Por falta de tarimba política ou por falta de jeito ou porque estamos a assistir à demonstração do Princípio de Peter, Pedro Passos Coelho demonstra à saciedade uma total incapacidade em encontrar uma mensagem que mobilize quem quer que seja - conduziu mal as coisas, não anteviu a dimensão da crise que estava a provocar, não avaliou o quão impreparado o PSD ainda estava e, agora, semanas decorridas sobre o chumbo do PEC 4, para espanto do País, continua à deriva.
Não tendo ele uma visão para Portugal, entregou a obtenção de ideias a vários grupos, os quais, na ausência de liderança, adquiriram vida própria. Tal como tem sido referido, são académicos (ou mesmo gestores) sem preparação política, outros sem noção do impacto social ou político das propostas que engendram. Mas, sobretudo, falta a Pedro Passos Coelho mão ou, melhor, punch para os agarrar ou conduzir e, então, o que se vê é que aquela gente anda descoordenada, a dar ideias a eito, à toa. Agora vai acabar (ou já acabou) com os grupos de trabalho, sem ser capaz de dali extrair qualquer bissectriz. Tempo perdido, oportunidades perdidas.
Depois, estranhamente, no meio daquele voluntarismo académico, aparece um sénior (mas que deve estar a passar por algum mau bocado): Catroga, colega de curso, amigo pessoal e ex-ministro de Cavaco Silva, depois da imparável e caricata veia epistolar, aparece-nos agora desfigurado, aspecto hipertenso, cara vermelha, congestionada, a falar da pensão de reforma ou do subsídio 'ou coisa assim' dos velhos, a incitar os jovens a processarem criminalmente o primeiro ministro, e a boca escancara-se, espumando de raiva, numa inusitada agressividade (numa altura em que toda a opinião pública apela à concertação).
Catroga, aqui está muito comedido. Não consegui encontrar a fotografia do momento em que espumava com uma raiva mal contida |
E quem, em casa, assiste a esta violência quase apoplética, fica perplexa com este PSD.
Mas o desconchavo não se fica por aqui.
No lançamento do livro 'Um homem invulgar', Laura Passos Coelho e a autora, Felícia Cabrita |
É que, ao mesmo tempo, Pedro Passos Coelho aparece-nos por outras vias, agora nas revistas cor de rosa, a querer agradar às donas de casa, à classe média-baixa: diz a Srª D. Laura que o seu maridinho é imparável a fazer doces, e ele confirma: 'sou especialista em farófias, em papos de anjo, em queijadas'.
Mas alguém escolhe um primeiro-ministro por ser bom em papos de anjo?
Ridículo.
Já antes a senhora nos aparecia sorrindo beatificamente de mão dada com o maridinho, sentados na sala, e a conversa versava o quanto gostam da família e da saúde e assim e boa páscoa a todos. Uma cena deveras massamasiana.
Hoje ouvi o Doce Jota PPC a dizer que o PSD está de cara lavada e de bolsos lavados. O que quer ele dizer com isto? Bolsos lavados? Só parvoíces, só parvoíces.
E ao mesmo tempo que diz que só divulga o programa eleitoral depois de conhecidas as medidas da troika, vai já distribuindo rebuçados, dizendo que não vai baixar ordenados nem subir impostos, mas acrescenta que, a seguir, quando for governo, pode mudar as medidas aprovadas (a troika deve adorar ouvir isto...) e tudo isto é um caldo em que nada joga com nada, em que juntando tudo só fica a sensação de que dali só sai disto, só parvoíces. Um verdadeiro conjunto vazio.
Imaturo, politicamente infantilóide, impreparado, Pedro Passos Coelho não dá mostras de estar minimamente à altura das responsabilidades que lhe seriam exigidas. A imagem, fantástica, foi obtida na net, aqui. Não admira, pois, que agora, como no tempo do outro Pedro, do Santana Lopes, sendo o PSD como é, os irmãos mais velhos já andem a dar pontapés no bebé fraquinho, muito fraquinho, que está no berço (ou na incumbadora) |
Só que isto não é para a gente se rir... o momento é grave e exigia gente capaz.
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