domingo, janeiro 17, 2021

Alô, alô António Costa!
Vamos fazer com que toda a gente leve isto da Covid mais a sério...?

 

Lá ao fundo, no largo, há um café. Está aberto. Há mesas e cadeiras na rua. Estão cheias. Ontem, ao fazer a caminhada, perto da hora de almoço, parou uma carrinha. De lá devem ter saído pelo menos uns dez ou doze homens. Não sei como lá cabiam dentro. Pareciam homens das obras. Todos sem máscara. Foram para o café. Se algum estava infectado, o mais provável é que todos o fiquem. Porque não usam máscara? Temem que os outros gozem? Acham que por serem muito machos o covid não quer nada com eles? Não têm dinheiro para a máscara e o patrão não lhas dá?

E onde está a polícia que deixa que o café esteja aberto, com aquela gente toda ao pé uma da outra? Ontem. Hoje. Como se nada se passasse.

Hoje, ao chegarmos ao supermercado, ao nosso lado estacionou um carro, De lá saíram dois homens com ar de quem vinha das obras. A máscara no pescoço. Só quando entraram no supermercado a puseram. Não sabem que num espaço fechado, como um carro, se um está infectado o outro provavelmente também fica?

Na rua duas mulheres faziam uma caminhada. Quando se viram, pararam para se cumprimentar. Não se abraçaram mas puseram-se a menos de meio metro uma da outra. Uma fazia festas no ombro da outra, e tinha o nariz de fora da máscara. Porquê? Acham que só a boca deve ser protegida? Não sabem que tão perto uma da outra, o risco aumenta?

Volto a dizer: esta semana estive num sítio em que algumas pessoas tinham estado a ter uma reunião (presencial), demorada, numa sala fechada, sem janelas. Estavam de máscara mas se, numa sala fechada, estão várias pessoas, se uma está infectada, há grande probabilidade de que todos fiquem. Quando os questionei, ficaram até admirados. 'Estávamos de máscara', disseram.

Na empresa onde trabalha uma pessoa que me é próxima há uma orientação bizarra: grande parte dos directores faz questão de ir trabalhar presencialmente quando poderia trabalhar remotamente, levando, dessa forma, a que várias outras pessoas também tenham que lá estar. Não há outra razão senão não destoarem uns dos outros.

Numa outra que bem conheço, alguns administradores, imbuídos de um espírito peculiar, acham que devem estar presentes, como se, caso ficassem em casa, estivessem a abandonar o navio. Por algum estranho motivo, ainda não perceberam que, como 'comandantes', deveriam ser os primeiros a dar o exemplo. Assim, não apenas dão o exemplo oposto ao que deveriam dar como obrigam as secretárias e outras pessoas a também estarem presentes.

Onde está a fiscalização que não entra nas empresas para multar todos -- directores, administradores, incluídos -- que estejam nas empresas em vez de estarem em teletrabalho, quando sem prejuízo da actividade, o poderiam fazer? 

Vi a reportagem no noticiário da noite. Um jovem com ar desafiador dizia que estava a passear porque lhe apetecia. Ninguém lhe diz que, se infectar a mãe e a mãe precisar de ir para o hospital, provavelmente não vai ter vaga e vai ficar a arfar dentro da ambulância?

Também na televisão, várias pessoas passeavam sem máscara em zonas bastante povoadas. Porquê? Não sabem o risco que correm? Não sabem que podem ser multadas? Mas onde estava a polícia?

E onde estão as campanhas publicitárias claras, inequívocas, a explicar de forma explícita o que se não pode fazer e os riscos que se correm?

E onde as campanhas a divulgar as multas em que se incorre se se desobedecer?

Acho que é tempo de agir em força: na comunicação social, nas redes socias, nas ruas. Em força e a sério

Com parte da população a agir como se tem visto e com uma curva de contágio empinada da forma que está, estamos a caminho do desastre. E digo isto sabendo que no desastre já nós estamos. Mas podemos ficar bem pior.

3 comentários:

Gato Aurélio disse...

Saber pôr, tirar, guardar ou deitar fora uma máscara também carece de campanhas em massa.
Tirar a máscara, dobrá-la como quem dobra um lencinho acabado de lavar,guardá-la no bolso .. . Sem desinfetar as mãos logo de seguida...

Um Jeito Manso disse...

Olá Gata,

É isso. Quando me disseram que uma pessoa lavava daquelas máscaras de papel... Máscaras que perdem a eficácia quando apanham humidade...

Penso que é indispensável formação, formação, formação. É indispensável que as pessoas percebam que mesmo que mesmo que não se importem de apanhar covid, pelo menos deveriam ter cuidado para não contagiarem os outros. E eu acho que ainda não perceberam isso. E também acho que não perceberam que, mesmo assintomáticos, podem contagiar.

Vamos esperar que do conselho de ministros extraordinário venham medidas eficazes. Façamos figas, Gata.

Dias felizes. Saúde!

Lúcio Ferro disse...

Essencial era a fechar as escolas. Mas isso não, parece que o problema está nos postigos por onde se vende café. Bom dia e boa semana, UJM.