Os tempos que aí estão, pelo menos por estas nossas bandas, não são de molde a festejos. Hoje éramos oito, dois dos quais em confinamento por alguém do seu agregado estar infectado. Mas isto é apenas um exemplo, uma amostra não significativa. Significativa e muito é a curva das novas infecções. Não vou repetir-me muito mais mas, uma vez mais, estou apreensiva. Face à duração dos internamentos e face ao crescente número de novos casos, temo o que aí venha. Não faço ideia de quando se atingirá o pico nem qual será o número de mortos por essa altura. A julgar pela curva, nem quero arriscar uma previsão. Mas, numa situação destas, não é a matemática a muleta a que nos devemos agarrar: é, sim, à coragem para tomar decisões difíceis e ao bom senso para tomar decisões simples.
É certo que não é só por cá -- e a bazuca europeia vem ajudar. Mas como vai tudo conjugar-se e o tempo que vai levar a atingir o equilíbrio eu não sei. Sei é que, no meio tempo, haverá vítimas. E não serão poucas.
E já se percebeu que, em cima da pandemia, aparecerão as legionelas e outras bactérias, outros vírus, os calores excessivos, os vendavais, as enxurradas.
Portanto, há que tentar encontrar forças, há que apelar à criatividade, há que ter inteligência. Qualquer bicho, quando o que está em causa é a sua sobrevivência, sabe virar-se. Sei que há muito céptico que desdenha do apelo a uma mudança, que se acha superior a preocupações, gente que sabe tudo, que não acredita em nada de bom, que não quer saber de tempo usado a querer melhorar as coisas. Deixá-los. Nestas alturas é que se vê quem gosta de se enterrar em vida, começando por enterrar a cabeça, e quem são aqueles a quem as gerações futuras serão devedoras.
Para começar já é bom que o poluidor-mor, o estupor-mor, o bronco-encartado tenha sido apeado. É uma das grandes notícias para o mundo. Com Trump despedido e o trampismo em queda, espera-se agora que os seus sucedâneos vão pelo mesmo caminho, a começar pelo analfabeto Bolsonaro.
É tempo para gente com nobreza de carácter, com cultura, com sentido de abnegação. É bom para a Europa e para o mundo que esta mudança nos Estados Unidos tenha acontecido nesta altura tão crítica.
Não admira, pois, que a alegria tenha eclodido de forma tão espontânea e efusiva nas ruas e nas casas de todo o mundo. Uma vez mais, partilho dois vídeos que mostram bem o ambiente que se vive nos Estados Unidos. No meio da mortandade que por lá grassa, o pessoal saíu à rua para fazer a festa. E Colbert, Kimmel, Fallon, Corden e outros dão conta da alegria e esperança que varre aquele grande país.
Por enquanto, limitamo-nos a fazer as despedidas da tartaruga obesa e do trampismo. Do-re-mi-fa-sol. So long, farewell, auf Wiedersehen, goodbye. Seria bom que, dentro de meses, estivéssemos a despedir-nos também da covid. E, algum tempo depois, poucos anos, dos riscos climáticos. Gostava que, dentro de algum tempo, todos pudéssemos deixar aos vindouros um mundo melhor do que o que os nossos antecessores nos deixaram.
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