sexta-feira, maio 18, 2012

Ana e Tomás vão de férias, juntos - e, excepcionalmente, a ficção e a realidade misturam-se. (É da magia do lugar, meus amigos...)


Música, por favor

Banda sonora de Braveheart





Ana estava de novo numa encruzilhada. A imprevista visita do seu amigo veio agitar as suas calmas águas. Além disso, do lado de lá do telefone, todos os dias lhe pediam que voltasse ou, pelo menos, que desse autorização para ser visitada. A curiosidade do lado de lá estava a dar lugar à impaciência, à incompreensão. 

Não é de um momento para o outro que se vira costas a uma vida preenchida e feliz. Tinha querido afastar-se para pensar em paz, sem pressões, sem chantagens emocionais, tinha também resolvido dedicar-se a coisas simples, a coisas terrenas e palpáveis farta que andava de coisas complexas e, tantas vezes, aparentemente intangíveis.

E, no entanto, aquilo que deveria ser não mais que um hiato, vinha progressivamente a conquistar espaço na vida de Ana.

Era a expansão das vendas, o aumento do emprego na vila que atraía gente de fora para arranjar trabalho, era o aumento de investimento (inclusivamente, tinham pedido a Ana para dar opinião sobre a construção de um hotel e Ana estava tentada a propor sociedade pois sentia que havia, do outro lado, também vontade disso), era o sucesso escolar e o envolvimento empenhado da escola, era o ambiente receptivo das pessoas com quem lidava, e era a amizade com Tomás, o carpinteiro - tudo a motivava e prendia a esta vila, a esta nova vida.

A carpintaria tinha-se expandido desde que tinham formado a empresa de arranjo de interiores. Tomás tinha agora alguns aprendizes e até tinha convidado um velho marceneiro para ajudar a enquadrar os jovens inexperientes. Trabalhava bastante e como vivia sozinho e amava o seu trabalho, ficava sempre até tarde na carpintaria. A forma como ele passava a mão pela madeira até a sentir macia, a forma como desbastava, afagava, polia a madeira deixava Ana maravilhada. Não se cansava de o observar, com encantamento e respeito. Nas suas mãos a madeira era um corpo moldável, um corpo que não oferecia resistência.




Habituado durante anos ao silêncio, o carpinteiro ao princípio tinha estranhado as invasões de Ana mas, vendo que ela respeitava os seus silêncios e gostava de ouvir as suas deambulações pelos caminhos secretos das palavras, começou a habituar-se e já se inquietava se ela se atrasasse. 

Ana sabia que essa amizade era comentada na vila mas isso não a incomodava nem um pouco. Tomás era livre e ela sempre se tinha sentido, também, uma mulher livre. E, se o não era oficialmente, isso não coarctava os seus movimentos. Claro que numa cidade grande os movimentos de uma mulher quase passam despercebidos, enquanto num meio pequeno tudo se sabe. Mas o facto de se saber o que quer que fosse, não incomodava Ana. Era a dona exclusiva do seu destino e fazia questão de o demonstrar. Além disso, sempre tinha achado que só é atacado quem mostra medo.

Desde que estava na vila ainda não tinha tido férias. E, assim, um dia pediu ao dono da oficina se poderia ter três dias, precisava de descansar. O dono riu-se, 'claro que sim, ora essa, nem precisava de pedir'.

E, portanto, ao fim do dia, Ana perguntou a Tomás se queria ir mostrar-lhe a sua terra natal. Tomás riu, 'que ideia...', irem os dois? Ana disse que, 'claro, os dois, a menos que queira levar mais alguém....' Tomás sorriu. Depois lembrou que não tinha carro e que há anos que não conduzia. Ana disse que isso, obviamente, que não era problema.



E assim, numa manhã quente, lá foram. Ana ia toda animada, parecia uma adolescente. Tomás, sempre mais sério, ia inquieto. Será que aquela mulher percebia que o efeito que produzia nele? Será que percebia que cada vez lhe custava mais passar sem a sua presença?

Parecia que não. 

