A forma como as Televisões divulgam e tratam a informação revela uma cada vez maior falta de ética jornalística. Um jornalista tem que ser isento, verificar a veracidade das notícias e divulgá-las com objetividade e clareza.
Se virmos os noticiários televisivos e os debates (excluo a CMTV porque não perco tempo com porcarias), o que constatamos é que não só os comentadores como os jornalistas debitam ideias pré-concebidas, independentemente da realidade dos fatos.
O que a CPI da TAP tem proporcionado é um case study nesta matéria.
Vou apontar dois dos vários exemplos que podia referir:
1) A versão do assessor é diferente da versão da chefe de gabinete, do ministro e das testemunhas. Os jornalistas que ouvi e a maioria dos comentadores falam como se o assessor fosse o detentor da verdade e os outros uma cambada de mentirosos. Mas fazem este julgamento com que base? Tiveram acesso às conclusões de algum relatório secreto? A informação veiculada pelo assessor é mais fiável que a transmitida por vários outros intervenientes? Ou quem tem alguma proximidade ao BE tem que ser tratado com benevolência e quem tem ligações ao PS tem que ser repudiado?
2) Após a audição do Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Mendonça Mendes, a comunicação social seguiu a versão do Chega, da IL e, parece-me que sobretudo numa primeira fase, do PSD e continua a afirmar aos quatro ventos que o que o Ministro Galamba disse não coincide com o que o Secretário de Estado afirmou. Ora, se analisarmos cronologicamente os factos, constatamos que:
- A Chefe de Gabinete reportou ao SIS,
- O Ministro referiu que contactou o Secretário de Estado e este informou-o que uma das entidades a contactar em casos semelhantes era o SIS, e que, quando transmitiu essa informação à Chefe de Gabinete, ela o informou que já tinha feito isso
- O Secretário de Estado referiu que não foi por sugestão sua que o caso foi reportado ao SIS.
A última afirmação do Secretário de Estado parece óbvia e verdadeira. Se o SIS já tinha recebido um reporte do sucedido antes dele conhecer o assunto, como é que poderia ser por sugestão sua o contato com o SIS? Parece que não oferece dúvidas.
Só uma enorme falta de discernimento ou a necessidade de distorcer os factos podem ter alimentado a comunicação social que continua a matraquear a tese da contradição.
E a coisa está tão enraizada na cabeça dos jornalistas que na 2ª feira à noite, após o Paulo Pedroso explicar por a mais b, creio que duas vezes, que as versões do Ministro e do Secretário de Estado não seriam contraditórias, o João Adelino Faria voltou-se para o Miguel Poiares Maduro e voltou a afirmar exatamente a mesma coisa: ou o Ministro ou o Secretário de Estado mentiram.
Se os jornalistas se derem ao trabalho de revisitar a audição do Secretário de Estado verificarão que a Catarina Martins, honra lhe seja feita nesta matéria, percebeu de imediato que não havia contradição nas duas versões.
No mesmo programa o Miguel Poiares Maduro fez uma afirmação sobre a defesa do Clinton no caso Mónica Lewinsky que não corresponde à verdade. Admito que tenha sido apenas um lapso. Não que seja muito relevante para o caso em apreço mas, em abono da verdade, o jornalista deveria ter corrigido até porque serviu a Miguel Poiares Maduro para defender a sua tese das meias verdades e das meias mentiras, quando, neste caso, parece não haver qualquer mentira.
Muito haveria também a dizer sobre a falta de pluralidade nas escolhas dos comentadores pelos canais televisivos ou sobre a pseudo omnisciência dos pseudo comentadores, que quais Professores Marcelo, acham que têm capacidade para comentar tudo e mais um par de botas, sobre os pivots que não se coíbem de emitir opiniões desajustadas, sobre as linhas editorias que privilegiam partidos e individualidades que não gostam do PS, sobre a obsessão em noticiarem o que corre mal e o que traumatiza em detrimento do que corre bem e nos pode orgulhar, sobre servirem de correia de transmissão do MP seguindo a agenda deste.
