segunda-feira, janeiro 03, 2011

Um cisne negro no Tejo?


(Um cisne negro nas águas cinzentas do Tejo, num destes dias de pesado nevoeiro?)


É aceite de forma generalizada a definição feita por Nassim Nicholas Taleb ao fenómeno 'cisne negro' no seu livro homónimo. Trata-se de um acontecimento altamente improvável que reúne três características principais: é imprevisível; produz um enorme impacto; e, após a sua ocorrência, é arquitectada uma explicação que o faz parecer menos aleatório e mais previsível do que aquilo que é na realidade.

São aceites como bons exemplos de Cisne Negro o incrível êxito do YouTube assim como o 11 de Setembro. Eu acrescentaria também, por exemplo, a utilização de telefones móveis para trocar mensagens (primeiro escritas e, depois, também imagens), introduzindo com isso uma nova dimensão no relacionamento - de facto, mudando o paradigma da comunicação entre pessoas.

Mais recentemente foi muito referida a falência do gigante Lehmans Brothers e a incomensurável crise global que isso provocou como tendo sido um verdadeiro cisne negro que atravessou a economia mundial. Por isso, por ser recentemente associado à epidémica crise que tem alastrado pelo mundo dito civilizado, tende agora a atribuir-se à expressão 'cisne negro' o significado de fenómeno aterrador. Mas não é esse o conceito. Como se vê pelos exemplos acima, um cisne negro pode também trazer grandes oportunidades, inesperadas oportunidades, daquelas em que a oferta é, ela própria, o motor da procura. Uma inesperada descoberta científica ou tecnológica pode despoletar a oportunidade de criar negócio novo, daqueles que puxam pela economia.

Saibamos pois estar atentos. Se virmos um cisne negro não o temamos, não o rejeitemos, não o ignoremos: ele pode ser portador de uma boa nova.

Infelizmente, acho que o que vi no domingo a nadar tranquilamente no Tejo não era um cisne negro: dizem-me que era um mergulhão. Mas gostei na mesma de o ver, negro, sereno, deslocando-se num Tejo escuro, debaixo de uma densa névoa.

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