segunda-feira, agosto 12, 2019

Aula prática de ioga
(à beira-mar)





O meu marido diz que fica mais cansado nas caminhadas comigo do que, quando manhã cedo e sozinho, percorre muito maior distância em muito menos tempo.

As minhas paragens nas nossas caminhadas conjuntas quase o exasperam, E digo quase pois ele tem o auto-controlo suficiente para se conter. Explico-lhe que o exercício físico é apenas parte da equação porque o exercício de desfrutar o inesperado e contemplar a beleza faz bem à alma e, certamente, também bem ao coração. Portanto, aconselho-o a que diminua o biorritmo e programe os neurónios para, quando anda a baixa velocidade, ser capaz de contemplar o que o cerca. Por outro lado, faço também eu o esforço de andar de seguida, sem parar de metro a metro. Mas logo aparece novo motivo de interesse e os bons intuitos logo esmorecem. E este domingo foram muitas as razões para abrandar, quiçá mesmo parar - quando não mesmo ficar em stand by

Depois da capoeira, de crianças a brincar em contra luz, de duas reboludas com trancinhas, umas encarnadas e outras roxas, a passearem cãezinhos tão reboludos quanto as entrançadas e bem nutridas donas e de uma madame vestida em full white, um vestido produzido, toda ela como se fosse uma noiva a rebentar pelas costuras do vestido e, curiosamente, a andar de trotineta, e de gaivotas a meditar à beira de água ou a voar com as suas longas asas bem abertas, eis que aparece uma beldade a fazer ioga.

Pus-me a olhar: que elasticidade, que perfeição de movimentos. Pensei no que se passou no outro dia, nem há um mês, quando fui ter uma aula de ioga e ia desmaiando, a pressão arterial nos mínimos dos mínimos. E, no entanto, olhando a elegante e elástica mulher que, no areal, se dobrava e desdobrava, dava a ideia que era fácil. Cada um é para o que nasce.












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Escolhi fotografias em que não se vê bem o rosto da bela mulher -- mas com pena: é mesmo muito bela. Rosto sereno e belo, como elegante e belo é o seu corpo. 

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4 comentários:

Anónimo disse...

UJM, só porque me fez lembrar de si, pelas melhores razões (se é que isso significa alguma coisa):

"A partir de este dia,
he decidido
que no se me ocurra ya idea alguna,
sino leones, abismos, edificios.
Si se observan desde esta fecha ideas por mí firmadas
abismos disfrazados,
edificios disfrazados de ideas que por mí discurren
hacia cualquier lugar,
al mismo tiempo.
Así ya no pensaré cosas infinitas que nos salven,
sólo seré
cosas comunes y reales en peligro.
Pues yo mismo soy un edificio disfrazado de idea,
de palabra,
que discurre por otros edificios exteriores, ya no puedo
permitirme la paz."

(Carlos Aurtenetxe)

Um abraço,
JV

Isabel disse...

Parecem posições tão fáceis de fazer e no entanto devem ter anos de prática. Assim que puder quero começar a ter aulas. Nunca vou chegar a isto, mas quero aprender a tranquilidade. Faço alguns exercícios para dormir melhor e fazem-me muito bem.

Beijinhos e boa semana:))

Um Jeito Manso disse...

Olá JV,

Saiba que isso de se lembrar de mim pelas melhores razões significa muito. Muitíssimo!

E saiba que adorei o poema. Adorei. É uma maravilha e, ao lê-lo, senti que, de facto, me estava a reconhecer em muitas daquelas palavras.

Mil thanks, JV. E vai daqui um big abração!

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel,

Tambem tenho nos meus objectivos aprender. No outro dia, na praia, o meu marido, que já foi praticante de ioga (parece mentira mas é verdade), fez posições simples para eu tentar replicar. Tentei mas foi difícil. Mas gostei. Mas percebi o quanto tenho que me dobrar e esticar para conseguir ter a elasticidade desejada.

Se visse a facilidade e elegância desta jovem que fotografei... Parecia que era de caras. Cheguei a casa e tentei fazer algumas. Está bem, está.

Mas é bom a gente querer esticar-se e dobrar-se e respirar correctamente e descontrair o corpo.

Beijinhos, Chabeli!