quinta-feira, outubro 03, 2024

Se empatia é calçar os sapatos dos outros, então, santa paciência, não sou nada empática

 

Para começar não sei se empatia é isso dos sapatos. Tenho dúvidas. Segundo o Priberam, empatia é a forma de identificação intelectual ou afectiva de um sujeito com uma pessoa, uma ideia ou uma coisa. E não vejo aqui qualquer referência a sapatos. 

Mas, ironias à parte, tenho que confessar que me faz impressão calçar sapatos usados por outra pessoa. Roupa, desde que limpa, não me importo. Mas mesmo assim prefiro conhecer a pessoa que a usou. Usar roupa sem saber se a pessoa que a usou era limpinha, lavadinha, isso faz-me alguma impressão. Ou seja, não sou o público ideal para as lojas de roupa usada. 

Quanto à empatia, tenho ideia que sou empática. Os assessments a que fui sujeita enquanto trabalhava (e com muito gosto o fui, pois ser analisada, escrutinada, avaliada e etc. sempre foi pratinho que me soube bem) diziam que sim, era empática, sim senhor. 

Mas, afinal, pelo menos na minha vida civil, não sei se sou assim tanto. Ou melhor: se ainda sou. 

Por exemplo:

  • A minha capacidade para me identificar com os tontos do Governo que se papagueiam uns aos outros, mesmo que seja para papaguearem disparates e nulidades, é limitada. 
  • A minha capacidade para achar graça à humilhação a que a Joana Marques gosta de infligir às suas vítimas, em particular quando o faz em público, expondo o humilhado à multidão enquanto goza com ele, é muito, muito limitada. 
  • A minha capacidade para perceber o ponto de vista da Ana Moura que, numa cerimónia (que pode ser questionada pelo seu valor, pelo seu préstimo, pela sua credibilidade mas que, para todos os efeitos, é uma cerimónia -- em que lá vai deve respeitar o dress code), se apresentou em trajes menores, zero de confecção, zero de côuture, zero de bom gosto, com os seios e os próprios mamilos à vista, é muito limitada. 
  • Identicamente a minha capacidade para tolerar o desbocamento torrencial da fonte de Belém também se esgotou. Desde há muito.
  • E a minha capacidade para aturar a histeria presidencial, da AD, das televisões e de tutti quanti que querem à viva força obrigar o PS a enfiar o Orçamento pela goela abaixo, seja o que for que ele contemple, é deveras limitada. Deveras.
  • E, agora, até o FMI vem dizer que o IRS Jovem é a ideia mais burra que alguma burra algum dia pariu. Face a isso, o Montenegro vai tirar o tapete ao Sarmento? Não, senhor. Em vez disso vai fazer de conta que está a fazer a vontade ao PS, através de uma proposta irrecusável. E eu, perante isto, aqui afiro: a minha capacidade para aparar chico-espertices destas já foi ultrapassada há algum tempo.

Por isso, em dias como o de hoje, um dia cinzento, uma persistente chuvinha molha-tolos, interrogo-me: seria eu capaz de calçar os sapatos do Montenegro, da Senhorinha da Administração Interna, da baderneira-mor da Saúde, do Lentão que até dá dó, do inteligente Sarmento, do Dissolvente... e por aí vai...? Ou seria eu capaz de calçar sapatinhos como os que aqui mostro?










Resposta à pergunta lá de cima: Não, não creio.

(Mais sapatinhos aqui)

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E não vale a pena virem aqui dizer que este post é disparatado. Eu sei que é. Mas vou falar ajuizadamente a que propósito? Ah pois é, bebé. 

Portanto, passo já para a secção musical.

In Hell I´ll Be in Good Company 

(metal cover by Leo Moracchioli)


Dias felizes para todos

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