quarta-feira, agosto 09, 2023

Eduardo Antonio Trevino, o novo Joselito...?

 

Quando eu era pequena, tenho ideia que bem pequena, era costume ir,  creio que ao domingo, com os meus pais, à matinée. Era todo um programa. Se a minha memória não está a retocar as recordações, diria que vestia os melhores vestidos, calçava os melhores sapatos e o cabelo era cuidadosamente penteado, talvez com um laço no que era apanhado em cima ou talvez com tranças. No que respeita a sapatos, eu tinha predilecção por sapatos encarnados e ainda me lembro de andar de sapataria em sapataria a prová-los.

Encontrava lá amigos da escola e os meus pais encontravam também os seus. Portanto, mais do que uma simples ida ao cinema, era um momento de convívio.

Tenho também ideia, mas como posso garantir que seja verdade?, que aproveitávamos para visitar os meus avós, almoçando ou jantando lá. A minha avó paterna era muito boa de tempero e ainda recordo as suculentas canjas com galinhas da capoeira deles. Levava hortelã pelo que o perfume era excelente. Tinha sempre miudezas e ovinhos que eu adorava. Fazia também iscas com batatas fritas estaladiças e eu também adorava, nomeadamente molhando o pão no molho espesso e saboroso.

Para sobremesa, fazia frequentemente arroz doce com desenhos de canela em cima. Eu deliciava-me com aqueles almoços e jantares.

No cinema, tenho ideia que passava de tudo e ainda me lembro de ver um Rasputine que recordo entre o fascinante e o tenebroso, eu miúda, miúda, a ver um filme que não devia ser minimamente para a minha idade.

Mas o que recordo que seria mais reincidente seriam os filmes com a Marisol ou com o Joselito. Pelo menos foi o que retive. Cantavam bem. Preferia a Marisol porque me identificava mais com ela. Ou melhor, talvez quisesse ser um pouco como ela. Mas Joselito, o rapazinho miúdo que cantava com uma voz afinada e cheia de salero, também tinha a sua graça.

Lembrei-me dele ao ver este rapazinho simpático e afinado que cantou no America's Got Talent. Ora vejam.

Early Release: 11-year-old Eduardo Antonio Trevino impresses the judges! 

| Auditions | AGT 2023


Joselito, el pastor


Um dia feliz
Saúde. Boas memórias. Paz.

6 comentários:

Isabel disse...

Também via os filmes do Joselito e da Shirley Temple, mas na televisão. Gostava tanto!
Só fui ao cinema pela primeira vez tinha uns 14 anos, com o meu tio Joaquim. Não me lembro de grande coisa. Sei que os meus irmãos mais velhos gostaram. Raramente ía ao cinema. Só depois de adulta. Aqui também só tinhamos uma sala de cinema.
Gostei de ouvir os dois miúdos.
Beijinhos, saúde e boas férias se for caso disso:))

(Há uns 15 dias mais ou menos estive nos jardins da Gulbenkien com uns irmãos, sobrinhos e sobrinho-neto. Foi óptimo! Compreendi o seu fascínio por aquele espaço, presente em tantos posts que publicou, no tempo em que eu tinha tempo para ler tudo.
Agora, voltei a ter tempo, desde há 3 meses para cá, mas pouca disposição.)

Anónimo disse...

Para espreitar a Gulbenkian onde bem podia ter cantado esse tal de Joselito:

https://www.rtp.pt/play/p5656/e452317/visita-guiada

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel, que bom ter notícias suas!

Espero que a sua disponibilidade seja por um bom motivo...

Que bom que tenha gostado da magia da Gulbenkian. E, sabe?, quanto mais por lá se anda, mais recantos se vão descobrindo... Quando cá vier, aventure-se de novo...

Beijinhos, Isabel

Um Jeito Manso disse...

