1. Há alguns anos, talvez uns doze ou treze, na empresa em que, na altura, eu trabalhava havia a intenção de instalar um novo e sofisticado sistema informático. Doze anos em informática é uma eternidade. Na altura, poucas pessoas trabalhavam com meios informáticos. Trabalhavam as da contabilidade, as que faziam o processamento de vencimentos, algumas da área comercial e umas quantas da área de compras. De resto, a maior parte do trabalho era feita em papel, papel esse que depois era 'recolhido', ou então as pessoas trabalhavam com terminais (chamados depois de 'terminais estúpidos') ligados a computadores centrais na Informática.
Alguns anos antes eu tinha tido uma reunião em Zurique, na sede da Mckinsey, uma bela e ajardinada moradia. Aí vi o primeiro computador pessoal, um Grid. Aí, porque me mostrei curiosa, explicaram-me o que era uma folha de cálculo e como obter resultados instantâneos de simulações através de modelos. Fiquei maravilhada. Muito novinha, cá chegada, pus-me em campo pois achei que seria ferramenta preciosa para várias áreas da empresa. Felizmente sempre foi uma empresa aberta à mudança. Apesar de eu ser, na altura, pouco mais que uma miúda e de estar a falar de algo que nunca ninguém tinha visto, o meu entusiasmo foi bem acolhido. Frequentei o primeiro curso de Lotus 123 que houve no país e comprou-se o primeiro computador pessoal da empresa. Depois, porque de facto era uma ferramenta fantástica, adquiriram-se mais alguns mas estavam circunscritos às áreas mais ligadas ao planeamento e às de planificação (são coisas diferentes) e às áreas de estudos. Depois, começaram também as Secretárias a ter computador para usarem no tratamento de texto.
Mas, quando se pretendeu avançar para o tal novo sistema informático que seria todo em tempo real, todo integrado, entendeu-se que se estenderia logo de início a todas as áreas da empresa, abrangendo centenas de utilizadores espalhados por todo o país e abrangendo uma população que, em parte, tinha baixa escolaridade e nada habituada a computadores.
Contudo, o sucesso da implementação do dito sistema informático dependia de toda a informação ser tratada em tempo real e sem erros pois, por exemplo, guias de remessa mal feitas poderiam dar lugar a facturas erradas e, logo, a menos dinheiro a receber, a contabilizações erradas, etc.
Colocava-se, pois, a questão de como fazer com que tanta gente se habituasse de repente a lidar com uma realidade tão diferente daquela a que antes estava habituada.
Tive então a ideia de uns tempos antes de se instalar o dito sistema, comprar logo as centenas de computadores pessoais necessárias e organizar sessões de formação em Internet Explorer e em Word e Excel básicos. E, simultaneamente, dar acesso livre à internet - o que, na altura, era ainda uma relativa novidade. Foi uma discussão interna. Uma parte das pessoas achava que isso abriria a porta a que as pessoas perdessem tempo a passear na internet, com coisas que não tinham nada a ver com o trabalho, que os que estavam em turnos da noite haveriam de passar o tempo a ver os Canais Playboy e quejandos. Eu concordei que havia esse risco mas que esse seria um risco menor já que seria assim que as pessoas se adaptariam à informática, e se adaptariam sem resistências. E defendi que era bom que as pessoas tivessem à sua disposição um instrumento que lhes permitiria descobrir o que quisessem, sem limites, sem travões de qualquer espécie. Aventou-se ainda a hipótese de barrar o acesso a isto ou àquilo. Uma vez mais me manifestei contra. Que vissem o que quisessem, à vontade, que fizessem jogos, que pesquisassem o que quisessem. Aliás, nos cursos ensinou-se a utilizar o rato, coisa a que quase nenhum deles estava habituado, e ensinou-se, justamente, através de jogos. Atrás da curiosidade mais imediata, viria a curiosidade mais útil. E, sobretudo, habituar-se-iam a ousar, a experimentar sem medo, interagiriam mais facilmente com a máquina.
E assim se fez. Fizeram-se numerosas sessões de formação sobre utilização do computador e sobre a utilização da internet. Explicava-se qual o objectivo e dizia-se que usassem à vontade.
