domingo, fevereiro 13, 2022

Vou já avisando: este post não é para almas sensíveis ou tementes
[E agora, José?]

 

Eu acredito em tanta coisa, tanta. Mas, acima de tudo, acredito no supremo mistério da harmonia que nasce do acaso e do caos. 

Tudo o resto em que acredito são derivadas desse supremo mistério.

Milhões de representações dessas infinitas derivadas: a beleza das flores, a bondade dos animais, a inteligência da natureza, a magnificência do mar, a magia da arte, o indecifrável jogo de luzes e de sombras que é a poesia, o privilégio que é a vida que nos é dado testemunhar. Tantos exemplos.

Acredito nesse mistério que não quero compreender. Não encontro explicação para ele nem a procuro. Seríamos esmagados pela imensidão do que há para saber sobre a improbabilidade do caos se transformar em harmonia que a toda a hora, em todos os lugares e sob as mais diversas formas acontece. 

A nossa ínfima capacidade de compreensão humana jamais poderia abarcar a explicação para o inexplicável. O frágil equilíbrio e a beleza harmoniosa que acontecem a cada instante são indecifráveis e assim devem continuar. 

Há quem chame deus a esse mistério e há quem o vista com roupas humanas. 

Há quem acredite no enorme edifício de regras, segredos e vícios que, ao longo dos tempos se foi construindo em torno do nome dado a esse mistério. Mas há quem lhe chame outros nomes. 

Para mim, neste caso, os nomes não importam. O que importa, penso eu, é respeitar esse mistério e as suas diferentes emanações: as pessoas, ou outros animais, as flores, os rios e os mares, os céus e as montanhas, as pedras e as grutas e as crateras e os labirintos. 

Por isso, acho que não se devem estabelecer hierarquias, preceitos, preconceitos ou mandamentos que procurem reger o nosso pensamento. 

Devemos, penso eu, ser inocentemente livres para nos descobrirmos e deslumbramos com toda esta imensa maravilha que nos rodeia. Não vejo necessidade nem compreendo o propósito de dar nomes, estabelecer limites ou incutir medo e a necessidade de prestar contas. Ou a necessidade de se criar a ilusão de uma outra vida com toda a maravilha que há nesta.

Pelo menos, tal como vejo e sinto, basta-me fazer parte do milagre dos infinitos e permanentes acasos que acontecem sem se perceber como ou porquê. Da separação de uma célula em duas e de duas em quatro e de toda essa virtuosa multiplicação pode nascer um lobo que atravesse a noite, uma águia que deslize junto às nuvens, uma rosa azul que se deposite aos pés dos incréus, pode nascer um filho. Fazer parte deste milagre e senti-lo é um dom que nunca saberei como agradecer nem a quem agradecer. 

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Porque é assim que penso, não me sinto chocada ou ofendida com os vídeos religiosos da Porta dos Fundos. Pelo contrário, acho saudável e divertido que questionem e riam dando largas à sua imaginação em reinterpretações pouco canónicas de episódios fundadores da história e da cultura em que a maioria de nós foi nada e criada. Mas a quem pense de outra forma aconselho que considerem a abstenção em relação ao que se segue. 

E agora, José? - segundo a endiabrada rapaziada da Porta dos Fundos

Dizem que pai é quem cria, mas mesmo assim Jesus largou a carpintaria pra se dedicar ao projeto do Outro Pai. Complicado


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Pinturas de Odile Redon ao som de Amarumar - Francis Mann
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Desejo-vos um feliz dia de domingo
Tudo de bom

2 comentários:

Lucy disse...

Os especiais de Natal do Porta deve levar muitos "santos" a perder a cabeça. Ahah do melhor que já vi! Perdoem.me, tá

Um Jeito Manso disse...

Olá Lucy

Também me divirto à grande! E há lá coisa melhor do que a gente se desatar a rir?

Dias felizes!