quinta-feira, setembro 25, 2025

Uma lição sobre como fazer -- ou o que o Governador Gavin Newsom está a fazer para tentar recuperar a influência dos democratas e derrubar o populismo fascitóide de Trump
-- 3 vídeos rigorosamente a não perder --

 

Por delicadeza, deixamo-nos matar. Pelos nossos santos princípios, não descemos ao nível dos que os não têm. Por orgulho, recusamo-nos a lutar com as torpes armas daqueles para quem tudo serve. Somos assim. Democratas, democratas liberais, empáticos, intelectualmente honestos, sérios. Puros.

Em Portugal, nas últimas legislativas, o PS foi na enxurrada do populismo e passou para terceiro lugar, tendo um partido que não é nada senão um bando de oportunistas dos quais uns tantos são delinquentes, passado para segundo lugar. Todos os demais partidos à esquerda do PS tornaram-se marginais, irrelevantes. O Livre ainda tenta lutar mas ainda não conquistou a massa crítica que lhe permita sequer fazer ondas.

E, no entanto, está à vista de todos a porcaria que é o Chega. Porcaria. O rebotalho da sociedade. E, apesar disso, uma parte significativa dos eleitores votou neles. Sendo certo que objectivamente o Chega não tem nada para oferecer à grande maioria dos seus votantes (segundo um estudo de que ouvi recentemente falar, jovens dos 18 aos 24 e gente desqualificada e de baixos recursos) e, pelo contrário, é um risco para a democracia, qualquer partido com um mínimo de responsabilidade deverá ter como objectivo devolver à população a confiança em valores humanistas, democráticos, inclusivos, abertos ao desenvolvimento e à modernidade. 

O PSD também está numa encruzilhada. Sem a ancoragem ideológica e o historial cultural e de defesa da liberdade e da democracia que o PS, o PSD nasceu e cresceu como um partido de poder, atraindo chico-espertos de todas as proveniências, yuppies, gente ambiciosa (o que não é forçosamente mau, mas que, muitas vezes, ambiciona o sucesso rápido demais e, se possível, recorrendo a optimizações fiscais) e agora, encostado às boxes pelo Chega, anda aos esses, ao pé coxinho, às apalpadelas, parece que sem rumo.

Face a este panorama, o que me parece é que é tempo para que quem tenha convicções democráticas, quem preze a liberdade, o humanismo, o desenvolvimento e a modernidade se chegue à frente e lute com energia. Sem medo.

O que se passa nos Estados Unidos, com Trump e com os MAGA, deveria servir de exemplo para os riscos tremendos que todos corremos. Da democracia ao fascismo, com o apoio do voto popular, é um pequeno passo. Mas se isso é verdade, não é menos verdade que Gavin Newsom também poderá servir de exemplo para a forma criativa, vigorosa e corajosa como se pode lutar. Ele ouve os que estão do outro lado, ele aprende com os métodos dos adversários, ele desbrava caminho, ele enfrenta críticas, ele conhece os mecanismos mentais dos eleitores dos outros, ele percebe os seus anseios e os mecanismos do medo e da crença irracional -- e vai em frente. 

Nos vídeos abaixo, ele explica o que tem feito. Colbert dá-lhe palco e ele, de A a Z, explica o que tem feito. Muito vivamente sugiro que vejam os três. Talvez o último seja o mais emotivo, o mais perturbante,

Tomara que o sigam, tomara que seja bem sucedido, tomara que os Estados Unidos deixem de ser a vergonha que agora são. E tomara que os partidos democráticos dos outros partidos aprendam com ele. 

We Put A Mirror Up To The Absurdity Of Donald Trump - How Gov. Newsom Got Under The President’s Skin

California Governor Gavin Newsom comments on his use of social media to beat the president at his own game, and argues that Democrats as a whole need to go on the offensive now before it’s too late.


“I Fear We Will Not Have An Election In 2028 Unless We Wake Up” - Gov. Gavin Newsom

California Governor Gavin Newsom issues a stark warning about President Trump’s efforts to “rig” the 2026 midterm elections, and what it could mean for 2028

California Will Now Require ICE Agents To Show Their Faces - Gov. Gavin Newsom

California Governor Gavin Newsom explains the state’s new law that bans members of President Trump’s ICE force from concealing their identities while on duty.
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[E que belo pedaço de homem que ele é... não...?]

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Um dia feliz para todos

8 comentários:

Anónimo disse...

