A minha mãe, no último dia que saíu, creio que na sexta-feira da outra semana, numa altura em que eu já andava a implorar-lhe que não saísse mas em que ela achava que ali o bicho não chegava, pelo menos já foi de máscara. Foi ao lugarzinho do bairro comprar pão e mais não sei o quê e, segundo ela, era a única a proteger-se. E contou que uma 'gorda e bronca' que lá costuma encontrar estava a tentar dar um beijinho a um outro que a afastou e a quem ela não deu tréguas aproximando-se, rindo, requerendo o beijinho. A minha mãe alertou-a que, face à grave epidemia, os beijinhos e apertos de mão deveriam ser evitados, ao que ela, galhofeira, respondeu: 'Temos que brincar com estas coisas... Se a gente não leva isto para a brincadeira, então, como é...?'.
O que acabei de ver na televisão, algures a Norte -- mas em mais do que um lugar --, é do mesmo calibre. Ainda há gente que não percebeu o que está a passar-se. Gente aos magotes a passear e a curtir. Todos os broncos parecem que, nem suricatas, saem à cena nestas alturas. Trumps e Bolsonaros e gente que os apoia ou da mesma raça: gente estúpida, gente que não compreende nada mesmo quando as evidências lhes são escarrapachadas nas fuças, gente que acha que os outros são exagerados e que eles, os burros, é que são espertos.
Todas as pessoas que parece que ainda não perceberam que é preciso 'achatar a curva' -- reduzindo o contágio, mantendo-se em isolamento social, ter estritos hábitos de higiene e respeitando na íntegra o protocolo respiratório (não estando a menos de cerca de dois metros dos outros, não tossindo ou espirrando para o ar ou para a mão ou, de para um lenço, deitando-o logo para o lixo) -- têm que ser firmemente chamados à razão.
Não há que ter delicadeza para quem não respeita a vida dos outros. Se os estúpidos não percebem a bem terão que ser obrigados, nem que seja à bruta, a a cumprir todas as recomendações da DGS e do governo.
Leitor, a quem muito agradeço, enviou-me um vídeo muito divertido e acho que claro. Seria bom que, por cá, se fizessem vídeos equivalentes. Daqui lanço um apelo para que os criativos ou os entendidos nestas coisas, lancem campanhas fortes para convencer todos, os novos e os velhos, os civilizados e os broncos, os inteligentes e os burros encartados.
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Entretanto, aos inteligentes, recomendo a leitura, no Público, de:
O novo coronavírus: factos, respostas e previsões II,
Análise de Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa[Não recomendo aos burros porque esses, está mais do que provado, só percebem as coisas de outra maneira]
2 comentários:
grata pela partilha do artigo do Público.
Votos de boa semana, in heaven :-)
Isto de uma pessoa ter que se proteger e ainda educar os outros é uma carga de trabalhos...mas porquê que as pessoas não usam o bom do neurónio por uma veeez!?
Boa sorte e boa semaninha.
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