Quando se avançou para a instalação do dito sofisticado sistema informático, o mais sofisticado de todos os sistemas a nível mundial, foi um sucesso. Não houve qualquer problema de (in)adaptação.
Depois disso muitas vezes se questionou se toda a gente deveria continuar com uso livre da internet. Aconteceu algumas vezes as comunicações da empresa estarem lentas e isso acontecer de noite, vindo-se depois a verificar que era por, algures na rede, se estar a fazer downloads de filmes ou coisas do género. Contudo nunca se tentou saber quem era, optando-se, nesses casos, por retirar a possibilidade de fazer downloads ou por avisar que os meios da empresa não devem ser usados para actividades como a de descarregar filmes.
Porque estou agora a trazer este assunto para aqui?
Porque acho que é dando meios às pessoas que elas podem usá-los e adaptar-se a eles. E isto, no que se refere a meios informáticos e ao acesso à internet, é ainda mais relevante.
Por isso, achei fantástica a ideia de José Sócrates distribuir computadores às crianças. Um coro se elevou contra a iniciativa: para quê? para que serviam aqueles computadores? - e ainda há dias li uma crítica idêntica num blogue que sigo assiduamente, cuja leitura me suscita muito interesse.
Sempre me pareceu que essa pergunta encerrava um tremendo conservadorismo ou falta de visão. A resposta, em meu entender, era óbvia: os Magalhães serviam para as crianças fazerem o que quisessem com eles.
Hoje, se coloco um smartphone nas mãos dos meus menininhos, mesmos no que faz hoje um ano e meio e na que tem dois anos, eles já deslizam o dedinho pelo écran pois perceberam, sem que ninguém lhes tivesse ensinado, que é táctil. E foi assim que o mais crescidinho se senta ao computador e escolhe o que quer no youtube, aumenta o filme para ocupar o écran inteiro, aumenta o som, etc.
Assim se aprende a aprender, assim se ganha o gosto pela descoberta, assim se aprende a não temer o desconhecido, assim se aprende que o conhecimento é o que nos transmitem e o que descobrimos por nós.
Que se desse esta oportunidade de forma aberta a todas as crianças deste país parece-me uma ideia irrefutável de tão boa que é.
[Claro que com isto não me estou a pronunciar sobre o negócio em si, se foi bem negociado ou contratualizado até porque presumo que tudo isso tenha sido devidamente escrutinado pelas entidades competentes].
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2. Outra questão hoje muito em voga prende-se com as Parcerias Público-Privadas. Que eu saiba isso começou com Cavaco Silva por alturas da Ponte Vasco da Gama mas, para o caso, tanto faz.
Mas o que quero dizer é que o conceito, em si, nada me parece ter de diabólico. E, contudo, hoje é diabolizado por toda a comunicação social.
Se há bens de interesse público para a realização dos quais o Estado não tem recursos financeiros ou humanos ou o que for, não vejo o mínimo mal em que se estabeleça uma parceria público-privada para levar o projecto adiante.
Vejo também muita gente falando como se se tratasse de um escândalo que as gerações vindouras paguem dívida feita por gerações anteriores. E, no entanto, é também normalíssimo que isso aconteça. As gerações futuras não vão usufruir de estradas e de hospitais já feitos e a funcionar? Então que mal há em também que os paguem?
Quando se fala de estradas, pontes ou hospitais estamos a falar de infraestruturas que duram quase para sempre ou uma vida. Claro que um investimento dessa natureza não se paga num único ano até porque o seu usufruto se prolonga por muitos anos. Ou seja, quando se 'monta' um investimento dessa natureza, admite-se como normal que o seu pagamento ocorra também por anos, de forma diluída.
Perguntar-se-á porque não é o próprio Estado a ocupar-se da realização dessas infraestruturas em vez de estabelecer parcerias com privados. Acho que é óbvio: tratam-se de obras dispendiosas, que requerem o trabalho de muita gente que, acabando essa obra, pode transitar para outra obra seja do que for e não faria grande sentido estar a transformar toda essa gente em funcionária pública uma vez que, nas empresas privadas, há maior mobilidade.
