sexta-feira, janeiro 07, 2022

Entre o António Costa e o André Ventura, obviamente ganha o Costa.
Entre o André Ventura e o meu ursinho felpudo, obviamente o urso peludo




Grandes progressos. Inaugurámos hoje o peitoral com trela para prender a fera ao cinto de segurança do banco de trás. 

Em casa, espantado com a coisa, nem ofereceu grande resistência. Habitualmente, pôr a coleira e a trela é um momento de diversão. Saltita, recua, brinca, rodeia-nos, rasteja. Uma brincadeira para ele. Desta vez, intrigado com o novo apetrecho, chegou-se e deixou pôr. 

No carro também aceitou tranquilamente a nova disposição. E eu, aleluia, aleluia, consegui ir no banco da frente. 

Contudo, de imediato, se esticou para vir colocar a parte da frente do corpo entre nós. De vez em quando deitava a cabeça no meu ombro ou encostava-a à minha cabeça. Outras vezes, encostava-se ao braço do meu marido.

Tem tanto de brutinho quanto de meiguinho. O caminho todo assim. Desconfortável para ele mas agarradinho aos donos. Uma fofurinha. 

Estávamos na nossa hora de almoço a caminho do campo. Lá chegados, coloquei a tigelinha da ração e a da água. Nem lhes tocou. 

Como fui fazer o almoço e o meu marido trabalhar, ele ficou connosco em casa. Escolheu um sofá e instalou-se, encostado a uma almofada, todo aconchegado. 

(O penacho mais claro é a parte de dentro de uma orelha que ficou virada ao contrário) 

Um montinho de pêlo. Fui fazer-lhe uma festa. Quando está assim, fica muito quentinho, um peludinho quentinho. 

Mal acabámos de almoçar, fomos dar uma volta. Aí ele fica outro. Corre pelos caminhos, aventura-se entre as árvores e os arbustos de alecrim, sobe a muros, bebe água das covas das pedras, cheira tudo, desenterra nem se sabe o quê e, contra a nossa vontade, come e lambe-se todo.

Se ouve algum carro a passar lá em cima, na estrada, desata a ladrar e desata a correr até ao pé do muro e do portão. Depois, vem a correr ter connosco, a abanar o rabinho, a abanar-se todo, todo contente, e senta-se a olhar para nós à espera que lhe digamos que fez muito bem, que toma muito bem conta da casa. Fazemos festinhas, elogiamos e ele todo se derrete de alegria.

In heaven, está tudo muito verdinho, há muito musgo. Mas também há muitos cogumelos. Alguns cogumelos são grandes, aparatosos. Fico sempre receosa. Mas, felizmente, parece que os cogumelos não o atraem. Não devem ter cheiro. Mas, se vê porcarias, nem sei se serão cogumelos desfeitos ou coisa pior, logo se atira, todo entusiasmado. Se tentamos demovê-lo, rosna e até mostra os dentes. Parece que encontrou um tesouro e não quer ser desapossado. O que vale é que, se conseguimos distrai-lo, já fica outra vez amistoso e feliz da vida.

Quando regressámos, já era noite, vinha cansado. Começou por se deitar no banco. Pensámos que viria todo o caminho a dormir. Mas, afinal, ao fim de pouco tempo voltou a levantar-se e a vir aninhar-se ou junto a mim ou junto ao meu marido.

Quando aqui chegou, comeu a ração, bebeu água e agora dorme tranquilamente no chão aqui da sala. Para ele, tal como para mim, foi um belo dia. 

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O teletrabalho tem isto de bom. A gente trabalha no campo tal como no escritório. Não se pode falar de ubiquidade mas a verdade é que é mais do que mobilidade, é mesmo o ser irrelevante onde a pessoa está. Posso estar de manhã na cidade, de tarde no campo, à noite de volta à cidade. E sempre presente.

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Entretanto, estive a ver na RTP 1 o António Costa a aturar o sabujo André Ventura. Custa a compreender como um populista e um desavergonhado como este execrável "consultor fiscal" (e ponham-se muitas aspas nisto pois não há quem não saiba o que os consultores fiscais aconselham...)  chegou até aqui. Se só houvesse dois candidatos às eleições legislativas, o amoral Ventura e o meu fofo peludinho, eu não teria dúvidas em votar no último. Só gente ignorante, estúpida ou de má fé é que vota no Chega. Não vejo outro motivo para haver votos naquela espécie de partido. 


