Creio que Lágrimas e Suspiros foi o primeiro filme de Bergman que vi. Vi-o uma única vez e muitas das suas cenas ficaram-me gravadas, impressionou-me muito.
Na altura via todos os filmes de Bergman. Hoje não sinto em mim a disponibilidade emocional para o tornar a ver.
Bergman foi o cineasta das grandes emoções, dos sentimentos profundos, dos silêncios, das angústias longamente acumuladas, dos tormentos relacionais, dos ciúmes inconfessáveis, dos ódios indeclaráveis, da dissimulação, da carência suprema, dos limites insuportáveis e do amor ingerível, das paixões doentias.
Vários anos decorridos desde o último Bergman que vi, sei hoje, por conhecimento adquirido, que a vida não é forçosamente assim. Pode ser uma coisa boa e não um fardo que carregamos sobre nós.
Coloco hoje, no entanto, aqui este pequeno trecho do filme porque, se de vez em quando, na vida de qualquer um, há momentos assim, de raiva acondicionada sob uma espessa camada de sociabilização, é minha opinião que alimentar estes estados de alma é corrosivo, não é benéfico para ninguém, é desperdiçar o nosso mais precioso recurso (o tempo), sem qualquer compensação, é ir morrendo em vida.
Liv Ullmann aqui, bela, expressiva, intensa.
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