Ana conduzia e, a seu lado, Tomás ia calado. Ana colocou o rádio na Antena 2. Depois perguntou-lhe se ele se tinha lembrado de trazer um livro para lhe ler durante a viagem. Tomás tirou um livro da mochila. Disse: 'Para o sítio que a vou levar a ver, tem que ter os olhos em bom estado, tem que conseguir ver tudo muito bem. E, ao ver, talvez o coração se lhe agite. Por isso o coração também tem que estar muito bom. Por isso, vou ler-lhe conselhos médicos - mas não uns quaisquer. Escute com atenção.'

E leu:

Os olhos são órgãos brilhantes, redondos e radiosos, cobertos por sete túnicas e três humores. Os olhos são as janelas da alma, para se verem através deles, como por uma varanda, as cores e as figuras. Faz-lhes bem (...) olhar para as montanhas e a verdura.

O seguinte faz mal aos olhos. Choro, fome, jejum, (...), toda a embriaguez e excesso. Sono demasiado depois das refeições e vigílias imoderadas. Canto em demasia e coito frequente.

O coração é um órgão côncavo, cavernoso em baixo, amplo em cima, e é o termo de todas as operações da alma racional (...). As operações do espírito começam no cérebro e recebem o seu complemento no coração.

Eis o que faz bem ao coração. Canto aprazível e alegria moderada. (...) E todo o cheiro aprazível que há nos pomares e prados, na estação da primavera, faz bem aos melancólicos e cardíacos.

Coisas que fazem mal ao coração. A inchação, tristeza, preocupações e qualquer causa que provoca a síncope. Excesso de estudo e muita meditação, coito frequente e tudo o que fizer mal ao baço faz mal ao coração. (...) E o que quer que faça a alma entristecer-se, porque o coração é o princípio da vida e o termo da morte.

Ana ria-se. E depois brincou: 'Há uma coisa que faz mal quer aos olhos, quer ao coração...'. Tomás riu-se também: 'Não acredite em tudo o que ouve e, de qualquer maneira, a ciência evoluíu muito desde que este tipo escreveu isto'. Ana concluíu: 'Seja como for, como vamos ficar em quartos separados, não corremos riscos...'. Tomás não se ficou: 'Não vejo o que é que uma coisa tem a ver com outra e, além disso, dois quartos com esta crise...?'. Ana virou a cara, espantada: 'Não lhe conhecia essa veia malandreca, Tomás...'.

Depois Ana pediu-lhe de novo que ele lhe falasse de si, que contasse a sua história. Tomás disse que o faria no dia seguinte e apenas se Ana fizesse o mesmo. Mas, entretanto, animados com a conversa, nem tinham dado pelos quilómetros a passar e estavam a chegar ao destino. Pararam e saíram do carro.

Ana, então, ficou sem palavras. Era uma beleza quase excessiva.


S. Leonardo da Galafura

Tomás passou o braço sobre os ombros de Ana e leu as palavras de Miguel Torga: 

'O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.'

E era assombro o que Ana sentia, as lágrimas quase a saírem do coração para lhe toldarem o olhar.


S. Leonardo da Galafura por Miguel Torga

Ana tinha chegado, pois, às terras detrás dos montes, às terras mágicas, imaginadas pelos poetas, desenhadas linha a linha pela inocência mais genuína dos homens de coração puro como Tomás.

Ana estava deslumbrada. Ao ver esta terra pelos olhos de Tomás descobria o mundo virginal de Miguel Torga. Uma beleza imaterial, longínqua e, no entanto, ali, envolvendo-a, uma beleza absoluta, uma imensidão de verde e azul. Um espaço limpo, de imensa pureza.


O Douro Vinhateiro, Trás os Montes, espaço de paz, de imensidão, de beleza e silêncio

Tomás tinha os olhos brilhantes e, através deles, via Ana também emocionada. Que força misteriosa vinha daquela terra que se desdobrava ali, a seus pés, em montes e montes e outros montes...! 