Pode é discutir-se sobre o rigor subjacente à contratualização dessas parcerias. Negociar o que é o justo pagamento desses investimentos não é fácil. Poderia aqui apresentar uma série de exemplos para que se compreenda que muito do que por aí se diz como se fossem abusos ou erros são, afinal, coisas normalíssimas e justas.
Contudo, admito que tenha havido pontualmente alguma má negociação por parte de alguns governos. Do lado dos privados há advogados hábeis a negociar e presumo que, do lado do Estado, os haja também. Mas, enfim, quem garante que não haja falhas?
Tenho ouvido dizer que há contratos do tipo take or pay o que não me parece nada de extraordinário e tenho ouvido dizer que há alguns contratos que garantem uma margem de lucro de 7,5% ou mais aos privados. Provavelmente a lógica foi a de considerar que um investidor investe o seu dinheiro onde obtiver o melhor rendimento o que é o mais normal e lógico que há. Mas se há alguns anos se obtinham facilmente lucros dessa ordem pois a oferta de aplicações de risco era enorme, já agora, nas actuais circunstâncias, me parece haver razão e margem para negociar. As taxas médias em aplicações relativamente seguras são mais baixas e a situação de emergência também assim o recomenda.
Por isso, não vejo fundamento para a histeria em torno do conceito PPP. Vejo, sim, que pode haver matéria para renegociação o que é o mais normal que há numa gestão contratual.
Mas, aqui, como em tudo, há que ser sério. Tenho lido coisas que me deixam arrepiada. Vejo que é dito como se fosse uma grande coisa que se renegociaram contratos e se pouparam não sei quantos milhões e vou ver melhor e o que se suprimiram foi partes do fornecimento. Ou seja, poupa-se porque não se faz. Ou seja, deixa-se a obra a meio. Outras vezes passa-se a concessão para as Estradas de Portugal. Ou seja, poupa-se no pagamento à PPP mas o estado fica com os encargos. Ou seja, uma vez mais, aquilo a que se assiste é à falta de rigor e a uma comunicação social desatenta, preguiçosa e que apenas vai atrás do que lhe é atirado para a frente. é assustadoramente fácil atirar poeira para os olhos de quem não está muito por dentro disto, especialmente se a comunicação social não fizer o seu trabalho de casa.
Poderá ainda dizer-se que o País não precisava de tantas estradas. Talvez. Não sou especialista em estradas nem em organização territorial pelo que não me posso pronunciar. O que sei é que nada disto se pode ver de forma primária, sem se perceberem os contornos das opções. Mas perguntemo-nos, por exemplo: o que é melhor? pagar subsídio de desemprego a 500 pessoas? ou fazer uma estrada que emprega 500 pessoas a quem uma empresa paga o ordenado e que, ainda por cima, vão pagar impostos? E que, estando empregadas, vão consumir mais e, logo, manter a economia a funcionar? E, sendo o investimento numa estrada, não trará desenvolvimento para as comunidades que atravessa?
Claro que se pode questionar: mas é bom investir numa estrada e não numa fábrica?
Também aqui não há respostas inequívocas. Poderia ser preferível uma fábrica. Mas, para isso, teria que haver um produto, mercado para o produto, know-how para produzir o produto e isso, sim, é matéria dos privados. Mas se o Estado quer dinamizar a economia e evitar o desemprego não pode inventar produtos. Mais facilmente pode fazer infraestruturas.
Ou seja, são questões com alguma abrangência, não se esgotam num raciocínio apriorístico, preconceituoso ou dogmático.
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3. Não amo de paixão José Sócrates. Fez algumas coisas criticáveis, nomeadamente aumentando os funcionários públicos salvo erro em 2009, numa altura em que o aperto financeiro já era notório. E, por várias outras coisas, o critiquei. Mas muito do que lhe é apontado como mau não tem razão de ser.
