Não se pode afirmar que os predicados que melhor qualificam o atual governo sejam meritórios. Temos um governo que mente sempre que entende que mentir é melhor do que dizer a verdade.
Desde as promessas feitas pelo Montenegro nas campanhas eleitorais e desfeitas quando se viu no poleiro, às afirmações do PM sobre a Spinumviva, entre elas a verdadeiramente anedótica e mentirosa afirmação na AR sobre o objetivo da Spinumviva ser gerir uns terrenozitos com três ou quatro árvores de fruto, passando pelos "pseudo números" do "Lentão Amaro" quando quis justificar a lei da imigração e continuando na recente afirmação do ministro da economia na AR de que tinha conseguido trazer para Portugal o maior investimento de sempre relativo à construção do data center em Sines que, por acaso, é o mesmo que foi anunciado pelo António Costa há vários anos e que provocou a mais uma inqualificável actuação do MP. Não esquecendo o relatório "ao lado" apresentado pelo Nuno Melo (que aguardamos que parta rapidamente para reconquistar Olivença, trajando a rigor e montado numa scooter) para justificar a compra do helicópteros.
Bastas são as não verdades deste governo.
A forma como o governo negoceia com o PS é com base na chantagem. Ainda recentemente a ministra dos patrões, por tradição ainda designada do trabalho, afirmou que ou o PS ajoelha e "negoceia" a lei do "trabalho" como o governo quer ou o governo está pronto a ajoelhar perante o Chega. Poderia ser apenas um episódio levado à cena por uma ministra radical, mas não, leis recentes têm sido aprovadas com o apoio do Chega após o governo impor condições inaceitáveis ao PS - e acabaram eles a ajoelhar perante os interesses do Chega, que admito, sejam os interesses mais ou menos ocultos do PSD e do CDS.
É uma chantagem inaceitável para quem tem da politica uma visão democrática.
É um governo elitista como confirmam, por exemplo, as leis relativas à habitação, ao IRS jovem e a lei que pretende promulgar sobre o trabalho que defende os interesses de quem tem mais força na relação laboral e tenta reverter as conquistas dos trabalhadores.
As
- declarações do "Lentão Amaro" sobre as questões de segurança e sobre a "reengenharia social",
- declarações da ministra da saúde sobre a inevitabilidade das pessoas com menos recursos e menos capacidades terem menos possibilidade de acesso ao SNS que o pessoal de "primeira"
- e a vergonha que são, de uma desumanidade digna de um governo com enorme desprezo pelas pessoas, as notificações enviadas pelo AIMA informando da data de expulsão de pessoas fugidas da Ucrânia, de refugiados políticos e até de crianças
revelam a falta de humanismo dos nossos governantes e a falta de respeito pelas pessoas, sejam elas portuguesas ou de outras nacionalidades.
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Nota:
O Pedro Frazão mandou uma mensagem de apoio à organização de um encontro no Norte de um grupo supremacista cujo líder, aliás, já tinha afirmado na televisão que existia uma forte ligação entre o grupo e o Chega.
Com a força que vão tendo (o governo e a comunicação social têm fortíssimas responsabilidades neste crescimento), têm cada vez maior despudor e acabam por revelar ao que verdadeiramente vêm. Não vale a pena o Ventura dizer que não é de extrema direita e que não é nem xenófobo nem racista. Já sabíamos que o Chega é um partido de extrema direita, xenófobo e racista e, agora, são os próprios dirigentes do Chega que o confirmam. Será que ainda alguém tem dúvidas? Mais tarde ou mais cedo os portugueses vão ter que mostrar se são um povo xenófobo e racista ou se defendem valores humanistas. Não estou seguro de que a balança penderá para o lado bom.
3 comentários:
Um milhão de eleitores já mostrou que sim ou que é para o lado que dorme melhor. Resta agora confirmar se os eleitores da "ad", para além de pouco preocupados com a ética do pm, também são assumidamente racistas, xenófobos, machistas, classistas, ao tolerarem o namoro despudorado do governo com o dito partido e as suas "lutas" e, lembremos, o ataque grosseiro aos direitos dos trabalhadores. Diz a ministra que é quando a economia está bem que se devem fazer alterações à legislação laboral. Quando está mal dizem que tem que ser porque está mal... n'importe quoi.Tudo indica que sim, que "os portugueses" são racistas e xenófobos e agora sem vergonha, se virmos o apoio que as alterações às leis da imigração e da nacionalidade parecem ter. As pessoas deixam-se, aparentemente, influenciar de bom grado pela propaganda anti-imigrante mais básica que é divulgada pela (extrema)direita, com o apoio da comunicação social (por ex, as "reportagens" do canal now são de bradar aos céus). O que move afinal os eleitores da "ad"? Creio que é sobretudo o ódio irracional ao ps e à esquerda, basta ver a dualidade de critérios quanto a casos de corrupção que envolvam o.psd vs ps. As mesmas pessoas que se horrorizam com os desmandos de Sócrates parecem encarar com grande bonomia a saga Spinumviva. A incapacidade que o ps revela de combater verdadeiramente a propaganda do governo é chocante. Faz lembrar o período da troiika, um ps inseguro, a querer provar que é "bom.aluno", que quer faz parte do clube, medroso, como se tivesse algo a esconder. Faz lembrar o ps do tempo da troika, e cá está o seguro de novo, só que agora não é claro porque é que o ps bate tanto no peito, quando entregou o país em equilíbrio financeiro, do que a "ad" tem beneficiado, mordendo a mão que lhe deu de comer. A "ad" já mostrou ao que vem e quem são os seus aliados naturais, o ps devia reconhecer isso e assumir-se definitivamente como oposição. Sem medo.
O saudoso Pedro Barroso, deixou-nos um aviso de que nunca é tarde, nunca é tarde para travar esta direita fascizante a começar no PR e acabar no governo.
Estou de acordo com o Anónimo, e claro está ,com o artigo também.
https://www.youtube.com/watch?v=oTipo7y-pC8&list=RDoTipo7y-pC8&start_radio=1
Todos os impropérios são poucos para descrever este governo.
Como já vejo fantasmas em todo ele, pergunto, estará a preparar a erradicação das mulheres em cargos politicos? Como entender que só escolha mulheres incompetentes para a saude, justiça, trabalho etc?
Sentimo-nos a retroceder 50 anos. E não vislumbro quem faça uma nova revolução.
Haja paciencia
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