Quando o sol já se punha e os montes quase se douravam, um grande pássaro
saíu dos montes para voar, para reinar, silencioso e  sublime, sobre o Douro que se tinha posto prateado


Tomás puxou a mão de Ana, 'Olhe. Não são só as gaivotas que voam sobre os rios... Olhe este grande pássaro, repare nas grandes e fortes asas'. 'Que beleza, que beleza, meus Deus...', disse Ana num fio de voz. 'Que lindo que tudo isto é, Tomás, que lindo... '

Depois foram para o hotel, cada um para o seu quarto. Mas, passado um bocado, Ana foi bater-lhe à porta: 'Empresta-me aquele livro que vinha a ler, o dos cuidados médicos?'. Tomás apontou para a varanda, 'está ali, estava a lê-lo'.


'A caneta que escreve e a que prescreve - doença e medicina na Literatura Portuguesa',
organização de Clara Crabbé Rocha --- na varanda do quarto do hotel

Ana foi buscá-lo e disse, sorrindo com ar malicioso: 'Então, sendo assim, vou ler que é para ver se amanhã tenho os olhos e o coração em bom estado...'.


***

O trecho em itálico pertence ao livro acima referido e é da autoria de Pedro Hispano, c. 1210-1277.

***

E, por hoje, é isto. Tal como refiro na resposta aos comentários de ontem, li-os, claro que li!, com atenção e carinho mas, porque estou de férias e com um programa apertado e porque, como de costume passa das 2 da manhã e tenho que apagar a luz (... não, eu não estou num quarto sozinha...), não poderei responder individualmente, como gosto, a cada um dos comentários. As minhas desculpas.

E tenham, meus Caros, uma esplêndida sexta feira... porque eu, bem, eu não me posso queixar, não é? ... Por aqui ando, atrás da Ana e do Tomás, a segurar a vela e a servir de narradora o que, dado o local que eles escolheram, me deixa encantada.

Finalmente, aos meus Leitores que me fizeram ter esta enorme vontade de vir (re)descobrir esta terra de uma beleza indescritível, o meu muito, muito, sincero agradecimento.

11 comentários:

Anónimo disse...

Cara:UJM

Estou sem palavras e com os olhos marejados de lágrimas de felicidade a ler as suas maravilhosas palavras sobre o meu reino encantado. (fica a declaração do bem que me fizeram).
Calo-me para não estragar a fascinação de Ana e Tomás, princípio e fim de uma história…
E disfrute(m) da beleza do reino maravilhoso, onde apenas se move e se faz ouvir o coração no peito!

E tenha dias muito felizes
Abraço amigo da
Leanor formosa e segura

Maria disse...

Amiga:
Não consegui ainda, ler o post todo.
Saltou-me à vista, "São Leonardo de Galafura" e, Miguel Toga, chamou-me.
Fui tão feliz, aí! O Douro é lindo!
A minha filha,nora, é de Lamego. Um cunhado dela, disse-me: Se quer ver o Douro e entender bem, Torga, vá a Galafura. Leia os versos dele, depois, olhe! E foi assim, que me tornei Duriense. Eu, que vivera 13 anos no Porto, eu que lera Camilo, até à exaustão, comecei a amar o Douro, nesse dia.
Quem me dera aí! Junto do meu escritor preferido, talvez a dor diminuísse. Quando lá estive, escrevi uma coisinha, que lhe envio:

Torga

Lá no alto, em S. Leonardo, Galafura
Vi teu Douro, Miguel
E ao vê-lo
Achei que era fácil ser poeta
Pensei, tentei, para enfim descobrir
Que para ser poeta
Não basta só sentir

Maria
Julho, 1997

Anos mais tarde, um outro poeta do Douro, um amigo que perdi e não mais esquecerei,numa das muitas brincadeiras, a que chamávamos, desgarradas, obrigou-me a esta:

Douro

Eu vi primeiro o Douro nas ruas da Ribeira.
As cheias, as Alminhas, as Pontes, então duas.
Vi Rabelos carregados de pipos desse oiro
Líquido e doce, vi casas e vi ruas.

