segunda-feira, janeiro 21, 2019

Agora já sei quem é essa tal Marie Kondo


Não sou nem pretendo ser uma sabichona e, pior do que isso, de vez em quando sinto que devo andar fora deste mundo desconhecendo o que toda a gente está farta de saber.

Mas pronto, agora já sei quem é Marie Kondo. Volta e meia, nas Madames Figaros e Vogues desta vida via referências ao método Kondo mas a desatenção e as pressas habituais sempre me impediram de investigar. Até que, surpreendentemente, Mr. X trouxe Marie Kondo à colação. Aí, obviamente, não pude manter-me no desinteresse. 

Num dos dias em que estava a aprender como a técnica dos origamis pode aplicar-se às cuecas ou às meias, a minha nora enviou-me uma sms a sugerir-me que visse uma série no Netflix, Tidying Up With Marie Kondo. Não tenho Netflix mas assinalei a coincidência: estava justamente a ver vídeos no Youtube. Disse-lhe que ainda estava a tentar perceber se aquilo não é mais uma das tretas que vira moda até porque a dita senhorita Kondo, pelos vistos, achava que só se devem conservar os livros que trazem alegria. Ora os livros são objectos sagrados. A minha nora respondeu-me que, por ela, livros e fotografias não deitava fora mas que não tinha sentimentos em relação à roupa. 

Eu não sou despojada, tenho sentimentos em relação a quase tudo. Não sou de deitar fora com facilidade pois posso usar roupa com muitos anos (assim me sirva).  E tenho objectozinhos que vêm desde o princípio dos tempos. Afeiçoo-me às coisas.

Mas a verdade é que estou desejando ter tempo para organizar o meu closet. Aquela coisa de arrumar tudo em tijolinhos parece-me boa ideia. Não sei se cada tijolinho me dará felicidade mas acredito que olhar para um gavetão super arrumadinho me alegrará bastante. Por exemplo, adoraria ter as minhas echarpes assim arrumadinhas, organizadinhas. Encontrá-las e estarem lisinhas, prontas a usar, é um desafio. 

Imagino que seja uma alegria idêntica a olhar para as minhas estantes assim como estão agora, arrumadas. Pode parecer estúpido dizer isto mas a verdade é que fico satisfeita quando faço arrumações e vejo o produto final.

Infelizmente nem tão cedo terei tempo para me atirar à revolução que sinto que é necessária nas minhas gavetas.

E agora podem rir-se de mim à vontade. Lá virá o Leitor mauzão chamar-me dondoca, lá haverá quem assinale que o meu mal é não saber os gregos clássicos na língual original -- essas verdades irrefutáveis que, na volta, explicam que eu, perante o que aprendi do método da Marie Kondo, em vez de a banir do meu radar esteja aqui a confessar que estou com vontade de ir arrumar o meu roupeiro e adjacências. Mais: sou até capaz de reconhecer que há coisas que posso deitar fora.

Spring Cleaning Queen Says Being Tidy Is About 'Joy' 


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4 comentários:

Isabel Pires disse...

"até porque a dita senhorita Kondo, pelos vistos, achava que só se devem conservar os livros que trazem alegria."

Ui, que mal estar. A alegria, a alegria, e mais a alegria... e a tristeza, não há lugar para ela? Temos que pedir desculpa por estar tristes e sairmos do raio de avistamento dos outros para vivermos a tristeza?

Preocupam-me estas "teorias" do sempre lá em cima, alegria, risos e gargalhadas, festas, rodeia-te de gente alegre...


Por coincidência, a semana passava participei no ciclo da Culturgest dedicado ao direito à tristeza, que, ironicamente, é preciso reclamar, como se não fosse a tristeza - muito mais do que a alegria - a desencadear a mudança.

Isabel disse...

É curioso, que um dia destes vi num blogue,algo sobre este método, mas não explicava o que era e fiquei curiosa. Afinal já tinha ouvido falar e tenho uma amiga que já leu o/um livro dela. Mas não sabia ou não me lembrava do nome. Para mim não serve. Também guardo tudo e cá arrumo à minha maneira. Sou muito agarrada às coisas.

Mas aproveitam-se sempre sugestões úteis e possíveis!

Uma boa semana para a UJM:))

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel Pires,

Aquela macacada dela dizer que só se deve conservar o que nos faz feliz é uma coisa parva pois, mesmo que fizesse sentido, só faria sentido naquele momento pois o que nos faz feliz num momento pode não fazê-lo noutra altura. Uma tolice.

Mas, maluqueiras à parte, conseguir arrumar tudo direitinho é coisa boa. Claro que, estando a Isabel em casa nova, deve ter tudo arrumadinho e sem tralha inútil. Mas, quando se vive há muito tempo na mesma casa, acumula-se muita coisa que, ainda por cima, não sabe arrumar-se sozinha.

Quanto a isso da tristeza, tem razão. E a melancolia proporciona um espírito que pode ser inspirador ou que pode dar a vontade de se mudar de vida.

Mas também é coisa genética. Eu, por exemplo, por natureza, não sou muito dada a tristezas prolongadas. Ao fim de algum tempo, tenho vontade de dar a volta e partir para outra. Ou, quando não posso partir, relativizo. Mas, claro, cada um é como é. E há que respeitar e aceitar a dignidade da tristeza. Tem razão. Acho que gostaria de ter ido à Culturgest.

Abraço, Isabel.

Um Jeito Manso disse...

Olá Professora Isabel,

Eu também sou cá muito à minha maneira. Não gosto de deitar fora e também gosto de fazer as coisas ao meu gosto. Mas é isso: aproveitam-se as linhas gerais. Há pouco tempo, deitei para o contentor da roupa usada umas belas sacadas. E acho que tenho que dar o mesmo destino a alguns tesourinhos deprimentes que ainda para aí tenho pis, pensando bem, há coisas que só se estiver passada da cabeça é que voltarei a vestir.

Beijinhos, Isabel.