terça-feira, abril 12, 2022

Como se defende a paz quando um assassino, armado, brutal, desumano, nos entra dentro de casa? -- pergunto aos que não conseguem condenar Putin, por acharem que condená-lo é entrar numa lógica belicista

 

Sou pela paz. Totalmente.

A título pessoal o que posso dizer é que nunca peguei numa arma e que sou defensora acérrima da paz e, portanto, acerrimamente contra a guerra. Temos uma caçadeira herdada do meu sogro que quero sempre muito longe de todos e na qual nunca peguei. O meu filho, já crescido, gostava de praticar tiro às latas e às garrafas e eu odiava essa brincadeira. 

Nesta casa, algum tempo decorrido de cá vivermos, ligou-me a antiga proprietária: tinha-se esquecido cá de uma pistola. Fiquei perplexa. Toda a gente circulava por toda a casa e ninguém a tinha descoberto. Disse-me onde estava e... lá estava mesmo. Era pequenina, mais pequena que a palma da mão, uma arma até bastante bonita. A casa tinha estado entregue a uma equipa de pintores durante dias. Podiam circular e mexer onde quisessem. Felizmente ninguém a tinha levado e felizmente estava no lugar onde a tinham deixado. 

Quando cá veio buscá-la, a anterior proprietária andava com ela na mão, no seu estojinho elegante, enquanto conversava comigo e enquanto eu lhe mostrava as minhas decorações. Não sei quanto tempo mas provavelmente mais de uma hora de conversa, ela de pistola na mão.

Não sei se, nessa altura, tivesse entrado um ladrão que nos ameaçasse, ela empunharia a pistola. A mim não me imagino de pistola em riste, disposta a atirar. 

Mas sei lá, as circunstâncias moldam os nossos comportamentos.

Mas imaginemos que estou aqui em casa com filhos, netos, com a minha mãe, e que entram uns bandidos tresloucados, psicopatas assassinos, conhecidos por destruírem tudo à sua passagem e matarem a sangue frio sem dó nem compaixão. Aí que faria eu, eu que sou da paz? Entregar-me-ia e entregaria os meus para que nos torturassem, violassem e matassem à vontade? 

Ou empunharia uma arma e tentaria defender-me e, sobretudo, defender os meus? 

Creio não ter dúvidas.

Mais: se eu soubesse antes que vinha aí um bando de assassinos para nos roubar e destruir a casa e matar-nos a nós, não apenas pediria protecção como imploraria que me dessem meios para nos podermos defender.

É o que se passa com a Ucrânia.

Como pode alguém, nomeadamente as pessoas que ainda partilham as opiniões do PCP, dizer que defende a paz e, em simultâneo, não condenar Putin? 

E como podem não concordar que, não podendo a Nato defender os ucranianos, mais não se pode fazer do que fornecer-lhes armas para se defenderem?

Claro que também devemos ajudá-los de mil outras maneiras (com medicamentos, com alimentos, com meios para poderem fugir, com equipamento médico, geradores, com mediação política, com apelos à negociação, etc). Mas como não lhes dar armas para tentarem defender-se dos assassinos que estão a destruir o seu país, as suas casas, as suas famílias?

Que hipocrisia ou cegueira é esta dos apoiantes do PCP para continuarem a pôr-se ao lado de um regime corrupto, oligárquico, tirano, assassino?

Como podem não se pôr ao lado de um país que quer ser livre e democrático?

Juro que não compreendo.

E não vale a pena virem dizer que na Ucrânia há fascistas. O que sei é que a extrema-direita teve menos de 2% nas eleições. Mas, mesmo que haja fascistas, isso justifica que venha um outro país arrasar a Ucrânia para dar cabo desses fascistas? Em Portugal também os temos. Vamos aceitar que a Rússia nos invada para os eliminar? 

Por exemplo, o Seixal, um dos últimos bastiões comunistas, teve uma percentagem considerável de votos do Chega. Imagine-se que a Rússia resolvia bombardear, esmagar casas e gentes, ocupar o Seixal com o pretexto de dar cabo dos apoiantes do Chega. Faria isso algum sentido? Aceitaríamos isso? Ou, em nome da paz, aceitaríamos ceder o Seixal à Rússia? 

Que cegueira é esta das pessoas que inventam mil pretextos para não condenar inequivocamente Putin?

Só há duas alternativas para voltar a haver paz na Ucrânia: ou a Rússia se retira voluntariamente ou é travada pela Ucrânia -- ou os próprios russos ou o mundo.

