quinta-feira, janeiro 06, 2011

Presidenciais: Cavaco Silva e o BPN, Manuel Alegre e o BPP, Teggy e o populismo, Defensor Moura e a sua simplicidade

Nesta matéria das presidenciais acho que sou isenta pois, até à data, não consigo ter preferência por nenhum dos candidatos, pelo menos pelos do mainstream. A votar em alguém, estou capaz de votar no Defensor Moura.


Não conhecia o senhor de lado nenhum, não tem o apoio oficial do partido a que pertence, logo, as chances devem ser reduzidas, mas, de todos – e talvez porque mal o conheço - é o que me merece mais simpatia. Tenho gostado do seu desempenho nas entrevistas e debates: sério, simples, conciso, objectivo, firme, informado, sensato.

Sobre a lhaneza de Cavaco Silva depois de se conhecerem um pouco dos contornos da compra e venda de acções SLN já escrevi no outro dia.

Já depois de eu ter escrito, as coisas azedaram-se com os candidatos a pedirem-lhe mais explicações: ‘a quem vendeu?’, ‘como foi apurado o preço de compra e o de venda?’

Cavaco Silva não explica e, sendo um assunto do seu foro privado, numa altura em que não exercia cargos públicos, em termos gerais, poderia dizer-se que é um assunto que apenas a ele pertence, que nada tem a explicar.


Contudo, quando queremos escolher uma pessoa que seja um exemplo de honestidade, respeitabilidade, o axis mundi da rectidão moral do País, temos dificuldade em aceitar que uma pessoa que diz queos outros têm que nascer duas vezes para serem tão sérios como ele, tenha arranjado maneira de ganhar dinheiro fácil (e não é uma quantia imaterial…não: é muito dinheiro), fechando os olhos sobre a forma como o dinheiro se reproduzia tão facilmente.

Quem prega sobre a má moeda ou sobre a imoralidade que é uns ganharem tanto e outros tão pouco, fica com a sua legitimidade ferida quando suspeitamos que aquela operação, foi basicamente uma negociata entre amigos, uma maneira ‘legal’ de ele ganhar dinheiro sem mexer uma palha. Tudo poderia até ser legítimo: um amigo arranja uma forma de dar dinheiro fácil a alguém influente. Só que, azar dos azares, esse amigo afinal está agora indiciado pela prática de vários crimes, esse amigo, com essas e com outras negociatas, levou o banco para um buraco tal que agora os contribuintes (entre os quais os pobrezinhos, os remediados, e todos os milhões de pessoas que não beneficiaram um cêntimo com negociatas do género), andam a suar as estopinhas para, com o dinheiro dos impostos que o estado lhes arrecada, pagarem esse monumental buraco.

Mais: como já referi no outro dia. Se o beneficiário da operação fosse, por exemplo, o senhor Manuel motorista da Carris, ainda poderíamos pensar: não tem conhecimentos suficientes, ouviu falar que ali se ganhava bom dinheiro e fez uma negociata bem sucedida.

Mas agora o Senhor Professor Universitário? O Sr. Ex-Ministro das Finanças? O Sr. Ex-Primeiro Ministro? O Sr. Ex- Conselheiro do Banco de Portugal?

Nunca em momento nenhum suspeitou que naquela sociedade e naquele banco se passavam coisas esquisitas? Nunca suspeitou que os seus amigos Oliveira Costa e Dias Loureiro, personificavam também a má moeda? Estranho. Ou Cavaco Silva afinal não é inteligente, lúcido, informado?

Enfim. Uma coisa triste.

Outra coisa que agora também não é bonita. Teresa Caeiro tem, de facto, uma boca de tamanho generoso. Portanto, talvez não seja de estranhar que tenha lançado a atoarda do Manuel Alegre ter colaborado com o BPP. Ou é tonta ou está a fazer um frete ao Cavaco Silva ou ao Cavaco Silva através do Paulo Portas, exímio nestas ondas de poeira.

Manuel Alegre já explicou. Pediram-lhe um texto literário sobre a sua relação com o dinheiro como pediram a muitas outras figuras públicas. Escreveu e recebeu direitos de autor. Quando soube que era para efeitos de publicidade, mandou suspender a publicação do anúncio e devolveu o cheque (mesmo que não tenha sido descontado - não explicou bem... mas estamos a falar de detalhes face à natureza insignificante e inofensiva da questão). Basicamente foi uma coisa inócua, transparente e onde houve lisura. Nada que se compare com a operação financeira do Senhor Professor na SLN.

Contudo, demagogia é isto: lançar umas bocas, lançar confusão, ficar no ar a ideia de que ‘este não pode atirar pedras porque afinal também há coisa entre ele e com outro banco de gente pouco séria’ e quem conta um conto acrescenta um ponto, às tantas já se fala só de parte do assunto e a barafunda está armada.

Estou curiosa por saber o que pensa o Miguel desta atitude da Teggy. Ele é conhecido pela seriedade e inteligência das suas análises. Não poderá concordar com esta populice desonesta. Há bocas que deveriam aprender a comedir-se.

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