domingo, fevereiro 12, 2012

Um sábado feliz, Tejo pela manhã, almoço no Largo, Dama de Ferro no Londres


Música, por favor

E, já que vamos passar junto ao S. Carlos, Maria Callas - Norma de Bellini

.......

Sábado, dia de descanso, de passeio, de amigos. 

De manhã, passeio junto ao rio, um frio, um frio azul, quase ninguém, apenas algumas pessoas que passam encolhidas junto a paredes destruídas, e eu fotografo uma vez mais as paredes, as janelas, as portas por onde, em tempos, passaram pessoas e que hoje são apenas uma ruína, uma recordação.

Ginjal numa fria manhã de sábado

Raros pescadores, o frio custa a aguentar nestas manhãs assim. Vou andando, aspirando esta maresia gelada, observando as gaivotas que fazem grandes voos, descendo até ao rio, e fotografo-as, são minhas irmãs, seres livres que invejo (um dia hei-de transformar-me numa).

Pescador e gaivota, este sábado no Ginjal, com Lisboa, a bela, em fundo


Durante o passeio matinal, telefonemas, combinações, um almoço, cinema, lanche. E então, o que se desenhava como uma tarde no aconchego da sala, em casa, o Expresso lido em sossego e com tempo, veio a ser uma bela tarde entre amigos.

Por sugestão nossa fomos ao Largo e, se me desculparem a publicidade (desinteressada, que, como é óbvio, não tenho participação no restaurante), a quem possa, recomendo uma ida lá. É ao pé do S. Carlos, mesmo ali no coração do Chiado, tem uma decoração muito agradável, tem uma comida óptima. Optei pelo Menu de Almoço (18 euros pela entrada e prato principal, que, com o couvert, sobremesa e bebidas sobe facilmente para o dobro) e escolhi, de entrada, umas lulinhas fritas com molho tártaro, deliciosas, e, de prato, um risotto de polvo, saboroso. De sobremesa, partilhei uma sopa de frutos vermelhos com creme de mascarpone.

Como poderão ver no filme que acima linkei, uma das paredes tem embutido um aquário de vidros pretos e, lá dentro, deslizam,  transparentes, intangíveis, medusas de vários tamanhos. Tentei fotografar para vos mostrar.

As medusas do Largo


No entanto, ao fotografar, as paredes do aquário funcionam quase como um espelho e reflectem, na fotografia, a parede do fundo, o tecto, o candeeiro, o meu braço a segurar a máquina, mas, felizmente, também uma grande medusa à direita e um pouco de umas mais pequenas à esquerda. Mas, de facto, a beleza daqueles bailados etéreos, só vista ao vivo.

[Durante o almoço foi aquela animação, conversas cruzadas, risos, anedotas, um dos amigos todo, todo pró Governo e os outros, claro, a darem-lhe na cabeça. As senhoras, com excepção de moi-même, não se pronunciam sobre o tema, estão fartas de política, preferem conversar de casos da sociedade, deste, daquele e do outro, de sítios visitados e a visitar, de lojas, de marcas, de perfumes, enfim, coisas importantes e eu participo também nestas conversas, geralmente com curiosidade, pois aprendo sempre imensas coisas.]

Depois demos uma voltinha por ali, toda a gente sabe da minha pancada pelas fotografias, e, tal como diz uma das minhas amigas, o Chiado é a minha cara.


Livraria Bertrand, um lugar de muitas recordações

Tunas académicas, os escuteiros do costume, as pessoas elegantes, as alternativas, e a música, sempre, tão agradável andar a passear e a ouvir música, tão agradável.

E a música eleva-se no ar,
 embelezando ainda mais um Chiado cosmopolita


[Entretanto, as duas outras madames, elegantes e simpáticas, aproveitaram para ir ver algumas novidades de algumas lojas das quais são habituées.] E eu fico-me pela rua, fotografando as lojas tradicionais, sentindo o movimento, vivendo o momento.

Ourivesaria Aliança

A tarde estava fresca, o sol iluminava o ar, Lisboa em toda a sua beleza. Dali seguimos para o Londres.

No percurso vi uma parede que me pareceu espantosa.

