deviam de ter consciência e reconhecerem o mal que estão a fazer ao País e ao Povo e pedirem desculpa, de joelhos, ainda enquanto é tempo!...
Hoje sai e fiquei aterrada, aterrorizada com os estragos e os rombos que presenciei, tanto a nível da construção imobiliária, como na restauração e ainda no comportamento das pessoas, desmotivadas, de braços caídos, apáticas e mal cuidadas, é mesmo uma degradação já inquantificável que nos arrepia, doe e dá vontade de chorar...
Obrigada UJM pela seu post, como sempre, muito encima e também muito revoltada como eu.
Um beijinho