Christine Lagarde que, no pico da crise mundial, afirmou que o problema residia no excesso de testosterona no topo das instituições financeiras internacionais, correspondendo aos vários apelos europeus que se vinham a fazer sentir, anunciou-se hoje como candidata a directora geral do FMI.
É uma excelente notícia.
Christine, que reúne, pois, o apoio de grande parte das instituições e governos europeus, é uma pessoa extremamente popular e não apenas em em França: a sua competência é unanimemente reconhecida.
Anunciou que porá ao dispor do FMI o facto de ser experiente, competente e mulher. E o facto de salientar o facto de ser mulher como uma vantagem explícita é um bom augúrio. Quando uma mulher se acha indiferenciada quanto ao género quando desempenha uma função, já fico de pé atrás.
Christine Lagarde, a rainha da alta finança, uma entre iguais - ou melhor, primus inter pares |
Como ontem referi, no desempenho de muitas funções há vantagens notórias em ser-se mulher (porque constroem redes mais sólidas e duradouras, porque são mais multi-tasking, porque mais facilmente desenvolvem empatias o que é fundamental nos relacionamentos [nomeadamente nos profissionais], etc).
Christine Lagarde, é, além do mais, uma mulher do seu tempo. Muito segura e profissional, sem descurar a elegância, nas suas impecáveis toilettes, ela é bem a francesa bcbg, bon chic bon genre, chique, sofisticada.
A mim, se há coisa que me desagrada é ver aquelas mulheres muito neutras, sem uma joiazinha, sequer uns brinquinhos, tailleur cinzento de calça casaco, corte direito, camisa impessoal, modos de executiva assexuada, sempre disponíveis para andar de viagem, para chegar a casa às quinhentas, para jantar fora em serviço, como se não tivessem família ou vida própria. São umas chatas.
Vamos ver se vinga a sua candidatura, mas tomara que sim. Era o pior que, nesta altura, poderia acontecer a esta Europa mal parida, mal desenvolvida, com graves problemas de crescimento, com graves assimetrias, com uma população estagnada, com os nacionalismos a borbulharem um pouco por todo o lado, é que, à frente do FMI, ficasse algum macho man neo-liberal, linha dura, deixá-los falir, deixá-los aprender, há que concentrar a ajuda nos pontos do globo.
Vamos, portanto, torcer por Christine, the silver lady (parece mais velha do que, na realidade é, está nos 55 anos, mas aquele cabelo branco fica-lhe a matar).
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