Fachada sem casa 

É com certeza um prédio que vai ser construído de novo, mantendo, no entanto, o aspecto antigo. Mas, ao ver, pensei que é uma boa metáfora para tantas situações com que nos deparamos. Uma fachada apenas, sem nada por dentro, ou, no futuro, quando a obra estiver concluída, uma aparência que não vai corresponder à realidade. Adiante.


Fomos ver A Dama de Ferro. O Cinema Londres, para quem não conhece Lisboa, situa-se na Avenida de Roma, em tempos um dos centros burgueses da cidade. Ainda é um pouco mas as pessoas envelheceram e, por isso, esta zona é ainda um agradável local, com uma população que se vê que é abastada mas já de uma certa idade. Ou seja, é uma zona com patine.

Entra-se no foyer do Londres e há um simpático cheirinho a galão, a torradas - junto à bilheteira há um acolhedor barzinho onde as pessoas lancham e tudo aquilo tem um aroma bom, familiar. Aqui não há pipocas, juventude ruidosa, calças de ganga desfiadas e pele com tautagens à vista. Nada disso. Aqui há muitas senhoras com bons casacos de pele, senhores de sobretudo e cachecol a quem as mulheres ajeitam a gola, gente bem vestida e bem agasalhada. Lá estava também um ex-candidato à Presidência da República com a bonita mulher.

Já sentados, às tantas, o meu marido segredou-me ' Estou sentado ao lado da Margaret Thatcher'. Espreitei e, por pouco, não dava uma gargalhada. Era uma senhora de uma certa idade, de porte imponente, casaco de pele preta, pulseira de pérolas, cabelo louro muito armado, lábios pintados, tal e qual ela.

Gostei do filme mas não achei extraordinário. A Meryl Streep tem um desempenho inacreditável, uma caracterização perfeita, mas o filme em si deixou-me um pouco decepcionada. Para já, tem o foco no que ela é hoje: uma mulher que desliza entre estados de alucinação, momentos de recordação, curtos instantes de lucidez. Ou seja, há uma forte componente de tristeza no filme pois custa ver uma pessoa assim, tanto mais quanto nos lembramos dela enérgica, poderosa. Mas acho que o filme não evidencia tão bem como se calhar podia o papel que Thatcher teve na vida política inglesa (e mundial), penso que poderia ter sido um pouco mais reforçada a componente histórica (embora vejamos alguns trechos da sua actuação em Downing Street - a última reunião é um momento marcante, o verdadeiro momento da disrupção -, a revolta nas ruas, os apupos). Além disso, aquelas idas para trás no tempo, que acompanham a sua memória, criam uma certa interrupção emocional, se é que assim me posso exprimir. No entanto, é um filme que se vê muito bem e a toda a composição da Meryl Streep é uma daquelas coisas que ficará para a história do cinema. A ida dela ao médico, pela interpretação e pelas palavras ditas, é uma cena fantástica.

[Éramos para, a seguir, ir lanchar mas um dos meus amigos tinha que ir para casa, fazer a mala, ia para Londres de onde, depois, seguia para a China e, por isso, depois, cada casal foi à sua vida.

A mulher ia ajudá-lo, anda preocupada com ele, contou-me, quando estávamos no Chiado, que ontem chegou a casa numa neura, esteve que tempos fechado no escritório a telefonar, quase não falou, depois recebeu outro telefonema e voltou a fechar-se, nem quis contar o que se passa, mal dormiu, e depois estas viagens, estas maçadas. Na opinião dela devem ser chatices com os novos accionistas. Eu disse-lhe que se calhar é isso.

Quando, depois do cinema, nos despedimos, ela disse-me, 'Olha, não te esqueceste, pois não?'. Pelo canto do olho reparei que o marido se espevitou logo, tentando perceber. 'Não, claro que não, estou em pulgas, até tenho andado a ver umas coisas, quero ir já com algumas ideias.'. Ela riu, doce, quase em segredo 'Vamo-nos sair bem, vais ver, já comprei até umas pecinhas, nem vais acreditar...'. Marota.

Beijinho, beijinho.