A prática de alguns jornalistas e geralmente dos responsáveis pela informação dos três maiores canais televisivos de intervirem não relatando os factos mas opinando sobre quais devem ser as decisões a tomar, é violadora do dever do jornalista de informar com isenção e não de opinar. Assim, torna-se difícil discernir se as notícias que transmitem são objetivas ou se estão a "desfocar" a realidade para esta corresponder àquilo que entendem como "correcto".
10 comentários:
👍
👍
Cara UJM:
Vivemos a era de Friedrich Nietzsche: "Não há factos, só interpretações de acontecimentos". E os jornaleiros têm todos eles conflitos de interesses que não são capazes de os divulgar! Mas mais perigoso do que isto, é o arrastar para a lama de uma instituição que seria o baluarte do regime, a Presidência da República, por um tipo que possui a tríade negra do poder: narcisismo, psicopatia e maquiavelismo.
Um bom dia.
Américo Costa
Excelente mais uma vez!!
Um abraço digital
JOAQUIM CASTILHO
Concordo com tudo o que escreveu.
Mas a culpa foi de quem nao elegeu o Professor Sampaio da Novoa.
Quando este senhor foi eleito Presidente, eu pensei ca com os meus botoes "entre este e o sr Vitorino Silva, venha o Diabo e escolha".
Afinal estava errado, o Tino de Ras ao menos é um homem honesto.
Cumprimentos,
Joao
Então, mas agora o marido é que escreve os posts? Não tem graça.
JJGato
Excelente.
Caro Senhor
Pergunto:
Mas, ainda há jornalistas neste país?
O que diariamente observamos, são assalariados a cumprir linhas politicas de informação promovidas por grandes grupos económicos que são quem lhes paga.
Mesmo considerando que haja jornalistas,- e acredito que os há -, como podem fazer jornalismo sério, quando há uma luta feroz contra o PS e logo, contra o governo, para levar a direita ao pote?
É evidente que qualquer jornalista "SERIO" que ponha em causa a linha editorial do órgão da
da CS onde trabalha, no fim do m^
CS passa a não ter dinheiro para os filhos, e tudo o mais elementar para viver. Portanto eu percebo este lado das coisas que não são tão simples assim.
Agora, há realmente testas de ferro dos grandes grupos económicos na comunicação social.
Por exemplo, há um verdadeiro testa de ferro desta direita ( e barrosista) entre outros, O jornalista David Dinis, que já foi responsável pela larga maioria dos órgãos de comunicação deste país.
Foi o David Dinis que juntou a direita mais reacionária para a levar para o "Observador", e agora, esta direita reacionária já pulveriza as televisões nos comentários políticos e outro, mas todos eles com o objetivo de malhar no PS,
Portanto, este David Dinis, é um dos maiores responsáveis, pela degradação da informação na exata medida de que esteve e está em todas.
Marcelo mais uma vez incendiário com as últimas declarações sobre os professores.
Caros Todos,
Em nome do meu marido, agradeço todos os vossos comentários.
A seu pedido, transmito que concorda com o que escreveram.
As opiniões que teceram sobre jornalistas (e a referência de Friedrich Nietzsche é muito oportuna bem como o é a actuação de um conjunto de jornalistas como testas de ferro de grupos empresarias ) ou sobre o Presidente Marcelo (a tríada negra do poder é também certeira) parecem-lhe bastante pertinentes .
No que se refere a Marcelo Rebelo de Sousa é bem verdade que não consegue passar uma hora sem incendiar a opinião pública. Está a tornar-se um agente muito problemático na nossa vida política.
A propósito dos poderes constitucionais da Presidência da República e a tentação de Marcelo para os ultrapassar, pede-me o meu marido que aqui inclua o link para o último texto de Vital Moreira sobre o assunto:
https://causa-nossa.blogspot.com/2023/06/o-que-o-presidente-nao-deve-fazer-38.html
Os nossos agradecimentos.
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