quinta-feira, maio 02, 2019

Falemos então de Sexo, de Estatística, de Esperança de Vida
-- a palavra a Sir David Spiegelhalter



Não sei se ainda hoje terei o descaramento de mostrar como passei um dia que de engagé nada teve e que, em contrapartida, teve praia, rio, lanche em família, ida ao Leroy para comprar uma vela (e poderei até contar o que perguntei ao empregado e que fez o meu marido dizer a seguir 'só pensei: ela não está a dizer isto...' concluindo, a seguir, 'por estas e por outras é que se diz que as mulheres deviam falar menos'). E até pode ser que partilhe convosco algumas fotografias que mostrem como uma burguesa festeja o charme discreto do 1º de Maio.

Mas, se for, é mais logo. Agora o tema é o outro. E, com vossa licença, vamos com uma pitada de música.


Para já, e ainda na sequência do post Fazer amor é prática em vias de extinção? e dos interessantes comentários que recebi (interessantes e, sobretudo, surpreendentes), vou partilhar um vídeo onde David Spiegelhalter dá uma aula sobre a matéria.

É lugar comum dizer que a comunicação é coisa complicada: a forma como a gente vê o bicho pode não ser igual à forma como o bicho se vê a ele próprio. E se descrevermos o bicho e várias pessoas fizerem o mesmo, a nossa descrição não será igual a nenhuma das outras.

E isto é com tudo.

Eu escrevo sobre um professor de estatística que escreveu um livro de estatística e para mim é claro que é sobretudo isso.

Os números com os quais David Spiegelhalter trabalhou relacionam-se com a prática sexual mas poderiam ser sobre quaquer outra coisa. Por exemplo: Quantos comícios frequenta por ano? Quantas vezes vai ao cinema por mês? Quantas vezes chora a rir por mês?

Por acaso os números dele tinham a ver com sexo e evidenciaram que a tendência é decrescente.  Acresce que correlacionou -- e a correlação matemática é coisa séria, não é fofoca ou tarot -- com alguns factores. Mas... e daí? Vamos aborrecer-nos com os números? Ou vamos querer que um estudo que é estatística se aventurasse por outros territórios...? Mas a que propósito? O homem é estatístico e o estudo foi sobre estatística.

É que uma coisa é uma análise de tendência, uma extrapolação, uma análise correlacional com outros factores (puro trabalho estatístico) -- e outra, distinta, não incluída no contexto, seria uma interpretação causal, uma dissertação histórica, um juízo de valor.

E foi isto.

E, no entanto, pelos comentários, percebo que o que para mim era claro, foi visto de outra maneira pelo menos por duas pessoas.

E eu que gosto de números, que gosto de coisas que se relacionam com números, e que estava a falar de estatística, fiquei surpreendida com a reacção de quem leu o que escrevi como uma outra coisa.

Mas, para que melhor se perceba, nada como ouvir o autor do crime.

Passo, então, a palavra a Sir David SpiegelhalterOBE FRS, a British statistician and Winton Professor of the Public Understanding of Risk in the Statistical Laboratory at the University of Cambridge and a Fellow of Churchill College, Cambridge. Spiegelhalter is an ISI highly cited researcher.
He presented the BBC4 documentary ‘Tails you Win: the Science of Chance', and in 2011 competed in Winter Wipeout on BBC1. He is an Honorary Fellow of the Institute for Risk Management, was elected Fellow of the Royal Society in 2005 and awarded an OBE in 2006 for services to medical statistics. He is the co-author of The Norm Chronicles: Stories and Numbers about Danger (2013) and author of Sex By Numbers: What statistics can tell you about sexual behaviour (2015).

David Spiegelhalter  - Sex By Numbers



E, se me permitem, um bocadinho de uma conversa que é música para os meus ouvidos
Sir David Spiegelhalter discusses how the work of amateur mathematician Thomas Bayes and statistician Ronald Fisher helped to shape the current thinking of probability.


E, para terminar, ainda a propósito de estatística, um excerto de um episódio de Tails You Win: The Science of Chance, o programa que David Spiegelhalter  teve na BBC, aqui a falar de esperança de vida

Maximise your chances of living to 100




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E até já

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