Pedro Mexia, uma mais-valia para o Expresso |
Verifico que todos os dias há várias entradas no Um Jeito Manso procurando escritos sobre o Pedro Mexia. Vejam bem... Acho uma graça, logo eu que sou tão desintelectual. Mas isso dá-me uma certa responsabilidade, não posso escrever qualquer disparate que me venha à cabeça.
E, tendo-me tornado expert na matéria, sinto-me na obrigação de papaguear uma notícia de que tive conhecimento noutro blogue.
(E agora vou ver se consigo falar mais ou menos a sério, tentando estar à altura do tema do post.)
Li hoje no Bibliotecário de Babel que Pedro Mexia vai deixar o Público e vai passar a escrever crónicas e crítica literária no Expresso. Uma transferência de peso, sem dúvida. Ainda bem, felicito-o.
Durante a semana não leio jornais e, ao fim de semana, de jornais, apenas leio o Expresso. E o que se passa comigo, deve passar-se com muita gente. Com esta transferência, alarga o leque de leitores e, além disso, pelo reconhecimento do seu valor, é um upgrade pessoal de que se deve sentir orgulhoso. De certa forma é correcto afirmar que o seu valor como mercadoria subiu e percebo agora melhor o seu post sobre o valor das pessoas.
Pedro Mexia é um produto vendável, disso não há dúvida. Aparece nos media e, como se sabe, isso faz vender qualquer obra impressa seja de uma Fátima Lopes, de um Jorge Gabriel ou seja de quem for.
[O target marget do produto Pedro Mexia não serão as donas de casa que consomem os programas diurnos mas, sim, quem via televisão a horas mais nocturnas, quem circula de carro à 6ª feira ao fim da tarde e ouve TSF ou quem lê blogues (onde o seu se distingue dos demais por não ser apenas um elo daquele círculo em que jornalistas, críticos literários e políticos que se comentam uns aos outros)]
Mas o seu goodwill está longe de advir apenas da sua exposição mediática.
Como tenho já referido, tem características que se lhe conhecem: escreve bem, é inteligente e, apesar de aparecer talvez demais, ao escrever, e mesmo ao falar, é circunspecto e, sobretudo, minimalista (a sua superfície de exposição é limitada) e, dessa forma, consegue resguardar-se da excessiva banalização.
Depois tem uma particularidade que o torna um motivo de interesse para o público feminino que, é sabido, é o quality and quantity market de quase tudo (as mulheres são geralmente as decision makers no purchase process, se me permitem o anglicismo do jargão): Pedro Mexia apresenta-se como um ser hetero, livre no mercado, carente e com vontade de um arrimo. Além do mais, a palavra é um dos melhores afrodisíacos e ele sabe usá-las. Por isso, imagino que o seu público seja, em parte, composto por um mulherio curioso, que deve beber as suas crónicas e posts pelo suspense de saber como evolui a sua vida emocional. (Já agora: há outras que o lêem pelo simples prazer de o ler)
Falta-lhe, contudo, ainda um plus de confiança - continua, com frequência, a resguardar-se atrás da obra dos outros. Mais do que chegar-se à frente, dando o peito às balas, ele tende, em primeira instância, a citar, invocar, notando-se um trabalho prévio de pesquisa sobre quem o diga, quem o cante, quem o filme da forma que, a ele, lhe parece adequada.
E, desta forma, se poderá dizer que a sua escrita é sobretudo reflexiva e pouco intuitiva.
Diz ele num post recente que mudar é interpretar; que a interpretação é a grande mudança - e, falando assim, é de novo o intelectual puro a falar, aquele que não sabe que mudar é fazer perseguindo um sonho, partindo à aventura rumo ao desconhecido (nada que seja passível de interpretação, portanto)
E, desta forma, se poderá dizer que a sua escrita é sobretudo reflexiva e pouco intuitiva.
Diz ele num post recente que mudar é interpretar; que a interpretação é a grande mudança - e, falando assim, é de novo o intelectual puro a falar, aquele que não sabe que mudar é fazer perseguindo um sonho, partindo à aventura rumo ao desconhecido (nada que seja passível de interpretação, portanto)
Claro que ao falar dos seus sentimentos (on line ou em diferido, tanto faz), no a-Lei Seca, ele se revira do avesso e nos mostra as entranhas. Nisso, porque de si próprio se trata, expõe-se e de uma forma tão pessoal que, certamente, inibe qualquer pessoa de ‘se meter com ele’. Há um pudor natural que a todos inibe de falar aos outros das suas vísceras à vista, ou de uma ferida aberta, ou de um buraco na manga.
Seja como for, pela forma como escreve, pela inteligência, pela cultura, é alguém cuja escrita é sempre estimulante. Para concluir, vou aguardar expectante a sua presença nos meus fins de semana.
E, desde já, os meus parabéns Pedro Mexia.
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