Vi o Duque salvar ou arrastar
Corpos vivos e corpos já sem vida.
Vi o Douro, na Foz deixar-se abraçar,
Pelas ondas do mar numa louca corrida.

Depois subi o Douro e vi aquele verde
Todo em socalcos na alta penedia.
Vi-o manso e tranquilo no vale onde se perde,
Vi-o lançar-se louco em grande correria.

E vi os homens com o cesto às costas,
Mortos de cansaço, de fome, de calor,
Subir os montes, cavalgar encostas.
E dei aquela gente o meu amor.

Depois li Torga e entendi melhor
A amargura, a dor e, a vaidade
De ter nascido ali, para o bem e o pior,
De ser um duriense de verdade.

Para o André,
Com um beijinho da Maria

Agora Amiga, que já a macei o bastante, que já despi a minha alma, a Gaivota Branca, começa a reagir.
Veja bem o Douro. Sinta-o. Tente compreender essa gente, rude, mas boa, pura, sofredora. E perdoe à sua Mary, a seca que lhe deu. Sinto que me entende e, abuso.
Já foi à "Casa de Mateus"? Nazonni no seu melhor.
Abraço grande e, bom descanso.
Mary

A Matéria dos Livros disse...

Que texto tão lindo, ainda mais com as fotografias das terras de lá!
O namoro entre Ana e Tomás corre igualmente luminoso; até apetece vestir a pele de Ana e ir dar um passeio com outro carpinteiro-leitor, ainda mais se conhecer os tratados e os poemas da melancolia (Vou ver se encontro o livro da Clara Rocha, que parece ser muito interessante).

Mas não há sol que não tenha uma sombra, que aqui me parece ser a descontinuidade entre a gentileza e sedução da mulher e as expectativas que cria no homem. Tenho a impressão que Ana se esquece de que a nossa atenção, digamos, tem consequências e que, às vezes, magoamos os outros sem querermos. Qual será o tamanho da mágoa de Tomás?

Um Jeito Manso disse...

A todos, antes de responder a cada um,

Já voltei ao post de ontem para vos responder aos comentários de ontem. Um bocado atrasada, é certo, mas enfim...

Um Jeito Manso disse...

Olá Leanor formosa, segura e princesa de um reino encantado,

Eu é que ando encantada. Eu geralmente sigo as indicações de quem acho que sabe mais que eu e, nesses casos, é by the book. E assim tem sido. Com a folha para onde copiei as dicas sobre o percurso e as relativas aos restaurantes, cá temos andado e tem sido perfeito.

Apenas ontem andámos para aí 1 hora para fazer um percurso que deveria ter levado menos de meia hora mas por culpa do GPS do carro que, no meio dos montes, perdeu a tramontana... e, por estas bandas, tabuletas é coisa que quase não há. Ainda hoje passámos por cruzamentos sem qualquer indicação. Mas também não faz mal. Andamos a passear em sítios lindos e tudo o que se vê vale a pena.

Num ambiente mágico destes, eu que queria manter a Ana e o Tomás apenas amigos, começo a duvidar que o consiga. É que esta natureza tem muita força...

Um abraço, Leanor, e o agradecimento aqui dos dois viajantes que andam maravilhados.

Pôr do Sol disse...

Cara Jeitinho,
Fez-me saudades do Douro e das suas margens.

Adoro espreguiçar os olhos por essas bandas, nesta altura do ano a paisagem é lindissima.

Estou a imaginar o fim de tarde, naquela varanda soberba, aquele silencio, as historias de ambos a fluirem, tambem ajudadas por um bom vinho.

Não me devo alargar, boas férias volte revigorada mas não abandone aqueles dois nesse paraíso.
Um beijinho

Um Jeito Manso disse...

Olá Mary, gaivota a começar a sacudir as penas para se preparar para voltar a voar,

Que contente que fiquei hoje com o seu comentário. Seca?! Nem pouco mais ou menos... gostei imenso de ler os seus poemas. Estes lugares inspiram-nos tal a força que têm. Ando maravilhada, fico perplexa e já fiz montes e montes de fotografias (e o meu parceiro de viagem sempre a chamar por mim... e sempre a dizer para eu ter cuidado pois isto é cada precipício...).

