Na senda dos posts anteriores, nomeadamente das recomendações de Tom Peters (e de muitos outros!), volto às linhas de força das suas conferências, em que explica que as mulheres deverão ser o target market de qualquer empresa ou organização.
Os estudiosos deveriam analisar se isto se aplica à política, ou melhor, se em politica, as mulheres são também as principais decisoras.
Não sou feminista. Apesar de trabalhar num meio essencialmente masculino, não me interessam os argumentos feministas. Em geral, não acho que as mulheres sejam melhores nem piores que os homens, nem me parece que homens e mulheres devam ser olhados como iguais porque não são. Há diferenças que devem ser valorizadas. O que deve haver é igualdade de direitos, em sentido genérico.
Ao longo da minha vida profissional tenho chefiado homens e mulheres (só fui chefiada por homens) e tenho colegas homens e mulheres (maioritariamente homens, ou melhor, até há pouco tempo, exclusivamente homens) e identifico claramente diferenças significativas entre uns e outros - e essas diferenças devem ser reconhecidas e aproveitadas no bom sentido.
E, em minha opinião, é pena, muita pena que haja tão poucas mulheres em lugares de gestão de topo quer nas empresas, quer nas organizações em geral, nomeadamente nas políticas.
Mas passo a palavra a Tom Peters (e, tal como referi no post abaixo) volto a colorir e aumentar a letra tal como ele costuma fazer:
* As mulheres governam. As mulheres poupam. As mulheres gastam. As mulheres decidem.
* Mulheres > 2 x (China + Índia)
(Ou seja, no conjunto, as mulheres representam um mercado crescente, maior que a China e a Índia juntas, maior que o dobro, na realidade.)
=> Esqueçam a China, a Índia, a Internet: a economia é conduzida pelas Mulheres!
Segundo Tom Peters conta:
Foi feito um teste muito simples. Seleccionou-se um homem médio (*) e uma mulher média e foi-lhes feito o mesmo pedido: que partissem da mesma entrada de um grande centro comercial e que comprassem um par de calças GAP. Não lhes foi fixado um budget nem limite de tempo.
(*) Médio a nível estatístico
Ambos atingiram o objectivo.
Mas de formas totalmente distintas:
> O homem começou por se informar onde era a loja GAP, dirigiu-se lá e regressou ao ponto acordado. Levou 6 minutos e gastou o valor das calças, $33.
> A mulher percorreu calmamente todo o centro comercial, gastou 3 horas e 26 minutos e gastou $876.
E nada de conclusões precipitadas - e agora sou eu a falar : que os homens não façam um sorrisinho sarcástico porque, daqui, não se pode concluir que as mulheres são fraquinhas da cabeça, fúteis, etc.
Há de facto uma outra forma de ver as coisas: as mulheres são mais curiosas, mais aventureiras, descobrem oportunidades, adquirem conhecimentos de forma mais espontânea, comparam antes de comprar, e, reconheçamos: estimulam o consumo que é um dos grandes motores da economia.
Volto a dar a palavra a Tom Peters:
E nada como valores objectivos.
Segundo um estudo desenvolvido há já alguns anos, as mulheres são decisoras nas seguintes percentagens por área:
- Mobiliário – 94%
- Férias – 92%
- Casas – 91%
- Electrodomésticos – 51% (embora em 66% quando se trata de computadores para casa)
- Carros – 68% (mas influenciam em 90%)
- Assuntos de saúde – 80%
- Contas bancárias – 89%
Eu de novo: Muitos mais poderia referir mas escuso de continuar, não é?
E poderia dissertar sobre o absurdo que é continuar a negligenciar esta realidade. Algum desses cavalheiros que por aí andam a dizer disparates, de comício em comício, a acusarem-se mutuamente, alienados da realidade que é o acordo com a troika, alguma vez pensou no que a principal fatia do eleitorado (as mulheres) pensa dessa forma de fazer política? Aposto que não.
E porque se deixam as mulheres governar por quem não reúne condições para tal?
E porque deixamos que as mulheres estejam relegadas para secundaríssimo plano? As únicas mulheres que aparecem nos nossos governos são em minoritário número e apenas em pastas ligadas à área social ou cultural.
O que se passa, especialmente cá em Portugal, é uma certa indolência feminina, nomeadamente a nível político.
E porque deixamos que as mulheres estejam relegadas para secundaríssimo plano? As únicas mulheres que aparecem nos nossos governos são em minoritário número e apenas em pastas ligadas à área social ou cultural.
O que se passa, especialmente cá em Portugal, é uma certa indolência feminina, nomeadamente a nível político.
Percebe-se: não há pachorra para andar em comícios trauliteiros, a aturar esta gentinha que tomou conta dos partidos, a ser lambuzada pelas ruas, a ter que subir a palcos para gritar banalidades. Ou a ter que aturar demagogias, jornalistas impertinentes, a não ter fins de semana, jantares em casa com a família, sossego.
Mas acho que um dia destes vamos ter que deixar de estar aqui a escrever ou a ler blogues e vamos ter que ir à luta.
Minhas amigas leitoras, um dia destes vamos ter que nos chegar à frente, ok? |
2 comentários:
ser feminista é respeitar os direitos das mulheres, direitos humanos e direitos políticos. impedir, por exemplo, q sejam discriminadas no acesso aos lugares de topo das empresas, universidades, instituições... (o chamado "glass ceiling").
Não, Packard, isso não é ser feminista, isso é ser cidadão e, como tal, exigir o cumprimento das responsabilidades da cidadania.
Tanto quanto julgo saber, uma (ou um) feminista defende direitos especiais - ou em especial - para as mulheres.
Ora eu acho que, ao nível a que refere, não deve haver reivindicação de direitos desse tipo para mulheres (tal como não faria sentido, reivindicá-los para homens). São lugares a que se deve aceder por mérito, por aptidão para a função, independentemente do sexo.
E, da minha experiência, mulheres que o merecem chegam lá.
Pode é acontecer que haja, nos lugares ainda acima, naqueles em que estão as pessoas que tomam decisões de selecção, falta de visão, falta de aptidões para fazer boas escolhas e aí pode acontecer que se prendam com pormenores, como o de ser mulher. Mas, se falham nisso, falham também noutras coisas, não apenas nisso.
É claro que a minha experiência é a das empresas mais 'evoluídas' - digamos assim. Pode acontecer que em empresas em que os patrões são ignorantes, ainda aconteçam discriminações pelo género. Mas acontecerão tantos outros actos de má gestão que a única coisa a fazer é conseguir que eles tenham formação - quiçá com as Novas Oportunidades...
Sabe, sempre que tenho contactado com mulheres que têm um discurso de vitimização ou com reivindicações de tipo feminista, tenho sempre achado que, de facto, não estão vocacionadas para as funções que pretendiam alcançar.
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