Olá, Leitor/a Anónim@

Muito obrigada, uma vez mais. Já vi. Muito interessante. A televisão até tem coisas boas. Se calhar eu é que ando distraída.

Agradeço a dica que espero que os Leitores também aproveitem.

Abraço.

Isabel disse...

Espero lá voltar mais vezes. Em tempos tinha lá ido com os alunos e até com outras pessoas, mas estar assim a "curtir" o Jardim, sentada na relva, uma boa parte da tarde, nunca tinha estado. Adorei!

Beijinhos:))

Fernando Ribeiro disse...

Quantas recordações a UJM me despertou! Em pequeno, eu vi todos os filmes do Joselito, da Marisol, do "Marcelino Pão e Vinho", "Do Céu Caiu uma Estrela" e muitos mais filmes lacrimogéneos, que alguém achava que eram apropriados para crianças e que, no fim da sessão, nos faziam sair para a rua com lágrimas nos olhos e a dizer uns para os outros: «Ai que filme tão lindo!» Era a magia do cinema. Não há Netflix ou HBO que lhe cheguem aos calcanhares. Ou então sou eu que já não tenho a idade que tinha naquele tempo.

Foi logo aos quatro ou cinco anos de idade que eu fui ao cinema pela primeira vez, e foi nessa ocasião que apanhei o maior susto da minha vida, quando vi uma enorme locomotiva a vapor, a deitar fumo e labaredas por todos os lados, avançando a toda a velocidade na minha direção! Antes que eu me atirasse para debaixo das cadeiras do cinema, aterrorizado, o comboio desapareceu, para dar lugar a outra cena, que não me lembro qual era. Percebi então que aquele comboio aparentemente tão real era apenas uma imagem, como imagens eram as pessoas (enormes!), que apareciam e desapareciam com o desenrolar do filme. E não me assustei mais.

Aqui no Porto, existiam as chamadas Matinées Infantis, todos os sábados à seis e meia da tarde, numa sala de espetáculos de bairro (que na verdade era uma excelente sala, melhor do que quase todas as que havia na Baixa do Porto), chamada Cine-Teatro Vale Formoso, na zona de Paranhos. Foi nessa sala que assisti aos filmes referidos e a muitos outros, nomeadamente "A Quimera do Ouro", de Chaplin, ou a longa-metragem de desenhos animados de Walt Disney "Branca de Neve e os Sete Anões". Mas já que referi o Walt Disney, não posso deixar de evocar um filme que lá vi e que foi o que mais me encantou ao longo de toda a minha infância. Foi o filme "Fantasia", que Walt Disney tinha realizado em 1940. Quem o viu em criança, nunca mais o esquece.

https://www.youtube.com/watch?v=9aCUOXtSLMA

Em Lisboa, o Cinema Restelo também exibia Matinées Infantis, que aconteciam igualmente aos sábados às seis e meia da tarde. Embora não fosse tão grande como o Vale Formoso, o Cinema Restelo também era uma excelente sala de espetáculos. Vi lá alguns filmes, porque uma bisavó minha, que ainda era viva, morava um pouco mais acima, na Av. da Torre de Belém n.º 12, onde passei alguns meses. Dos filmes que vi no Cinema Restelo, sinceramente, não me lembro. Do que me lembro, era de uma grande bola de espelhos que havia na sala e que rodava e espalhava reflexos luminosos por todos os lados quando as luzes se acendiam. Afinal, as bolas de espelhos, que hoje se veem em qualquer discoteca, já existiam há muito tempo. O Cinema Restelo tinha uma.

Quanto ao Joselito, ele podia cantar muito bem mariachi, mas não se pode compará-lo com o outro miúdo porque não era mexicano, mas sim andaluz. Uma cena de que me recordo muito bem de ter visto no Cine-Teatro Vale Formoso, é a seguinte, em que o Joselito canta para uma menina ceguinha coitadinha:

https://www.youtube.com/watch?v=z_gCrtBrWFY