E, de uma coisa estou absolutamente certa: mil vezes pior, mas muitas mil vezes pior é Passos Coelho. Até ter sido levado a demitir-se, gerou-se na comunicação social e nas redes sociais um ódio a José Sócrates que tinha muito pouco de racional. E isso levou pessoas que até são inteligentes a não verem o óbvio: que apear Sócrates para pôr outro muito pior seria um erro que poderia sair muito caro. E está-se a ver. Caro, irreversivelmente muito caro.
E, por hoje, é isto. Talvez um pouco enfastiante e talvez um pouco contra a corrente. Mas é o que é, meus Caros (eu sou pouco de modas, falo e ajo sempre de acordo com a minha consciência).
Quero ainda desejar-vos uma boa semana e um bom Outubro, a começar já por esta segunda feira.
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E, por hoje, é isto. Talvez um pouco enfastiante e talvez um pouco contra a corrente. Mas é o que é, meus Caros (eu sou pouco de modas, falo e ajo sempre de acordo com a minha consciência).
Quero ainda desejar-vos uma boa semana e um bom Outubro, a começar já por esta segunda feira.
14 comentários:
Olá Jeitinho, mais uma vez obrigada pelo post esclarecedor.
Aprendo sempre algo consigo, isso para mim é importante numa altura em que se gosta de confundir em vez de esclarecer. Obrigada pela clareza, transparência e coerência.
Beijinho Ana
Cara UJM:
Hoje passo com um rasto de curiosidade.
Quando terá sido o "primeiro curso de Lotus 123 que houve no país"?
Obrigado.
Saudações cordiais,
J. Rodrigues Dias
Uma Amiga, que muito prezo, recomendou-me o seu blog!
É raro encontrar alguém que, em textos belos, serenos e límpidos, procura analisar as situações que se nos deparam num "jeito manso", procurando um fio condutor por entre o ruído mediático feito de preconceitos vários e certezas definitivas que diariamente nos afecta .
É uma pérola o seu blog! Obrigada
Amiga,
Todos os dias se aprende muita coisa consigo.
Hoje recordou-me coisas que há muito não lembrava...o curso de Lotus 123, fi-lo talvez há mais de 20 anos, o Excel Fundamental, o Word...e tantos outros.
Que saudades desses tempos, e de outros ainda mais atrás.
Não tinhamos a informação ao momento era necessário esperar por uma fase de processamento.
Terminei com sistema SAP.
Com este tudo se tem e se sabe ao momento.
Obrigada amiga, por me fazer recordar esses tempos.
Beijinho grande
MCP
Olá Ana,
Penso sempre que para além da opinião política que é pessoal, deve haver a informação objectiva. E nós vivemos num tempo de muita informação e de muitos comentadores. Todos opinam mesmo sem conhecerem toda a realidade sobre a qual opinam.
Há assuntos que têm muitas vertentes. Se se pegar apenas num ou dois dos 100 que devem ser analisados antes de formar uma opinião, ter-se-á uma visão enviesada dos assuntos.
Tempos difíceis estes. Muita gente a fazer ruído e um grupo de gente incompetente a mandar. Está bonito isto, está...
Mas, enfim, os dias estão bonitos e isso já é bom.
Um beijinho, Ana!
Olá Caro J. Rodrigues Dias,
Se eu vou revelar isso, fica toda a gente a pensar que sou a 2ª Lucy, uma australopithecus que por milagre ainda está viva. Claro que podia disfarçar e dizer que ainda tinha ido aprender o Lotus de bibe.
Mas, enfim, a verdade é que não consigo situar no tempo com grande exactidão. Talvez em 1985 ou 86 mas não garanto. Sei que foi ministrado pela Time-Sharing uma empresa que era ali para os lados de S. Bento. Na altura andei à procura de sítio onde se ensinasse o Lotus e descobri este mas lembro-me que estive à espera que houvesse um número mínimo de participantes.
Parece que já foi há séculos atrás...
Saudações cordias, J. Rodrigues Dias!
Caro Joaquim Castilho,
Fico agradecida pela sua visita e pelas suas palavras tão simpáticas.
Sento-me aqui e , sem pensar, vou escrevendo o que me vem à cabeça, quase como se estivesse a conversar com quem me lê. Outros dias dá-me para contar histórias. Escrever aqui é uma coisa que faço com muito gosto e fico muito contente quando sinto que as minhas palavras são lidas com algum carinho e compreensão.