Até parece que a malta do PS é melhor que a do PSD. São farinha do mesmo saco e explica o Chega. Este pode ser o que é mas se não reitroduzirem o sufrágio censitário vão continuar a ter direito de voto, ou seja, vão ter de viver com os deplorables.

Pode dizer mal quanto quiser do PSD, que provavelmente é verdade, mas com o PS é igual. O negócio deve ser bom pois há famílias inteiras metidas nele. Maridos, mulheres, irmãos, pais, filhos, netos. É uma pequena aldeia. Uns são ou foram governantes, outros assessores e adjuntos, as mulheres foram sudirectoras, pais e filhos foram deputados, enfim...

Lembrava-me há anos um grego, com ar de espanto após umas eleições, que era a primeira vez num século em que não havia um deputado de nome Papandreou. Por cá já vamos a caminho. Há poucos anos, estava o PSD na oposição, dizia José Miguel Júdice que o problema era a existência no partido de alguns milhares de famílias que precisavam de comer e que isso das ideias era coisa de outro tempo. Presumo que essas famílias estejam hoje com o estômago mais aconchegado e com nomeações em DRE a trabalhar pelo progresso pátrio.

aamgvieira disse...

Nos tempos que correm as preocupações, não vão ser já do meu tempo, é a atual e futura invasão da Europa, destruindo a nossa identidade secular, por imigrantes avessos ás nossas comunidades libertárias, portadores de religiões arcaicas, medievais, carregadas de ódio aos europeus.

Um Jeito Manso disse...

Mas será que ainda não percebeu que o verdadeiro perigo vem de fascistas que movem guerras contra grupos de pessoas (contra imigrantes, por exemplo, como, no tempo de Hitler, contra judeus)? E não percebeu que os fascistas contam sempre com o apoio de pessoas que vão atrás da conversa e, cheios de medo, os ajudam a perseguir essas pessoas?

Anónimo disse...

"muitas vezes, ambiciona o sucesso rápido demais e, se possível, recorrendo a optimizações fiscais" Veja a grande entrevista que Carlos Tavares deu há não muito tempo na RTP. Ser ambicioso para JÁ é BOM. Por isso é que os melhores jovens europeus fogem todos para Silicon Valley, China, longe. Otimização fiscal também é bom, já agora. Não tem nada a ver com essa gente que pouco quer trabalhar exceto nas amizades e influências. Precisamos de menos colóquios, jantares, conversa fiada, e mais trabalho e ambição. De gente capaz, com vontade de se esganar para construir algo grande, crescer e sim ganhar muito - e sim, rápido.

Um Jeito Manso disse...

O meu post tem a ver com a luta necessária contra o populismo, as tendências totalitárias, fascistas. E a ideia é que quem preze a liberdade se una de forma pragmática e lute com energia e sem medo.
Se, em vez disso, nos vamos pôr a olhar para trás e a contar cabeças do lado do PS ou do PSD a ver quem teve mais cabeças em lugares públicos, não saímos do mesmo sítio enquanto a malta dos Chegas desta vida progride a passos largos.
Não concorda?

aamgvieira disse...

Percebi muito bem e não me revejo nesse futuro.
Na história sucedem-se ciclos muito variáveis como matemáticas, probabilidades que estudou e aplicou na sua vida profissional

Um Jeito Manso disse...

Concordo consigo e concordo que a entrevista de Carlos Tavares foi interessante e pertinente.
Mas uma coisa é ser-se criativo, inteligente, competente, ambicioso, ganhar bem, pagar os impostos devidos mas dentro de critérios justos (não aceitando pacificamente ser esbulhado), progredir na vida, se possível ao ritmo do valor acrescentado que trazem para quem trabalham -- e outra, muito diferente, é ser como alguns psd's que não sabem nada de nada, nem falar inglês, nem analisar uma Demonstração de Resultados e um Balanço, broncos armados em chicos-espertos, e que, no entanto, estiveram como administradores de empresas, com regalias absurdas (mas que eles achavam que lhes eram devidas, como motorista para uso pessoal, cartão de crédito para uso liberalizado e outras mordomias tax free), e que faziam vida de nababos (nababos saloios, claro).
Não podemos pôr tudo no mesmo saco.

Anónimo disse...

Recorrendo ao novo testamento: vinho novo em vasilha nova não dá.

Pior ainda que, como diria S. Paulo, o homem volta ao vício e o cão ao vómito ou, se quisermos recolher ao velho Falstaff, o homem volta ao vício e a gata ao toucinho. Acrescento eu: o problema é sempre o mesmo, o toucinho.