Do que me tenho esforçado por não ouvir pouco consigo concluir. Não sei de que estamos a falar. Por cada lote, entre os que faltam e os que não aparecem, sobram umas quantas vacinas que, para não serem deitadas para o lixo, são aplicadas aos braços que estão mais à mão? Se for isso, é mau?
- E de quantas vacinas, nestas circunstâncias, ao todo, face ao total aplicado, estamos a falar? Cagagésimos percentuais? Ou lots and lots?
- Ou não é isso, trata-se é de uns quantos chicos-espertos que usam o seu petit poder para distribuir vacinas pela família e amigos? Quantos? Uma dúzia de chicos espertos em mil que se portam bem? Ou quinhentos?
Pergunto.
E peço desculpa pelas perguntas. Se calhar, isso já é sabido e eu é que estou por fora.
Além disso, sorry mas tenho outra coisa: gosto de pôr os dramas em perspectiva. Se estamos a falar de insignificâncias que apenas espelham algumas margens da sociedade, que não é perfeita, estou fora. Por muito que as beatas e os orelhudos de Auschwitz se insurjam, não são estes fogachos indignativos que vão tornar o mundo perfeito.
Não alinho, mas nem um bocadinho, nesta sanha persecutória, """jornalistas""" e """jornalistas""" por este país afora, armados em inquisidores de meia-tigela, a ver quantas vacinas descongeladas, em vez de irem para o lixo, foram para o braço da padeira da rua.
Claro que se não foi bem assim e umas quantas vacinas foram parar ao braço da cunhada e da empregada doméstica em vez de irem para o braço de duas idosas do lar, aí talvez já seja crime. Mas apure-se a verdade dos factos, avalie-se dimensão do crime e deixe-se que a Justiça funcione.
Mas poupem-nos. Não se aguenta mais tanta miséria jornalística. Procuram ou inventam motivos para exercitarem a sua língua peçonhenta, para empolarem a tragédia, para apelarem ao choradinho, para pintarem um quadro de nepotismo generalizado, para desencadearem a justiça popular, para abrirem a porta ao populismo. Não tenho um mínimo de pachorra.
Esta cambada que mais não faz do que encher o espaço público de maledicência, criando rebanhos ululantes de maledicentes, enoja-me. Olhem, faço minhas as palavras de um dos meus ídolos.
E como me apetece fugir a sete pés das notícias -- e não encontro alternativa válida na televisão e como tive um dia de trabalho que durou até não há muito e estou cansada demais para ir procurar melhor alternativa -- permitam que partilhe convosco uns vídeos que me apareceram quando estava à procura do último, vídeos aqui reincidentes e sempre bem vindos. Ganda João Vuvu, João de Deus, João César Monteiro.
Há pouco, ali em cima, ia dizer de um dos meus falecidos ídolos. Mas resolvi retirar o falecido. Enquanto houver quem se lembre dele e dos seus filmes e vá ao youtube procurar os seus vídeos ele estará vivo.
[Red Alert: quem padeça de ouvidos sensíveis deve abster-se de ouvir os vídeos abaixo. Talvez seja prudente retirar o som ou, pura e simplesmente, desistir porque daqui hoje não sai mais nada]
3 comentários:
Deixei ali um comentário em baixo (na verdade em jeito de comentário a um comentário) sobre isto que vai num sentido semelhante ao que a UJM aqui diz. Mas discordo. Em parte até acho bem que os jornalistas andem para aí a denunciar casos. Agora, não se pense é que isto é responsabilidade "dos outros" (ou do governo, que é o que depois os comentadeiros na comunicação social querem.fazer querer)
PS: eu até tive para lhe pedir para apagar o meu comentário do.outro dia. Aquilo está pessimamente escrito. Este mau hábito de escrever no telemóvel pouco antes de dormir tem vários problemas e acabo mais por me sentir envergonhado com a má prosa do.que contente com o eventual contributo para o diálogo. Mas... Vá, o semi.anonimato alivia um bocado a vergonha.
(Este comentário vai pelo.mesmo.caminho com os mesmos problemas, mas não consigo mesmo rever...)
Ah! E o João César Monteiro é o maior. Esses filmes que aqui deixou são deliciosos! Ele faz-nos falta.
Noutra linha, felizmente vamos tendo o Manuel João: https://youtu.be/Sbf54OWWxnk
"Os Poemas vão fundo... / E as Prosas são como as rosas / mais belas do Mundo!". Cumprimentos, DM
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