E, portanto, obrigada eu, pelas suas palavras!
Olá MCP,
Era justamente ao SAP que me referia. É um grande sistema, um sistema que disciplina a forma de trabalhar... ou não fosse ele alemão...
O que a informática tem evoluído nos últimos anos é uma coisa extraordinária. Quando eu entrei para a empresa, fiquei pasmada quando vi o Centro Informático. Era um espaço imenso, cheio de enormes máquinas barulhentas, com uns discos enormes. E havia operadores de recolha e havia muita gente na informática, trabalhando por turnos. Depois fui tudo ficando mais pequeno, foi reduzindo gente.
Quando comecei a trabalhar, novinha, novinha, levaram-me uma vez a conhecer as antigas instalações da contabilidade e um senhor de idade que ainda lá estava a tratar do arquivo mostrou-me máquinas que eram de calcular e que se dava à manivela, para a frente se era para somar e para trás se fosse para subtrair. Já não se usavam, claro, mas acho que não tinham sido postas de lado assim há tanto tempo. Depois vieram umas máquinas compridas, próprias para a contabilidade. E eu, ao escrever isto, quero ser mais precisa mas quase não consigo, parece que estou a falar da pré-história.
E eu, antes, do Word, aprendi DisplayWrite. Parece tudo há tanto tempo, credo...
Um beijinho MCP!
Bom post. O seu ponto de vista devia ser discutido no espaço público das TVs e dos jornais. Fica-se com a sensação que faltam jornalistas com conhecimento do mundo do trabalho e dos negócios. Talvez devam começar a entrevistar quem tenha essa experiência e não tenha ambições políticas nem seja militante partidário.
Caro Rui Ângelo Araújo,
Agradeço a sua visita e as suas palavras.
Concordo que o jornalismo actual não está a acompanhar os tempos que correm tão bem como deviam. Da mesma forma que as polícias estão a perceber que têm que contratar gente que conheça de gestão, de contabilidade, de informática, para os ajudar a investigar os crimes ligados a actividades empresariais, também me parece que os meios de comunicação social deveriam perceber que lhes está a faltar algum conhecimento do mundo dos negócios.
Pode crer que eu tantas vezes ouço os jornalistas e os bloggers prenderem-se a aspectos superficiais ou parcelares a ali ficam todos a andar à volta disso, quando o que é determinante lhes passa completamente ao lado.
Seria muito interessante, por exemplo, pegar em pessoas que conheçam o mundo da negociação relacionada com aquisições de empresas e pô-las a alertar para alguns aspectos que podem passar despercebidos. Por exemplo: pode algum negócio ser vantajoso para o vendedor quando existe um único comprador? Eu, se me perguntassem, responderia de caras que não, nem pensar e poderia fazer meia dúzia de perguntas a quem está a conduzir o processo, provando inequivocamente que, a prosseguir, será um desastre para o vendedor. A haver apenas um comprador, a oferta de venda deveria de imediato ser retirada. E, no entanto, é assim que o negócio da TAP está prestes a ser concretizado perante a indiferença geral dos media (o Expresso ainda alertou para isso mas ninguém pegou no tema).
Enfim. É certo que o caminho se faz caminhando mas também é certo que, neste momento, o caminho para o qual estamos a ser empurrados, leva ao desastre pelo que há que agir rapidamente. Eu, pela parte que me toca, não me canso de dar aqui a minha opinião mas, claro, sou uma pequena, invisível, insignificante voz. Mas nem por isso me calo.
Uma vez mais, muito obrigada Rui Ângelo Araújo.
Olá,
Muito obrigada pelos esclarecimentos sobre computadores e PPP's que foram muito
esclarecedores, e de maneira nenhuma enfastiantes, como diz.
Gostei muito de saber a sua opinião sobre o "Magalhães" distribuído às crianças, pois várias vezes me interroguei sobre as vantagens e desvantagens das crianças terem acesso tão novinhas à informática. A partir de agora vou ser mais condescendente com os meus sobrinhos-netos quando não despegam os olhinhos do computador e a tentação de mexerem com os dedinhos para descobrir o que a caixinha mágica lhes esconde.
