Pois é o que vos digo. O que me vale é que o meu corpo, assim que se apanha à larga, resolve as coisas por si. Não me levantei muito tarde e, quando pus o pé em terra, senti uma leve dor de cabeça, como se o sono não tivesse sido o suficiente. Mas bola para a frente. Fiz o que tinha a fazer. Tudo na boa. E estive com os meus meninos e a alegria que sinto retempera-me e compensa o cansaço que subsista no corpo. Mas mal me apanhei no carro, adormeci. Quando cheguei a casa dos meus pais ainda estava meia adormecida. Felizmente, tão depressa adormeço quanto acordo e, portanto, tudo bem enquanto lá estive. Só que, quando de lá saí e me apanhei de novo no carro, foi, de novo, tiro e queda. Dormi até chegarmos. O meu corpo descansou, recuperou dos desgastes da semana.
Já tinha anoitecido quando dei por mim já a chegar ao portão e só dei por isso porque fui acordada pois, se o meu marido me tem pegado ao colo e depositado na cama, teria ficado a dormir até agora (e ele teria ficado a precisar de fisoterapia durante mais de um ano).
Mas, dizia eu, que, à chegada, apesar de não ser ainda oficialmente de noite, o dia já se tinha recolhido. Detesto dias pequenos. Portanto, nem dei o meu passeio, nem senti o fresquinho e o cheirinho bom do campo quando o outono se presta a ceder o passo ao inverno.
Aqui estou, sossegadinha junto à salamandra, a ver televisão (o GPS com o Fareed Zakaria), a fazer tapete de arraiolos. Ao meu lado, a Graça Morais e o mistério insolúvel da grande arte esperam que volte às suas palavras.
Ali na sala de jantar, o ramo de luzinhas que acima puderam ver. Não sei o que é isto agora mas a verdade é que ando numa de luzinhas. Na volta tem a ver com o facto de estar para haver uma das maiores chuvas de estrelas do ano.
No próximo dia 14 de dezembro, sexta-feira, vai acontecer uma das chuvas de meteoros mais intensas do ano, com uma média de 120 meteoros por hora. Para assistir a este fenómeno astronómico só tem de olhar para o céu entre as 20h00 do dia 13, quinta-feira, e as 17h00 do dia 14.Dois dias depois poderá também ter a sorte de ver o cometa 46P/Wirtanen, que passa no ponto de maior aproximação da Terra, na sua órbita de 5,4 anos à volta do Sol.
Mas acho que as luzinhas alegram tanto as casas. Estas, por acaso, não são inteiramente ao meu gosto pois gosto de luzinhas amarelas e estas são brancas. Mas não havia em amarelo e achei-as tão bonitas.O meu marido puxou-me pelo braço mas não o suficiente. tirei a vela e coloquei-as. Estão a piscar. Fica o ambiente tão agradável. Estar em casa é, para mim, estar no ninho. Quando tenho aquelas semanas em que os compromissos são consecutivos e alguns bem maçadores ou problemáticos, em que os telefonemas e os mails chegam em catadupa e quase sempre com problemas, em que nem ao jantar consigo ter descanso porque os compromissos se estendem ao jantar, sinto que o corpo me pede tréguas e a alma me pede casa, aconchego.
Há bocado escrevi sobre os coletes amarelos e tinha pensado ficar-me, hoje, por aí. Mas agora, sei lá eu porquê, apeteceu-me interromper o bordado e escrever isto. No outro dia, uma amiga dizia-me que gostava de ter tempo para escrever, que gosta muito de escrever, que já a aconselharam a ter um blog, que está a pensar nisso. Disse que quando pensa, pensa como se escrevesse, que, quando vai no carro, as palavras se começam a juntar e é como se estivesse a escrever. E ela a falar e eu a pensar que sei bem o que isso é. E com vontade de lhe dizer deste meu vício, deste meu gosto. Mas não disse. parece que sinto receio de deixar de me sentir tão livre como agora me sinto, escrevendo sem nome.
Quando contei à minha filha aquele telefonema de que falei no outro dia, ela disse: 'olha, agora que foste descoberta, já não vais conseguir escrever tão à vontade' e eu não quis nem pensar nisso pois no dia em que me sentir cerceada na minha inteira liberdade de escrever, deixo de escrever.
E agora que já aqui escrevi mais estas insignificâncias vou recolher-me aos meus aposentos. Mas antes deixem que partilhe convosco dois maravilhosos presentes do meu amigo, o presciente algoritmo do YouTube.
O vídeo já aqui abaixo mostra um momento impressionante. Um pequeno elefante caíu num declive e não conseguia sair. Uns homens com uma escavadora colocaram lá terra, de forma a que ele pudesse sair. Quando finalmente saíu, são e salvo, os elefantes adultos festejaram o acontecimento e saudaram os homens que tinham salvo a cria.
Depois, mostro o último vídeo do abençoado Sergei Polunin. Bailarinos assim aparecem raramente e eu não me cando de testemunhar este extraordinário prodígio.
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A todos desejo um feliz dia de domingo
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