Eu já conhecia Trás os Montes de várias vezes cá ter vindo e há uns meses tinha estado uns 3 dias numa cidade mais a norte. Mas nunca tinha feito este percurso do Douro superior, dos miradouros (suscitado pelo P. Rufino e que a Leanor, depois, esquematizou num percurso fantástico).

Por isso, nas vezes anteriores atravessava o Douro a caminho do local para onde ia, nunca o acompanhava como agora estamos a fazer. Estou a adorar.

E, tem razão, ao ver este trabalho extraordinário feito pelos homens nesta natureza tão incrível, é Miguel Torga que nos vem à ideia.

A ver se hoje ainda escrevo mais qualquer coisa para mostrar os sítios lindos que hoje vimos.

Obrigada, Mary pela sua poesia, pelas suas palavras, pelo seu bom astral.

Um beijinho, Gaivota!

Um Jeito Manso disse...

Olá Leitora de A Matéria dos Livros,

Deixou-me aqui a pensar. Será? Será que são namorados? Eu não estava a querer levar a coisa para aí, Ana tem outros laços. Mas, sabe?, este Tomás anda mesmo a interessar-me e, às tantas, Ana também se deixa tocar pela gentileza e sobriedade deste homem.

O que é tramado é que a coisa está a fugir-me das mãos. Este local é uma maravilha e estes dois sentem-se cada vez melhor na companhia um do outro - mas e a história anterior de Ana? Ela apenas queria afastar-se por uns tempos...

Estou aqui sem saber mesmo o que fazer.

Bom vou mas é começar a escrever a ver se descubro (escrevo isto e soa-me a 'fazer género', a armar-me em escritora... - mas, a sério, que só sei no momento em que as palavras se começam a escrever).

Bom, vou indo. Um beijinho, Leitora.

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

Mas vocês estão a deixar-me numa situação complicada... Eu só os queria amigos...

É certo que 'anda a pintar um climinha'... mas eu queria que eles fossem só amigos, achava que a Ana deveria voltar para a sua vida na cidade. E agora o que faço...?

Eu acho que entre Ana e Tomás a coisa ainda não passou daquilo, de uma amizade e simpatia e de uma atracção da parte dele. Eu não queria que Ana se deixasse ir na onda - mas aquele Tomás, afinal, tem atractivos de que eu não suspeitava.

Até estou a evitar ir escrever para não descobrir o rumo das coisas.

Quanto às margens do Douro... são uma coisa mesmo digna de um romance.

Obrigada Sol Nascente (embora me tenha vindo 'desinquietar'...) e um beijinho.

Anónimo disse...

Cara UJM:

Para fazer justiça.
Torga fala-nos das fragas e dos montes do Douro com o olhar de um filho do Reino Maravilhoso.
Mas há um outro autor, Alves Redol, (por vezes esquecido, cujo centenário se celebrou durante este ano), que apesar de ser ribatejano tem uma parte significativa da sua obra dedicada à região do Douro, (para onde foi viver) às duras condições de vida das suas gentes, para que dessas fragas brotasse o generoso vinho fino, vulgo “vinho do porto”, e se transformassem em património da humanidade. Na trilogia “Port Wine” e “Porto Manso”, encontram-se as mais belas descrições, de um notável realismo, sobre todos os trabalhos, desde o saibramento à faina do transporte do vinho do porto pelos arrais e marinheiros do Douro.

Feliz estadia no Reino Maravilhoso

Leanor formosa e segura

Um Jeito Manso disse...

Leanor,

Tinha lido e publicado mas depois perdi de vista este seu comentário.

Não conhecia o Alves Redol com costela de transmontano. Conheço-o dos Avieiros, dos Gaibéus e sempre o vi como o escritor do realismo ribatejano, da beira do rio, da lezíria. Tenho que ver se encontro.

Obrigada pela informação, Leanor!