Assim a brincar, aprendem a aprender mais cedo e a estimular o gosto em descobrir o porquê das coisas, e a não terem medo do desconhecimento.
Sobre as PPP's também fiquei muito mais esclarecida sobre pormenores que não conhecia.
Obrigada mais uma vez por estas lições de esclarecimento tão úteis
e enriquecedoras.
Um beijinho
Olá Jeitinho,
Sinto que tem toda a razão quanto à nossa imprensa. Não se preocupa em esclarecer. Muitas vezes tanto opinam que só confundem.
Transportou-me aos meus vinte aninhos. É que eu sou mesmo do tempo dos dinossauros, comecei a trabalhar há quarenta anos, quando ainda havia dessas maquinas de calcular, só certas secretárias é que tinham máquinas de escrever electricas e ainda as comunicações internacionais eram feitas por telex. Hoje poucos jovens sabem o que isso é.
Agora é divertido lembrar-me que depois de passar varios metros da tal fitinha cor de rosa perfurada, a chamada telefonica caía e tinhamos de recomeçar tudo de novo, algumas vezes a fita já tinha sido pisada e rezava para que não encravasse.
Foi um alivio quando passámos a usar o computador que ligado a um telefone enviava relatorios e mapas para fora.Ainda não havia Internet.
Trabalhei durante vinte anos numa grande multinacional e participei na evolução informatica.
Foi fascinante. Hoje para os jovens é tudo tão obvio que não fazem ideia de como se chegou lá.
Nem me lembre a venda da TAP. Coisa RE-VOL-TAN-TE! E logo a quem!
Vou ficar por aqui para não adormecer irritada.
Um beijinho e até amanhã.
Olá Maria Eduardo,
Eu também não sei tudo e há muita coisa que digo e com a qual, se calhar, muita gente não concorda. Mas, quando falo sobre assuntos que me mobilizam, geralmente falo a sério e muito convicta das minhas razões. A minha experiência pessoal e profissional também me ajudam a poder falar com alguma segurança de alguns assuntos.
Mas tenho dias...
Hoje, por exemplo, deu-me para uma coisa muito diferente, hoje voltei a Lídia.
Acabei agora de escrever e tive que interromper ali onde verá pois a coisa estava quase a dar para o torto (e eu bem que torço para aquilo vingar...)
Mas também estou cheia de sono porque este fim de semana não descansei e porque cheguei a casa às 10 da noite e já passa da 1 e meia e mal posso abrir os olhos.
Por isso, há que ter em atenção que, às vezes, escrevo já meia a dormir pelo que algumas coisas podem sair um bocado baralhadas...
Um beijinho e desejo-lhe um dia cheio de vontade de rir!
Olá Pôr do Sol,
Também lá havia uma grande sala de telex. Quem trabalhava nas exportação e importação tinha que ter confirmações instantâneas ou quase e, então, usava-se o telex. Apenas entrei nessa grande sala uma vez mas fiquei espantada, nunca tinha visto nada assim.
E em certos trabalhos que se faziam, justamente nos ditos 'modelos', em que era preciso uma grande capacidade de processamento, usavam-se os computadores do LNEC e perfurarvam-se cartões que eram enviados para lá, para serem processados durante a noite. Nós que assistimos a isso que agora é já tudo coisa de museu, seremos pré-históricos...? Até parece, não é? Mas o facto é que a evolução foi fantástica.
Quanto à Transportadora Aérea Portuguesa, que leva a nossa bandeira, vai tornar-se uma companhia brasileira pertencente a um senhor colombiano que, para poder apresentar-se a concurso, foi buscar o registo de nascimento que era polaco. Portugal acaba assim, sem nada, com as suas empresas de bandeira, as estratégicas e relevantes, tudo na mão de quem quer que aqui apareça disposto a dar dez réis de mel coado. É muito triste.
Mas agora sou eu que vou interromper que está na hora de fazer agulha para outro 'labor'.
Um beijinho, Sol Nascente!
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