Quando já estávamos despedidos, voltei-me para trás e lembrei-o: 'Olha lá, não me enviaste o número de telefone daquela tal advogada.'. Até corou. A mulher percebeu a atrapalhação (as mulheres são rápidas): 'Qual advogada?'. 'Uma sujeita que parece que é muito boa'. Disse eu com o ar mais profissional do mundo. 'Mas deixa, na segunda ligo para a tua secretária, tal como falámos'.

No carro, contive-me para não me rir. Bad, bad girl. Mas, tirando isto, no resto do tempo portei-me sempre muito bem.  Mesmo quando ela, no restaurante, me disse, quase em segredo, 'Sempre arranjei o livro' e ele ficou de ouvido alerta a ver se ouvia mais, limitei-me a perguntar 'Ah, sim, e estás a gostar...? (ao que ela me respondeu a rir: 'Que ideia...Achaste que era para mim? Tens coisas...').

Mas durante o tempo todo fomos três casais felizes, bem dispostos, sem nada a esconder.]

. &.

Tenham, meus Amigos, um belo domingo!

19 comentários:

patricio branco disse...

O amor pelo rio é já uma fidelidade, um motivo quase sempre presente nos textos e nas imagens do blogue.
um rio, lago, mar têm realmente a sua beleza e simbologia. caminho regularmente ao longo do passeio do paredão à beira mar, o malecon como se diz em lingua espanhola. A visão do mar, o ruido das ondas, o cheiro a maresia, os reflexos da luz, o ar limpo, tudo isso é de facto agradavel.

Belissima fotografia a do balcão da fachada que vai ser preservado.

as lulas foram fritas, imagino, ficam bem com esse tipo de molhos.

sobre cinema, os ingleses tomam atenção às suas figuras publicas, mesmo que recentes. Foi the queen, o discurso do rei, a loucura do rei jorge, agora a dama de ferro. outros sobre personagens mais antigos, de historia não recente.
para alem de se gostar ou não, penso que essas peliculas têm um bom valor pedagógico e informativo para os cidadãos do país, dá lhes motivo de reflexão sobre as suas figuras politicas, instituições e história.
para os espectadores doutros países a película será naturalmente vista doutra maneira, não nos diz tanto o tema que não é nosso, vemo lo como um simples filme de enredo.
outra pelicula mas sobre uma figura dos eua é j. edgar. Gostei e não gostei. o da tatcher não vi.

A Matéria dos Livros disse...

Gostei do passeio pelo Chiado. É uma zona de Lisboa linda, em especial quando o sol brilha despudoradamente.
A sua fotografia da medusa também é uma maravilha! Está perfeita, pelo jogo de formas e pelo braço e câmara da fotógrafa.

... quanto ao caso: narrativa muito bem encaixada, a continuação do "suspense", estilo realista, tudo verosímil. E "bad, bad girl, indeed"; coitadinho, já estou com pena do seu amigo!
(No comentário de ontem, houve um mal-entendido. O incómodo do pecado será do marido, não da leitora curiosa. Mas todas as mulheres seguem esse caminho? Não haverá outras formas de mostrarem o seu "domínio"? E as que se resignam, ou aceitam, aparentemente? Lá no meu canteiro vou "meditar" sobre várias possiblidades - aqui riso, que o silêncio do ecrã não permite mostrar.)

Maria disse...

Jeitinho amiga:
Hoje fez-me sonhar. Queria um dia assim.
Desculpe a pobreza da resposta. Saiu assim: torto, pobre, mas feito de rajada, como tudo o que faço:

Lisboa vista do Ginjal

Com Jeito manso e máquina na mão,
Segue pelas ruas do Ginjal.
Do lado de lá, Lisboa, a Bela.
O vento e o frio passam por ela,
Ela quer ver Lisboa a bem ou mal,
E fotografa com o coração.

Atravessa o Rio e, as gaivotas,
Fazem-lhe inveja porque voam.
Eu sinto o mesmo, queria ser assim.
Mas voar, amiga, para mim,
Só nas aves de metal que atordoam.
Ter asas, já não é para velhotas!

Vai depois ao Chiado, velho amigo!
Para na Bertrand dos meus amores,
Tira fotos de lojas e, por fim,
Vai ver o filme que eu queria para mim!
Jeitinho manso, diz-me havia flores?
E castanha assada? Para a outra vez, irei contigo.

