quinta-feira, dezembro 22, 2011

Portugal passa a democracia com falhas; Poul Thomsen quase implora a este governo saloio que não exagere no combate ao défice e que não mexa no que não deve. E eu, com tanta desgraça, recordo, saudosa, o candidato Manuel João Vieira.


Dias de chumbo, pesados, nada de bom é noticiado, só ameaças. Menos direitos, menos rendimentos, mais aumentos, menos férias, aumento das taxas moderadoras na saúde, aumento das filas de espera para cirurgias, cortes, cortes, cortes, piores condições em tudo, uma razia no País, um ataque aos portugueses.

Isto no dia em que a UE prevê uma perda de 6% no poder de compra dos portugueses, e os da troika falam como se governassem o país, querem que os médicos atendam mais doentes, que se reduza ainda mais nos gastos da saúde, que se corte mais na educação, e que se faça isto, e aquilo e aqueloutro.

Portugal, um país rendido, um protectorado, um país tornado servil, submisso, amedontrado. Um fraco rei faz fraca a forte gente.

Vejo também nas notícias o Seguro com aquele ar de bom menino, mal disfarçando como se sente importante por o amigo Passos Coelho ter querido falar com ele. E os jornalistas, em matilha, microfone espetado, 'sobre que falaram?', e ele importante, que 'tem uma regra de ouro', que não diz nada e os jornalistas, 'mas falaram sobre quê?' e ele, sorrisinho sonso, que não, que não diz, que não diz, a boca em biquinho, 'não insistam, que já sabem que não digo'. Grande momento televisivo.

Como se fosse importante... Juntam-se duas fracas figuras, dois amigos, ex-jotas, formados na arte de bem falar e nada dizer, nenhum dos dois com a estaleca necessária para enfrentar as adversidades que aí estão - e alguém acredita que tenham dito alguma coisa que valha a pena...? Poupem-me.

Entretanto, como se já não bastassem as agências de notação sempre a morderem-nos as canelas, cãezinhos raivosos e irritantes, autênticas bichas de rabiar, eis que hoje a Economist Intelligence Unit do The Economist vem dizer que Portugal passou de democracia plena a democracia com falhas. Nem mais. Quando ouvi isto até engoli em seco. E porque somos agora uma democracia com falhas? Pois... erosão da soberania e da responsabilidade democrática. E o relatório chama ainda a atenção para o facto de que em alguns países já não são os governos eleitos que definem as políticas, mas sim os credores internacionais, como o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional. Pois...

Mais humilhações...? Ah pois houve.

Poul Thomsen, líder da troika, assustado com o fundamentalismo da troika-saloia formada por Passos Coelho, Vítor Gaspar e Carlos Moedas, veio dizer que o dinheiro das pensões dos bancários não devia ser usado para pagar facturas, que em época de crise cavada se poderão ajustar os objectivos do défice, que, se não se atingirem os valores previstos, paciência, que as coisas não se podem fazer às cegas.

Ao que chegámos, senhores.

E mais...? Ah pois houve.

Mas olhem, meus amigos, já estou farta de falar desta gentinha e, por isso, por hoje, vou aqui recordar um candidato que, neste momento, talvez tivesse o meu voto.

E, portanto, daqui lanço um apelo: volta Manuel João que estás perdoado, vem salvar este País!

(Meus amigos de ouvidinhos sensíveis: ponham, por favor, uns auriculares para não ficarem chocados com alguma expressão mais poética porque já sabem que o Manel João é danadinho para versejar. Ouçamo-lo num empolgante discurso, há uns anos atrás)





Divirtam-se, meus amigos, divirtam-se. E, olhem, força aí, não se deixem deprimir.

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