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Mulheres indefesas que só querem a paz

Liubov Khomenko reacts as she walks through her destroyed house in the village of Andriivka, in the Kyiv region, Ukraine, April 7, 2022. 
REUTERS/Marko Djurica

Mariya, 77, whose daughter and son-in-law died under the rubble of a building destroyed by Russian shelling, cries in Borodyanka, in Kyiv region, Ukraine April 8, 2022. 
REUTERS/Gleb Garanich

Zinaida Makishaiva, 82, reacts as she recounts how Russian soldiers treated her in Borodyanka, Kyiv region, Ukraine April 11, 2022. Zinaida said "They came to my house and said go to the basement, "bitch".  She put a sign on her house reading "there are people here" Soldiers started to shoot around her to scare her. "God saved my life". 
REUTERS/Zohra Bensemra


Natalia Titova, 62, walks as she shows her house, which was destroyed by Russian shelling, amid Russia's Invasion of Ukraine in Chernihiv, Ukraine April 9, 2022. Natalia and her family were staying in the basement, "When the rocket hit our house, we ran into the street, it was very scary" she said. 
REUTERS/Zohra Bensemra

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Histórias de violência sexual contra mulheres ucranianas por parte dos militares russos - BBC News


As more Russian troops head to eastern Ukraine, horrors are being uncovered, in the villages and towns close to the capital, Kyiv.

The Ukrainian authorities have said they're investigating cases of women being raped by Russian forces during their occupation of parts of the country.  

They're documenting the alleged crimes, which are among hundreds of cases of atrocities against civilians.
  
The Kremlin denies that its troops have committed such offences.  

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Violar, torturar, assassinar. 

Até a estátua do poeta Shevchenko apresenta as marcas de uma bala na testa

Teen sisters 'raped' as horrors from Ukrainian town cut off for 35 days emerge | ITV News

Ukrainian army engineers had built a pontoon bridge reconnecting this small town with the outside world. The relief of those who’d endured 35 days of Russian occupation was obvious - but it’s only when you hear what they’d gone through that you can understand.

Maryna is the deputy Mayor here - and has heard grim accounts of how Russian soldiers treated women in the area.

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É possível não condenar Putin?

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Desejo-vos um dia tão bom quanto possível

Saúde. Esperança. Paz.

5 comentários:

Janita disse...

Algo me diz que as atrocidades sexuais cometidas contra as mulheres ucranianas, foram obra de mercenários contratados pelo governo de Putin. Creio que os jovens soldados russos não teriam crueldade para tanto. Claro que isto não isenta de culpa o maldito.
Só não sente uma dor imensa, ao ver as imagens de desespero e dor extrema dessas mulheres, que as fotos mostram, quem não for humano.
E ainda andam a publicitar o livro bibliográfico desse asqueroso que me tirou o sossego.
Força, UJM. Não se cale.

Fique bem.

Um Jeito Manso disse...

Olá Janita,

Todos os testemunhos colhidos por centenas de repórteres de todas as estações e agências de comunicação de todo o mundo confiram que os agressores eram russos, do exército russo. O que pode ser é que estejam desenquadrados, sem patentes acima que os ponham na ordem, que se apanhem à solta, alcoolizados. Mas cabe às patentes acima dar ordens para que isto não aconteça. Mas, pelo contrário, o que tem acontecido é que as comunicações entre os militares russos que têm sido interceptadas (nomeadamente pelos alemães) provam que recebem ordens para destruir residências e matar civis.

De resto, esta tem sido a actuação russa nas guerras em que participam: destruir, não deixar pedra sobre pedra, matar e aniquilar a esperança de quem teima em aguentar-se, reduzir tudo a pó.

É uma actuação criminosa que me causa arrepios, medo, revolta. Como pode acontecer isto nos dias de hoje? Como há quem aceite que um país inada outro e o destrua?

Não consigo compreender, não consigo aceitar.

Obrigada pelas suas palavras, Janita. Saúde e paz.

António Ladrilhador disse...

Perante o ataque brutal, deveria a Ucrânia ter aberto os braços em acolhimento da coluna militar; ter conversado e confraternizado com os soldados do invasor num ambiente de paz e de concórdia; ter-se congratulado com a presença e agradecido o facto de os ter vindo visitar; ter abdicado da nacionalidade e, generosamente, entregado a sua sorte e o seu destino ao supremo comandante que, lá mais a Leste, a operação militar desencadeou; ter pensado 'afinal, que importa que venham maltratar-nos, espoliar-nos, aviltar-nos, matar-nos?', se o que importa é, mesmo preservar 'aquela' paz de que tanto gosta o PCP?
Em tudo isto, haveria apenas um pequeno problema: diluir-se-ia para sempre o conceito de nação, de independência, de fronteira. Cada estado poderia passar a, quando lhe aprouvesse, ir 'visitar' um qualquer vizinho, ocupando-o de armas e bagagens, sujeitando-se, necessariamente, a que, mais tarde, o outro o invadisse também. 'Pacificamente', claro.
A paz que o Partido Comunista defende não passaria, assim, de uma sucessão de 'operações militares' vazias de conteúdo e de intenção, apenas destruidoras de vidas e de bens, o que só não vê a gente inacreditavelmente tacanha do PCP, desesperada por se manter à tona sabe-se lá já de quê...

ccastanho disse...

O PCP, ao manter o apoio a putin, fica com as mãos ensanguentadas.

UJM, não pergunte nada aos filhos da putnice(o PCP), porque estes, nada têm para responder dado o seu estado de cretinice execrável e seguidista do nazismo russo.

Anónimo disse...

Este blogue está transformado numa Casa de Putas gerida pelo milhazes e pelo rogeiro e frequentada pela corja nazi fascista de todos os azoves.