Duas pessoas civilizadas, aparentemente interessadas em ouvir as respostas uma da outra. Como espectadora, consegui ouvir o que diziam e mantive o interesse até ao fim. Assim vale a pena.
Gosto de ouvir Jorge Pinto. É claro, tem ideias concretas, parece ser uma pessoa inteligente e desempoeirada. Depois desta eleição, em que não vai ganhar, e talvez não na próxima, pois talvez o que vai ganhar fique para uma segunda rodada, terá os anos que lhe faltam para que o País o leve mais a sério. A malta está calhada em ter na Presidência gente mais madura, com mais experiência de vida. Portanto, agora não vai dar, mas talvez, um dia, ainda venhamos a tê-lo num papel de relevo no País. De certa forma, é uma presença que marca a diferença nestas eleições.
O Almirante ainda não acertou completamente a passo nestas conversas mas, do que tenho visto, não está tão mal como o pintam, em especial os bafientos do costume, as tias do regime e os mentecaptos do comentariado. O que diz faz-me sentido, oferece-me uma certa confiança e o facto de não ter o rabo pelado como os macacos muito batidos em conversas da treta não me parece que seja grave.
[Contudo, o facto de todos os outros estarem ligados a partidos também não me parece que seja defeito de fabrico como o Almirante gosta de apontar. É um ponto em que ele deve evoluir.]
A forma enervada como reagiu à pergunta sobre o apoio de Sócrates também foi mal doseada. Saltou-lhe a tampa. Um pouco mais de fair play não lhe faria mal. Mas, enfim, não se pode exigir que uma pessoa se aguente sempre nos trinques mesmo quando anda sujeita a pressões de todo o lado. É humano, e, como todos os humanos, umas vezes está melhor, outras nem por isso. De qualquer forma, nada de grave. Creio que não nos envergonhará se estiver em Belém nem será o desestabilizador-mor que agora lá está.
A seguir ao debate já se sabe: saltaram para a arena os urubus, os comentadores. Como não havia carniça, estavam desolados. Não tinha havido golpes baixos, rasteiras, pontapés nas canelas, cabeçadas à má fila. Portanto, não gostaram. Para eles, o que é suposto é que haja sangue e frases que possam citar e, quais papagaios, recitar. Havendo apenas um debate civilizado, não gostam, mostram enjoo, dá ideia que não estão ali para isso.
E aqui em casa faz-se zapping. Perdem em todas as eleições. Não acertam uma, todas as análises que fazem são ao lado. Mas ali estão, as comadres do costume. Não há pachorra.
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