sexta-feira, março 04, 2022

O que ganha Putin com esta guerra? Nada.
Destrói a Ucrânia mas destrói, ainda mais dramática e duradouramente, a Rússia.

Что получает Путин от этой войны? Что-нибудь. Он уничтожает Украину, но еще более драматично и надолго уничтожает Россию.

 

Serhii, pai de Iliya, chora sobre o corpo do seu filho
Сергей, отец Ильи, оплакивает тело сына
 Fotógrafo: Evgeniy Maloletka/AP

Kyrie Eleyson- Ukrainian Orthodox Chant of the XV Century by Kyiv Chamber Choir

Há dois dias, ao falar com a minha filha, um dos meninos, o mais novo, quis fazer-me uma pergunta. Queria saber se eu achava que ia haver guerra nuclear. Nunca lhes minto mas, num caso destes, receio alarmá-los. Creio que disse que não, que acho que não vamos por aí, mas que já não dizia nada pois achava o Putin perigoso. 

Hoje estava a falar com o meu filho e, às tantas, ele disse-me que o menino do meio estava no carro e que estavam em alta voz. Presumo que, no meio do percurso e da conversa, tenha ido buscá-lo ao pavilhão em que pratica desporto. O menino disse: 'Não faz mal, eu gosto de ouvir'. Eu e o meu filho fomos conversando. O tema da invasão e da guerra e dos riscos medonhos inerentes a tudo isto assustam-nos a todos. Queremos compreender o que se passa, encontrar causas remotas, causas próximas. No meio da conversa contei-lhe que tinha tido um pesadelo, que estava a passar mesmo por cima de nós uma espécie de avião largo com mísseis. Contei que, quando tinha ido dormir, estavam as sirenes a tocar a Kiev e que, mesmo tão distante, tinha sentido medo. Ouvi o menino a perguntar ao pai o que são sirenes.

Depois da covid e do confinamento e de todos esses medos agora assistem, pela televisão, a uma bárbara invasão, à guerra, à destruição. Não sei que efeito terá isto na maneira de ser de uma criança. Tentamos informá-los, tentamos que se sintam seguros e que cresçam protegidos e muito amados. Mas sabe-se lá.

E o que é isto comparado com o que as crianças ucranianas estão a passar? Crianças sem casa, separadas das famílias, abandonando o conforto das suas vidas anteriores para irem não se sabe para onde, em condições precárias, no meio da confusão, vendo as mães a chorar, cheias de medo. 

Enquanto escrevo, tenho a televisão ligada. De vez em quando faço zapping. Não há uma única notícia tranquilizadora. Pelo contrário.

Agora vejo que há um incêndio numa central nuclear, Zaporizhzhya, depois de um bombardeamento russo. Não se sabe ainda o que vai agora acontecer. Pode um quarto do país ficar sem energia, e isso seria dramático, ou pode haver uma desgraça muito mas muito mais grave do que foi Chernobyl. Do que percebo não se sabe se foi mais um crime deliberado ou, o que pode ser provável, uma asneira resultante de impreparação ou desgoverno no terreno. Qualquer das hipóteses é deveras preocupante e péssimo prenúncio para o que ainda pode estar por vir.

Estamos a assistir a uma situação a todos os títulos trágica -- e não me refiro apenas a esta situação agora da central nuclear. Refiro-me a tudo. 

É incrível como a segurança da população (não apenas do país atacado mas de todo o mundo) pode estar dependente de um mitómano tresloucado. 

Quando me foco em Putin dizem-me que não é apenas o Putin, é todo o seu regime. Mas tenho para mim que é Putin que polariza o ódio que está por detrás desta ofensiva que não é apenas contra a Ucrânia mas contra a humanidade. Ou seja, acredito que caindo Putin, se desconstruirá todo o actual regime autocrático russo.

Estamos a assistir, em directo, ao dizimar de um país. E, no fim, se cá estivermos, faremos o inventário do mais que foi dizimado.

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Entretanto, tentando compreender o que se passa e como foi possível chegarmos até aqui e, sobretudo, tentando antever como será possível que este pesadelo acabe antes que mais gente morra e que a nossa confiança na inteligência da humanidade.

Captured Russian soldier cries whilst being allowed to speak to his mother |

 Russia-Ukraine war

Russian soldiers have accused Vladimir Putin of using them as “meat shields” and lying to them about their mission, in videos posted online by the Ukrainian Security Service.

One prisoner of war says that everything he was told by his Russian superiors was “bull----” while another breaks down in tears as he says there was no attempt to pick up the corpses of his fallen comrades.

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Ukrainian citizen volunteers take up arms to fight Russian invasion - BBC News

As the Russian invasion continues, thousands of ordinary Ukrainians are volunteering to fight to defend their neighbourhoods, despite many having no previous military experience.

Men between the ages of 18 and 60 are banned from leaving the country and have been urged to fight.

The Ukrainian defence minister says that 25,000 guns have been handed over to territorial defence members in the Kyiv region alone.

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Ukraine war: Is Putin’s attack plan coming unstuck? - BBC Newsnight

It's been one week since Russia invaded Ukraine and attacks are intensifying on key cities.

Russian advances have slowed in many places, revealing an army struggling to make progress.

Reports suggest Russian troops near the capital Kyiv have barely advanced in the past 48 hours.

Instead, bombardments have started, as seen in the seizure of of a key port city in southern Ukraine, Kherson.

Does the Russian military has the will, means and agility to finish off this campaign?
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What are Vladimir Putin’s goals? l ABCNL

What is driving Russia’s offensive in Ukraine? Chris Costa compares the invasion of Ukraine to the Soviet invasion of Afghanistan and other past Russian invasions.
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Is Ukraine losing the war? See former CIA director's answer

Former CIA director and retired US Army Gen. David Petraeus explains what factors could lead to Russia losing the war in Ukraine.

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The Sorrowful Mother, Страдальна Мати – Ukrainian Lenten Hymn

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Boa sorte à Ucrânia e longa vida ao Mundo

2 comentários:

aamgvieira disse...

Os soviéticos portugueses, por cá continuam, fazendo nos passar vergonhas no Parlamento Europeu.....

Vamos vê-los a gabar o Putin na AR !

A.Vieira

Anónimo disse...

Não consigo sentir medo por estar já tão habituado a ver o pior da guerra a todo o momento na televisão e na internet. Na Birmânia, no Afeganistão, no Mali... Só para dar exemplos atuais. Compreendo que as pessoas na Europa ocidental, e um pouco nos EUA, mas sobretudo na Europa, se sintam apavoradas agora com as sirenes da guerra às portas de casa e até tenham pesadelos como a autora a pensar se lhes vai chegar as bombas a elas, mas no meu caso quase nem sinto nada, nem sequer compaixão, e até me martirizo com isso, porque não me faz tanta impressão ver as notícias como parece que está a fazer à maioria das pessoas. Depois de ver aquelas pessoas esmigalhadas e queimadas na Birmânia ainda não me consegui arrepiar com mais nada. Medo? Quase que - e se isto é sentimento perverso, não tenho culpa, porque não é intencional - quase que sinto que mereço e que merecemos que também à nossa terra venha a guerra... Embora tenha pena que tenham de ser os ucranianos os sacrificados...