Maria

Beijinho
Maria

Um Jeito Manso disse...

Caro Patrício Branco,

Sou bicho de mar, cresci ao pé do mar, sempre vivi a ver a água. De vez em quando desloco-me até ao mato onde me sinto como pássaro que se acolhe ao ninho. Mas, regra geral, é junto à água que preciso de estar.

E quer aqui no meu Malecon (gostei!), quer em Lisboa de que tanto gosto, é como quando estamos com aqueles que muito amamos: não nos cansamos, há sempre qualquer coisa de novo, de aspectos que acarinhamos como se fossem únicos, originais. Vejo, encantada e fotografo e depois gosto de partilhar. Penso sempre que os meus leitores já devem estar fartos de tanto do mesmo mas espero que me desculpem.

As lulinhas pequeninas, cortadinhas às rodelas fininhas, muito sequinhas, eram fritas, sim senhor. Já lá fui acrescentar no texto.

Também já dei uns retoques no texto da Thatcher. Percebo o que diz e é uma forma de recordar e mostrar respeito e admiração pelas figuras do país. Mas nãos sei se foi do permanente flash back ou se ia à espera de maior destaque ao seu legado político, não vim deslumbrada. Mas, de qualquer forma, é filme a não perder. A Meryl Streep está extraordinária, deve mesmo ser vista pois é mais uma inesquecível composição. Acho que gostará.

(E, se calhar, também sou eu que tenho pavor da demência e fico um pouco perturbada quando vejo como uma pessoa pode ficar quando é tocada pela pouca sorte de ter esta doença)

Um Jeito Manso disse...

Olá Leitora de A Matéria dos Livros,

É tão bom passear em Lisboa, é uma cidade tão afável e este 'quarteirão' é tão bonito, tão vivo.

E as medusas, tão lindas, e depois acendem dentro do aquário, pequenos focos de luz, às vezes lilás, às vezes verde - e as medusas luminosas, transparentes, coloridas. Eu não queria que o meu braço aparecesse mas não consegui. Elas mexiam-se e eu tinha que ser rápida e aquilo reflecte mas só na fotografia, lá não parece reflectir.

Quanto à mulher do giraço, percebi agora a sua obervação. Parecia-me que estava a dizer que não achava nada bem que a minha amiga pecasse... Mas não faça juízos precipitados, ainda não descobri se ela anda a tramar alguma. Ou melhor, que anda, anda, mas ainda não sei o quê. Mas que eu acho que, por trás daquele ar doce e radioso, existe uma certa propensão ao deslize para 'fora da sua zona de conforto'.

Já lá vi o texto da Luísa Dacosta e sei que há tanto caso assim. Mas, cá para mim, a minha amiga não é nada assim.

Está a agradar-me muito a ideia de que haja várias vozes sobre esta história. Acho empolgante, até.

Obrigada por tudo, pelas palavras, pelas reflexões, pela voz da oficiante que surgiu lá pelos seus lados.

Um beijinho.

Um Jeito Manso disse...

Querida Mary,

Consegue imaginar a minha surpresa, a minha emoção, ao ler este seu poema tão querido, tão bonito?

Tão bem que reflecte o que eu sinto e faço e que contente que fico que lhe tenha levado os meus passeios para dentro da sua casa.

Escreveu à pressa? Mas saíu-lhe tão bem, já aqui o estive a ler em voz alta e foi muito apreciado. Parabéns aqui de casa para si, querida Maria!

Mas, oh Mary, qual velhota? Sexagenária...? A precisar de ajuda para atravessar a rua...?

Não senhora, nada disso. Uma jovem, tão cheia de alegria e vivacidade, toda gira (... já espreitei lá no seu perfil e já vi como é a minha menina!).

A ver se da próxima vez que eu por lá ande, dê com a menina, passeando, feita turista, toda animada...!

Um beijinho, Maria e muito, muito obrigada pelo poema!

Teresa Santos disse...

Jeitinho manso,

Belíssimo e completo dia.
Do passeio, à fotografia (lindas), à visita, uma vez mais, pela nossa tão amada Lisboa.

