quinta-feira, março 21, 2013

Fim do passeio à Serra da Estrela. Covilhã e Castelo Branco. Um passeio muito bonito que recomendo a todos os meus Leitores


Férias...? Pois é... foram-se. 

Uns diazinhos apenas, curtinhos, não mais que uma escapadela. Saborosos mas tão curtinhos. Não importa. Não dá para mais, não dá. Aproveita-se cada minutinho e quando for possível lá gozaremos mais uns dois ou três dias. Como dizia uma vez um homem de idade que namorava uma mulher bem mais nova, 'o que é bom, pouco basta'. Pois, pode ser. Ou, como costuma dizer a minha mãe, 'até onde chega não é curto'. 

De volta à realidade, aqui estou apenas para dar conta da vinda. 

De manhã, ainda assim, mais uma caminhada. Temos este hábito e não há férias que o interrompam. Quando a caminhada é também passeio, tanto melhor.



Edifício antigo reflectido num espelho de água (Covilhã)


Depois, paragem em Castelo Branco. É uma cidade que não recordava tão grande. Entrámos por um lado e eu queria ir a um jardim do extremo oposto. Tivémos, pois, que atravessar a cidade. Uma cidade sóbria, movimentada, casas bonitas.

Queria ir ver o Parque Urbano mas fiz confusão e pensei que se chamasse Parque Municipal. Vi no smartphone a morada e, portanto... foi ao Parque Municipal que fomos parar.

Claro que mal lá cheguei percebi logo que me tinha enganado no nome mas depois de termos atravessado a cidade e com o GPS meio baralhado a mandar-nos sair na 2ª saída da rotunda em sítios onde não havia qualquer rotunda e outras que tais, não deu para abusar da sorte. 

Mas também não faz mal. Das vezes em que por ali tinha andado acho que me tinha ficado pelo Jardim do Paço. Não me lembro de alguma vez ter visitado o Parque Municipal e vale bem a pena. Não é grande mas é muito bonito.



A cidade que se eleva sobre o Jardim do Paço do outro lado da rua até ao castelo,
vista a partir do plano de água dentro do Jardim Municipal


O Jardim tem muita água, fontanário, repuxos, tanques, muito bonito mesmo. Um jardim onde deve ser muito agradável estar. Eu, que gosto tanto de jardins, espanto-me sempre quando vejo o pouco uso que as pessoas dão aos jardins, ao contrário do que acontece noutras cidades europeias em que os jardins são pólos de vida.



Ler um livro, conversar, namorar ou simplesmente estar - aqui deve ser um lugar ideal


E, depois, vim encontrar aqui um recanto que me fez lembrar Barragán, o repuxo entre muros coloridos. Mas não. Era-me familiar mas só depois vi porquê.



Tanque e repuxo no Jardim de Castelo Branco - Azulejos de Cargaleiro


É uma presença inesperada neste jardim mas uma presença muito bem enquadrada, um lugar inspirado, feliz.


É, pois, uma obra relativamente recente como se pode ver pela assinatura:
Cargaleiro - 2003


No painel lateral, um poema de João Roiz de Castel-Branco (e os senhores especializados na matéria me dirão se está correcto 'tã' tristes quando todos os outros são 'tam'):



Senhora, partem tão tristes


Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
tão fora d' esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.



Edifício da Misericórdia (se não estou em erro)


E, assim, voltei. Não parti triste porque não era caso para tanto e porque lá voltarei muitas mais vezes. 

O País é lindo e vê-se tão pouca gente na rua. As pessoas ficam em casa, não saem. E passear é tão bom. Porque se deixam ficar fechadas em casa? Porque não vêm ver as flores, as árvores, o céu, porque não vêm  usar o que a natureza nos dá e ver o belo património que temos? Porque não vêm ler para a rua, conversar com outras pessoas? As ruas são bonitas, os jardins são tranquilos, espaços de paz. Porque não estão cheios de gente?

Não sei.


Agora aqui estou, de regresso ao trânsito, à confusão das grandes cidades, à minha mesa pejada de livros. Mas, apesar da curta duração destas mini-mini-férias, vim carregada de fotografias, de natureza, de ar muito puro e ainda trago nas mãos e no olhar a pureza da neve.



A Serra da Estrela junto à Torre

*

(A ver se ainda escrevo aqui acabo uma coisa que há pouco deixei a meio sobre a felicidade)


4 comentários:

Isabel disse...

Quando falou, no seu comentário, sobre a confusão de parques, não percebi, mas agora já entendi.
Então esteve aqui? Tenho imensa pena de não ter sabido. Teria ido ter consigo, um bocadinho, para conhecê-la. Gostava de a conhecer.

Sabe que acabou de me dar uma novidade? Sobre os azulejos do Parque, do Cargaleiro. Não os vi ainda. No próximo fim-de-semana já vou lá ver.
Viu o museu Cargaleiro, aqui na cidade? Vale a pena a visita.

As suas fotos estão espectaculares. As do parque estão mesmo muito bonitas. De longe as melhores que já vi sobre o que fotografou.
O Parque na Primavera e no Verão é bastante utilizado. Até as escolas primárias de vez em quando realizam lá actividades.
Fico contente que tenha levado uma impressão positiva da cidade.

Um beijinho e da próxima vez que passar por cá, diga-me. Podemos conhecer-nos.

Olinda Melo disse...


Serra da Estrela, Covilhã, Castelo Branco. Terras belíssimas. Este Portugal é um país lindo, muitas vezes, esquecemo-nos disso.
Belmonte, um recanto cheio de História.

As fotografias, belíssimas.

Bjs

Olinda

Anónimo disse...

Se um dia lá voltar, a Castelo Branco, passe também em Vila Velha de Rodão e depois vá até ás Portas do Rodão e será surpreendida por paisagens de encantar.
Gosto muito daquelas paragens!
Um Post que me deixou um grande bem-estar interior.
P.Rufino

Maria Eduardo disse...

Olá UJM,
Também conheço estas paragens de sonho do nosso Portugal e são de facto pérolas, santuários belíssimos que apetecia trazê-los na bagagem connosco. Em 18 de Outubro e 5 de Novembro do ano passado andei por aqui e desci pelas Terras de Xisto, Piódão etc. etc. fiz dois posts para mostrar às minhas amigas e confesso que prometi lá voltar.
Adorei o seu passeio, as fotos lindíssimas que nos mostrou e que revelam mais uma vez uma sensibilidade muito grande para tudo o que envolve a mãe natureza.
Um beijinho grande e seja bem vinda e obrigada pela partilha.