quinta-feira, setembro 05, 2024

A teoria do caos em palavras simples, palavras ao alcance de qualquer borboleta

 

O meu marido lesionou-se, anda a fazer fisioterapia. Tanto serra, tanto poda, tanto carrega que o ombro deu de si. Poderia ter paciência para fazer o que qualquer pessoa faz: ficar quieto, pôr gelo. Não tem. Mas de tarde pôs-se a ver um filme qualquer na Netflix e a seguir pôs-se a ler. Pensei que estava a levar a sério a recomendação de alguma contenção.

Entretanto, ao fim da tarde, quase noitinha, fui regar umas zonas não abrangidas pelo sistema de rega bem como vasos. Quando regressei, estava o pátio cheio de ramos e de folhas e andava ele com um serrote com um cabo de uns dois metros a cortar os rebentos ladrões da buganvília, uns ramos gigantes que crescem espetados em direcção ao céu. 

Entretanto anoiteceu, ficámos ali, já de luz acesa, a varrer e a limpar as mesas, as cadeiras, estava tudo cheio de flores e folhas, ele a juntar os ramos. Depois ainda fui regar outros vasos. Gostei de andar por ali nestas andanças já de noite.

O cão mais fofo também estava feliz, andava a brincar em nossa volta.

Tirando isso, posso acrescentar que estive a ler um livro do Paolo Cognetti, 'Sem nunca chegar ao fim'. Foi a minha filha que me empestou. Infelizmente já não foi traduzido pelo Pedro Tamen, que trazia uma sensibilidade poética muito especial aos livros anteriormente publicados em Portugal. Mas, ainda assim, é um livro sereno, um daqueles livros que me trazem prazer. Não há aventuras escaldantes, crimes inexplicáveis, dramas de caixão à cova. Há a descrição de uma caminhada na montanha. E eu acho isso maravilhoso.

Pelo meio, estive a escrever. Tinha uma ideia em mente mas, nestas coisas, as palavras têm vida própria. E estão a levar-me por outros caminhos. Quando acabei fiquei de olhos fechados a pensar: 'Para onde é que estou a ser levada?'. 

Há uma dose grande de imprevisibilidade nisto tudo.

Por exemplo, na minha vida recente aconteceu uma coisa completamente improvável. Aliás, uma sucessão de coisas absolutamente improváveis. Não só improváveis como, até, inexplicáveis. E nem vale a pena eu tentar compreender pois são eventos alheios que escapam totalmente ao meu controlo. O que sei é que, face a isso, estou agora metida em trabalhos em que até há duas semanas nem pensava. O que esteve na origem de tudo não consigo nem imaginar. Se fosse ficção, eu acharia inverosímil. 

É aquilo de que o bater de asas de uma borboleta aqui pode provocar um tufão no outro lado do mundo.

A simple guide to chaos theory - BBC World Service

According to classical physics and the laws of Isaac Newton, it should be easy to predict the behaviour of objects throughout the universe with relative ease.

But in 1961, a meteorologist unwittingly discovered this was not the case – that there was a lot more uncertainty around us. Here's how chaos theory and its butterfly effect, has changed the way we think about our Universe.


Dias felizes

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