A Av. de Roma/Avenidas Novas e uma "zona com patine". Subscrevo!

E o cinema, e as amigas, e as cumplicidades próprias destas situações.

E a realidade a entrar pela ficção.
Ou será a inversa?!

E o triângulo que está formado: o marido, a mulher, a advogada.
O herói, numa aflição.

A narradora? Uma bad, bad girl.

E eu, deleitada, a ler cada palavra, a seguir cada momento.

Abraço.

Tété disse...

Point 1: E então a minha querida amiga quer saber que eu tinha uma gaivota que voava até à varanda de um 7º Andar da Rua Castilho para me visitar quase todas as manhãs?
Toma!
Point 2: E eu que quero tanto ver a Dama de Ferro. Quem mandou ir primeiro? Vou ver se consigo ir esta semana.
Point 3: Esta estória está ao rubro. Ficção ou realidade todas nós temos estórias que se confundem entre as duas. Mas esta promete mesmo.
Beijinhos

patricio branco disse...

meryl streep acaba de ganhar um premio cinematografico na irlanda pelo papel, leio.
tenciono ver e entretanto li algo do que se escreveu de criticas, nomeadamente que se pode tambem ver como uma pelicula sobre o envelhecimento e a decadencia mental que atingiu uma figura politica que marcou o reino unido no seculo passado. ie. mais ainda que sobre a primeiro ministro de então, seria sobre a tatcher do presente. será assim?
Entretanto, passados 30 anos sobre a guerra das falkland ou malvinas, veem-se preocupantes movimentações da presidente da argentina revolvendo o assunto e apelando novamente ao nacionalismo dos argentinos a propósito das ilhas.

Um Jeito Manso disse...

Olá Teresita (esta minha casa é muito frequentada por Teresas),

Lisboa é sempre linda, especialmente em algumas zonas (outras nem tanto: estradas, prédios, carros, falta de lugares para estacionar, etc). Mas eu relevo e prefiro louvar aquilo de que gosto.

Gosto imenso da Av. de Roma. E há lá, a meio, uma gelataria que tem os melhores gelados do país.

Quanto à história... não facilite Teresita. Triângulo?! Acha que eu ia aqui relatar uma historinha de crianças...?

Eu ainda não sei bem se ali há coisa, ainda ando às apalpadelas, mas quer-me cá a mim parecer que é capaz de haver um quadrado. Mas não sei, vou ver se apuro mais factos e vou relatando.
E vou ver se me porto bem, não quero ser a má da fita.

Um beijinho, Teresita.

Um Jeito Manso disse...

Olá Teresa-Teté,

A sério isso da gaivota? O que eu iria adorar... Gosto imenso de ver gaivotas, são seres livres, atravessam o espaço com uma rapidez, são lindas.

Vá ver o filme, eu não fiquei 100% rendida mas se calhar é porque ia com demasiadas expectativas. A Meryl Streep está inacreditável.

A estória? Verdadeira? Ficcionada? Uma coisa que está a acontecer agora? Que aconteceu há algum tempo? Quem fala sou eu? Ou eu sou uma das personagens?

Pois... ainda não sei. Os próximos capítulos, se eu tiver verve para tal, o dirão.

Um beijinho, Teresa-Teté e tenha uma semana muito alegre, está bem?

Um Jeito Manso disse...

Caro Patrício Branco,

A Meryl Streep deve ganhra tudo o que há para ganhar, imagino eu. A representação dela é fantástica.

E sim, o filme é essencialmente sobre a Thatcher de agora, baralhada, a falar com o Denis, o marido morto há vários anos, a arrumar as roupas dele em sacos, a baralhar o passado com o presente. Mas com momentos de ausência, durante os quais recorda coisas do passado. A ascensão no partido, quando foi eleita para deputada, quando foi primeira ministra. Esses momentos vão e vêm e, por isso, o filme vai e vem entre o passado e o presente.

Quando eu disse que o filme me tinha transmitido muita tristeza foi por isso, a demência assusta e é triste.

Pôr do Sol disse...

Lisboa tem uma luz fantastica.

Tambem gosto de me fazer de turista e olhá-la como se nunca a tivesse visto, descubro sempre algo novo.

