A Rússia não é comunista, Putin não é comunista.
O fim da União Soviética foi um drama. A União Soviética tem que se reconstruir para poder constituir-se como um pólo forte no combate ao mundo ocidental. A ideia é a construção da Eurásia.
A Ucrânia foi retirada à Rússia para a enfraquecer, é absolutamente indispensável conquistar a Ucrânia. A Ucrânia não conseguiu tornar-se um Estado Soberano pelo que a Rússia teve que ir salvá-la.
Quando há uns anos a Rússia ocupou a Crimeia fez mal, deveria era ter tomado toda a Ucrânia.
E, sim, a Rússia está a fazer coisas erradas, a violar o direito ocidental, a ser brutal, a ser sangrenta -- mas teve que ser. Era inevitável.
Sem a Ucrânia o império soviético não pode ganhar força para se reconstituir e para avançar para a Eurásia.
Depois disto, a Europa vai ficar melhor, mais esclarecida. Vai perceber que, apesar do massacre levado a cabo pela Rússia, a Nato não fez nada. Por isso, a Europa vai querer criar as suas próprias forças e sair da Nato.
Trump é populista, Putin é absolutamente populista.
Sim, Putin tem a posição de um monarca ou de um imperador, um monarca natural, não apenas porque ele o quer mas porque a Rússia quer que ele o seja. É uma monarquia popular.
Esta guerra é uma guerra aos Estados Unidos e ao liberalismo ocidental.
A verdade é relativa, a verdade é uma questão de crença, é uma questão de interpretação. A Rússia tem a sua própria verdade.
A Rússia não aceita a ideia de não ganhar esta guerra pois se não ganhar, deixará de haver Putin, deixará de haver Rússia, deixará de haver mundo. É preciso prestar atenção ao que Putin diz sobre a possibilidade de se avançar para uma guerra nuclear caso haja uma ameaça da Nato. A Rússia vai ganhar pois apostou tudo nesta operação e estará nela até ao último sopro. A Rússia vai ganhar ou usará o arsenal nuclear e o mundo acabará. Caso o mundo queira continuar a existir deverá aceitar a Rússia como um superpoder soberano.
Palavras do ideólogo de Putin, o ultra-direitista Alexander Dugin [Aleksandr Gelyevich Dugin, 60 anos] a quem chamam o cérebro de Putin.
De facto, por diversas vezes, Putin já usou os mesmos argumentos que Dugin tal como reconstrói a história da mesma forma que Dugin o faz. E os actos de Putin têm vindo, na realidade, a seguir o 'guião' Dugin. Por isso se diz que, para conhecer o pensamento de Putin, o que há a fazer é ouvir e ler Dugin.
Já ontem divulguei o vídeo no qual ele, em 2017, já confirmava que Putin seguia as suas ideias: anexar a Ucrânia, encorajar o Reino Unido a sair da União Europeia, tornar o Irão um aliado, dar os passos necessários para dar corpo à Eurásia.
E, à medida que me vou informando, mais confirmo que tudo isto é diabólico. Há nesta gente uma lógica imperialista que a mim me parece demencial.
Alexander Dugin diz que o ocidente anda indignado com tantas mortes, tanta violência, tanta destruição mas que o que, segundo ele, interessa discutir não é isso: o que interessa é discutir a geopolítica, a necessidade da Rússia ganhar força para fazer frente ao 'ocidente'.
A insensibilidade ao sofrimento humano destes dementes é um perigo, talvez um perigo maior do que pensamos. Mas não é um perigo apenas para a Ucrânia -- é um perigo para o mundo.
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Lamento que os vídeos (de onde extraí os excertos acima, a itálico) não estejam legendados mas, apesar de ter pena que quem não perceba a língua inglesa não possa ajuizar por si, partilho-os na mesma. Acho importante que se conheça o que pensam e o que motiva estas demoníacas criaturas, nomeadamente no que respeita à sangrenta invasão da Ucrânia e à sanha destruidora de que parece estarem possuídos -- e à criminosa e assumida determinação de levarem a chacina até às últimas consequências.
Alexander Dugin speaking on the Ukraine conflict
The founder of the Russian geopolitical school, Alexander Dugin, at a meeting with Western journalists, explains the geopolitical background of the conflict in Ukraine. 03/04/2022.
Russian Philosopher Alexander Dugin: In Ukraine, Russia Is Fighting the Liberal World Order
Prominent Russian philosopher Alexander Dugin said in a March 19, 2022 interview on Al-Jazeera TV (Qatar) that Russia will either win in Ukraine and be accepted as a sovereign superpower, or “there will be no Putin, no Russia, no world.” He said that any NATO intervention will be responded to "in kind," including the use of nuclear weapons if NATO launches a nuclear attack against Russia. He emphasized: "The decision to continue with the operation to our last breath has been taken." In addition, Dugin said that Russia's war in Ukraine is not against Ukraine as a country, but against "American hegemony" and the "global liberal elites who are trying to take over the world." He also said that Putin is so popular that the people have effectively made him Russia's "natural monarch.”
1 comentário:
Olá, UJM. O raciocínio deste tarado, que pelos vistos inspirou o seu discípulo do Kremlin, assenta sem dúvida numa lógica demencial.
Há em tudo isto o mesmo tipo de loucura megalómana e homicida que já se vira no infame Adolfo Hitler - o tal que sonhava com o domínio do mundo e com um Reich de mil anos. É gente da mesma estirpe, com um pavoroso desprezo pela vida humana.
Não tendo pelos seus próprios soldados qualquer respeito (são tratados como simples carne para canhão, tal como sucedia na União Soviética), como poderiam eles sentir alguma compaixão pelo povo ucraniano?
Estes criminosos terão de ser contidos urgentemente, mas as hesitações, divisões e contradições das democracias ocidentais não auguram nada de bom. E os ventos que começam a levantar-se em França também não.
A verdade é que bandidos deste calibre só compreendem e aceitam uma coisa, a única que pode fazê-los recuar: a força. Haverá no mundo livre disponibilidade para recorrer a ela - com decisão e a tempo?
Desejo-lhe uma excelente quinta-feira.
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