terça-feira, agosto 10, 2021

A figura pública que tem medo de levar a vacina e uma locutora de desporto muito diferente

 

Pode parecer que não mas há por aí quem tenha medo de apanhar vacina (*). Pode ser medo de adversidade, medo de que o líquido na seringa esteja trocado ou, estando fora do frigorífico, tenha ficado que nem leite azedo ou pode ser, pura e simplesmente, medo de agulha. 

E medo não escolhe em quem se alojar: pode ser em amelinha, pode ser em zé valentão, pode ser em anónimo ou em figura pública. Não sei qual a percentagem de medroso porque medroso não se confessa, não se declara para a estatística, medroso disfarça, arranja desculpa. Acho que medroso está em minoria mas, quando os há, de cada um a gente pode fazer um filme. São criativos, arranjam desculpa cheia de erudição ou, para ninguém suspeitar deles, ainda se riem dos outros.

É como aqueles homens que levam a vida inteira a esconder que são gays e que, apesar de toda a gente ver que há neles um piquinho a azedo que não engana, não fazem senão contar anedotas de gays. Contam e riem, contam e insinuam que os outros é que são. E a gente faz de conta que não percebe nada para eles, por dentro, poderem continuar fechados no armário enquanto, por fora, se armam nos maiores machões. Mas deixa. Tem pai que é cego.

O vídeo abaixo, mostra um desses. Todo prosa e, na hora, logo a fugir com o braço à seringa. Um pândego todo fóbico.

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6 bilhões de anos de evolução humana, 3 séculos de revolução industrial, 25 anos da clonagem da ovelha Dolly, chips, nanochips, óculos VR, rede 5g, câmera Tekpix, drones, privadas japonesas high tech e nada de inventarem essa vacina em gotinhas. Sacanagem.  

Prefeito vacinado 

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Mas, vá, não devemos rir das fobias dos outros não vá alguma descer também em nós. Ando a ficar medrosa, é o que é. Por exemplo, imagine-se que ficava com medo de calçar sapatos não vá enganar-me e ir com um sapato de cada nação (já me aconteceu; quando me chamaram a atenção fiquei para morrer, meti-me no carro e fui a casa repor a boa ordem), medo de cortar o cabelo em casa não vá dar uma tesourada abusiva e ter que quase cortar o cabelo à escovinha (já me aconteceu, apareci na sala a chorar, sem saber o que fazer. O meu marido ainda hoje se ri dessa minha aflição. Era uma jovem na altura, se fosse hoje assumia a assimetria), medo de comer figos não vá não conseguir parar (acontece-me todas as vezes que os como). As fobias são tramadas. Mais vale a gente deixá-las sossegadas para ver se não se assanham e não nos saltam em cima.

Por isso, já virei a minha boca para lá e vou focar-me num outro assunto. O da locução. Nada daquele tom de quem a sabe toda, jargões técnicos, comparações com outras sumidades. Nada. Aqui a locução é de outro estilo. Mais terra a terra, mais todo o terreno. Desta locução eu gosto.


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Do comentário abaixo, do Paulo B, transcrevo uma parte:

Tenho encontrado muitas mais pessoas com medo do que imaginava! E com razões tão díspares como: 
  • a) pessoas de um tempo em que o médico era pouco mais que o padre que ia dar a santa unção (o meu avô) e que tem um medo de morte dos médicos no geral e da vacina em particular; 
  • b) pessoas de poucos estudos e muito trabalho que têm sobretudo medo do desconhecido, dada a sua vida no limite da dignidade que as torna irracionalmente avessas ao risco (a Sra da pizzaria onde fui no fim de semana, que confessou ainda não se ter ido vacinar...), 
  • c) pessoas supostamente informadas e bem formadas (formação superior) mas crentes na religião dos bio cenas e afins que os levam a desconfiar das intenções do sistema económico dominante e, claro, 
  • d) a religião dos neofascismo que por aí proliferam, que têm dado a mau a tudo o que é teorias das conspiração que os.ajuda a vender as suas ideias... (A de que são os novos Messias).
Pois, de facto, cada um terá os seus motivos, mas a verdade é que, por cada não vacinado, há um elo de transmissão que não foi interrompido. Ou seja, para além da fobia, há um acto que pode ser visto como de irresponsabilidade social.

6 comentários:

Paulo B disse...

Tenho encontrado muitas mais pessoas com medo do que imaginava! E com razões tão díspares como: a) pessoas de um tempo em que o médico era pouco mais que o padre que ia dar a santa unção (o meu avô) e que tem um medo de morte dos médicos no geral e da vacina em particular; b) pessoas de poucos estudos e muito trabalho que têm sobretudo medo do desconhecido, dada a sua vida no limite da dignidade que as torna irracionalmente avessas ao risco (a Sra da pizzaria onde fui no fim de semana, que confessou ainda não se ter ido vacinar...), c) pessoas supostamente informadas e bem formadas (formação superior) mas crentes na religião dos bio cenas e afins que os levam a desconfiar das intenções do sistema económico dominante e, claro, d) a religião dos neofascismo que por aí proliferam, que têm dado a mau a tudo o que é teorias das conspiração que os.ajuda a vender as suas ideias... (A de que são os novos Messias).

É por isso que continuo a praticar o isolamento social no mais que posso: o CoVid parece ser menor dos vírus quando vemos estes que circulam por aí!

PS: cada vez que mais me.informo, confirmo que a UJM teve razão e.foi das poucas pessoas que vi referirem a.necessidade de olhar para essa.dimensao do problema. Na literatura científica isso é bastante evidente e perguntou-me porque prevalece uma dimensão muito ignorada da acção preventiva (sim, custa dinheiro... É claro que cada um comprar a sua máscara e autoresponsabilizar-se é mais barato): a transmissão é essencialmente aérea; pq continua a não existir normas para a circulação de ar e respectivos aparelhos? Desde logo em lares de idosos l, edifícios públicos, etc...

Anónimo disse...

Isso dos gays a fazer piadas sobre gays está tão ultrapassado. Só mesmo talvez no mundo corporate do clube dos sessentões. Essas piadas estão fora de moda e, com elas, muito do pico a azedo. Que exemplo escusado e nada a ver. Pico a azedo... Que falta de humanidade.

Lucy disse...

Olá UJM, eu pergunto.me sempre -essas pessoas tomaram as vacinas do plano N de vacinação?? Se tomaram,questionaram ou tiveram medo de acordarem com três braços ou de se tornarem gays ou assim?? Quando vão ao medico queixam.se das maleitas e dizem.lhe que não lhes receite medicamentos. Tomarão malvas quando lhes doi a barriga? o planeamento familiar será com termômetros e água benta?

Lucy disse...

Pela falta de canalha que há, não me parece.( Canalha é com carinho, a Lucy é do norte)

Paulo B disse...

Lamento aqui as gralhas! Isto de escrever ao telemóvel... Mas não resisto às interação!
Nota: na alínea d) deve ter-se "dar palco a" ao invés de "dado a mau" (a malta anda a desenvolver sistemas "inteligentes" de apoio ao cliente ao invés de sistemas de inteligência artificial decentes no apoio à escrita... Enfim!)

Paulo B disse...

Raios! Nem a correção saiu bem!