Fazendo a média entre as duas sondagens divulgadas nestes últimos dias, poderá dizer-se que, à data da sua sua realização, há sensivelmente um empate técnico entre Sócrates e Passos Coelho.
Apelando a alguns conhecimentos de probabilidades e, sobretudo, ao senso comum, poderá dizer-se que, a julgar pela tendência que se vem desenhando e, ainda mais, analisando o que vem acontecendo, sou tentada a dizer que, realizando a sondagem hoje, a diferença se acentuaria a favor de Sócrates.
Mas, como é possível? Sócrates esteve no poder nos últimos 6 anos, o país acabou de ter que pedir apoio externo, o país está agrilhoado a um acordo que o obriga, sob supervisão de funcionários estrangeiros, a apertar o cinto, a arrumar a casa como há décadas o não fazia. A economia não está bem e a auto-estima nacional está péssima.
E, apesar de tudo isto,... a população continua a apostar em Sócrates para 1º ministro?
Dá para entender?!
No entanto, não são precisas explicações muito científicas para perceber a coisa.
Suponham os meus amigos que são homens (talvez alguns não tenham dificuldade nisso). Suponham agora que têm umas calças (que alguns achariam fora de moda, outros que o tecido não é grande coisa, mas enfim, gostos não se discutem) mas que já têm algum brilho, com as presilhas um bocado gastas, a parte de baixo, a que roça nos sapatos, já a dar mostras de querer desfiar.
Resolvem: está na hora de mudar.
Vão à loja comprar outras e os meus amigos, que têm um gosto comum, começam a ficar preocupados: vêem umas à boca de sino, um pouco curtas, new fashion, outras aparentemente muito male mas, afinal, justinhas, de lycra, tipo calcinha de bandarilheiro, outras de caqui com peitilho, dão voltas e mais voltas e conseguem descobrir umas mais ou menos normais, animados lá vão provar e afinal são 3 números abaixo, pedem à empregada que veja se tem o vosso número e ela, depois de 10 minutos lá para dentro, no armazém, aparece com umas dobradas, afinal tinha, vêem o número e é o vosso e, ufff, dirigem-se para a caixa. No balcão, quando as empregadas as abrem para as acondicionar no saco, viram-nas e explica-vos que a parte escura era o avesso e... o que fica à vista são umas calças às cores, com a braguilha abotoada com grandes botões dourados, com presilhas para o cinto encarnadas, com borboletas pregadas nos bolsos, com o bolso de trás bordado a lantejoulas 'make a better world' e que, afinal, o que parecia um par de calças normais não passa de uma maluquice da pior espécie.
O que fazem os meus amigos?
Presumo que, se de facto são pessoas com um gosto comum, encolhem os ombros e, que remédio, continuam com as mesmas calças: desistem, para já, de mudar.
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