Olhar as gaivotas à beira rio no seu bailado sonhador vou tentando descobrir Fernão Capelo.Hoje observei o seu engenho para o petisco: arrancam os mexilhoes das rochas e sobem bem alto largando-os sobre a margem, a casca parte-se e elas vêm despudoradamente deliciar-se.

Acabei almoçando em familia no velhinho Café Imperio, familiar, classico e tristemente dividido, cujas pinturas acabarão por perder-se. Confidenciou-nos o Gerente que infiltrações dos vizinhos de cima tornam dificil as obras e a recuperação daquele painel. Cedencias que a CML não devia fazer.É a minha opinião.

Curiosamente, ou não, pensei na viagem do seu bonitão.Presinto que não vai correr muito bem. Já parte preocupado, inseguro e os negocios com a China não vão ajudar.Estes habituaram-se a comprar obra feita e lucrativa, por pouco dinheiro. Mas isto é so um aparte.

A sua amiga ficou desconfiada e aguardará que lhe conte o que se passa para necessitar de uma outra advogada etc etc.

Sei que arranjará uma boa desculpa e julgo que a vai ajudar na festa (de aniversário dele?), não seja mazinha com o presente mas faça-o sofrer um bocadinho.

Até amahã

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

Ah, também gosta de ver as gaivotas? Eu ainda hoje voltei a vê-las e a fotografá-las, agora na praia. São lindas. Nunca as vi a comer mexilhões. Isso daria umas belas fotografias...

Há que tempos que não vou ao Café Império. Refere-se ao da Almirante Reis, não é? Dantes ia lá de vez em quando. Tinha uma tia que morava ali em frente.

E cheguei a ir ao cinema ao Cinema Império e ao Satélite, acho que era esse o nome. Ou estou a confundir com o que havia dentro do Monumental?

Quanto ao meu amigo e à mulher, minha amiga, a coisa anda estranha, ela anda preocupada com ele e confidencia-me tudo e eu tenho que fazer ali um jogo de equilíbrios...

Mas tenho que evitar fazer juízos precipitados, a gente nunca sabe bem o que se passa dentro da vida dos outros, não é?

Festa de anos, diz-me? Mas agora nenhum deles faz anos...

Não me dê ideias, olhe que eu sou a bad girl...

Um beijinho!

Pôr do Sol disse...

Olá outra vez.
Agradeço a sua resposta ao meu comentario sobre Maria Guinot.

Ficou-me a curiosidade e a saudade daquela mulher e da sua voz linda. Fui saber mais e fiquei triste.

Este País não merece os artistas que tem.

Aquela mulher marcou uma época e ainda tem tanto para dar. A vida é madrasta e é sempre na saude que se reflete.

Porque sem saude nada é facil, concordo com a sua opinião sobre o filme de A Dama de Ferro, vale pelo papel de uma actiz sem limites.

É triste como historia, por ser reeal.

Boa noite, boa saude.

Um Jeito Manso disse...

Pôr do Sol,

Não sei o que aconteceu à Maria Guinot. Vou saber. Gostava muito dela, era uma mulher com personalidade e compunha e interpretava muito bem.

Obrigada.

rosaamarela disse...

Este fim-de-semana fui ver - os descendentes -, senti-me incomodada e mais incomodada estou porque não sei porque fiquei incomodada, quase que saí logo nos primeiros 20 minutos.

Agora espero ansiosamente ver Meryl Streep, sim parece-me que o que há para "ver" naquele filme é aquela grande dama, exactamente
a extraordinária, Meryl Streep.

bom dia!

Um Jeito Manso disse...

Rosita, olá,

Pois ainda não vi os descendentes mas também não estou com muita disposição para ver uma mulher em coma e o marido sozinho com as filhas, coisas assim fazem-me um bocado de aflição, nem quero pensar nessas eventualidades.

Este também é um pouco triste mas a interpretação da Meryl Streep compensa bem. Vai gostar de a ver, vai ver.

Um abraço!

rosaamarela disse...

Ainda sobre as caminhadas na baixa de Lisboa, há uma coisa de que gosto muito, a música e as estátuas humanas, estas são mais "clean" que as que vi em Roma ou Barcelona.