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E até já.

4 comentários:

José Duarte disse...


Olá, UJM. A fera peluda está um espanto, parabéns! Pêlo solto e brilhante, ágil e alegre, respira saúde por todos os poros. É, manifestamente, uma criatura feliz e com elevadíssima capacidade para tornar mais felizes os que com ele convivem. Reconheça-se que teve a sorte e a "providência canina" do lado dele: saiu do Alentejo natal para "aterrar" nos domínios de uma excelente família, rica de sensibilidades e afectos. Esta fera (que, tal como os seus irmãos de raça, começa a dar um arzinho do Chewbacca, da "Guerra das Estrelas"...) está a tornar-se, devido à forma como é tratado, num verdadeiro "companheiro" da família. Não é um cão robotizado, meramente "funcional", exclusivamente treinado, ou condicionado, para uma tarefa específica (de guarda, por exemplo). É, mesmo, "companheiro", com direito a exteriorizar a sua própria personalidade. E rosna em determinadas situações, pois claro. Eu também não sei como reagiria se, num restaurante, o comensal da mesa do lado me tirasse da frente o meu prato de pataniscas (provavelmente não me limitaria a rosnar e a mostrar os dentes...). Concordo que o urso peludo ganharia facilmente ao pobre Ventura (e não só). Se se interessasse por estas coisas e pudesse falar, suspeito que - inteligente como é - acabaria por sugerir-nos a escolha mais sensata, mais prudente, mais racional e mais justa no próximo dia 30: o voto num dos mais brilhantes, resistentes, humanos e confiáveis políticos da democracia portuguesa - António Costa, obviamente...

Maria disse...

Olá UJM. Como está lindo o ursinho e já cresceu tanto. Vocês mimam- no bastante, mas ele não lhes fica atrás ( mimalhinho, que ele é!!!). Os animais são tão dedicados, enchem nos a casa e tornam se parte da família.
Por mim, tenho filhos, netos, mas também não dispenso um cão e uma gatinha. Parabéns pelo seu peludo.Maria

Um Jeito Manso disse...

José Duarte, olá,

Gostei tanto de ler o que escreveu. Muitas vezes o excesso de energia do nosso ursinho felpudo deixa-me quase à beira de um ataque de nervos. Brinca, brinca, abraça-se a mim, deita a cabeça no meu colo, depois puxa-me pela manga, agarra-me pelos pés. Quer brincar mais, quer atenção. Enquanto estou no meu escritório a ter reuniões e o ponho na rua para evitar que se ponha ao pé de mim a fazer estrago ou, do lado de fora da porta a querer entrar, ele fica sentado no terraço, como se estivesse a guardar a porta. No fim, quando me despacho, mal lhe abro a porta, faz uma festa como se não me visse há anos, atira-se para o chão para eu lhe fazer festas, põe-se de pé para me abraçar, um delírio. O pior é que nestes entusiasmos, me arranha, me faz buracos nas camisolas. Aquelas unhas afiadas são terríveis.

Por vezes tenho mesmo que me zangar a sério. Se isto se passa no jardim e não no lado de dentro da casa, com a alegria desata a correr, faz grandes círculos a uma velocidade alucinante, um verdadeiro cão-bala.

É um cão muito querido e já um verdadeiro companheiro. Só espero é que as unhas fiquem mais gastas para não arranhar tanto...

Agradeço imenso os seus comentários e as suas observações que me ajudam sempre a percebê-lo melhor.

Desejo-lhe um bom sábado, José Duarte.

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria,

Os meus vizinhos do lado têm um gato muito bonito que costumamos ver à janela como se estivesse a olhar para nós. Parece um escultura branca, sentado muito direito, imóvel.

Nunca consegui sentir-me atraída por gatos, parece que tenho sempre o receio de que se virem e arranhem. Parece que não são tão interactivos como os cães... Os cães têm uma forte ligação às pessoas. Os gatos não sei...

Mas este nosso ursinho felpudo de facto já é um elemento quase central na nossa família. Quem chega cá a casa quer logo saber dele, vê-lo, mexer-lhe. E ele faz uma festa com todos os da família.

Espero que em sua casa também seja uma festa quando todos se juntam, com o cão a também fazer parte do 'ajuntamento'. Em contrapartida, imagino que o gatinho se mantenha distante...

Desejo-lhe um belo sábado, Maria. Saúde!