quarta-feira, dezembro 12, 2018

Ana Rita Cavaco - What's in a name


Não é por as DDTs, Direitas Desesperadas e Trapalhonas
 -- não apenas através do Totó Negrão e fracos apaniguados mas, sobretudo, do Abutre Cristas e restante trupe -- 
estarem a querer facturar em cima de mais uma baderna da Ana Rita Cavaco que dela me distancio. Não. Nem teria por que me distanciar porque nunca de tal pessoa me aproximei. Nem é por ela ser uma conhecida PSD de gema, uma carreira perfeita de jota a baronesa laranja. Nem é por a dita ter andado nas bocas do mundo, acusada de ser deslumbrada, prepotente, de uso de dinheiros indevidos, por se tratar bem demais à conta da Ordem, etc. Não.  

Nem é porque os enfermeiros não tenham algumas razões de queixa. Terão. Quem as não tem? 

Mas há coisas que a mim me fazem espécie e António Costa hoje pôs o dedo na ferida (no pun intended): a dita enfermeira é bastonária ou sindicalista? É que de bastonária não se vislumbra vestígio mas de sindicalista vê-se demais e pelos piores motivos. E se não é uma coisa nem outra, parece caso para nos interrogarmos se não será terrorista (pelo menos em potência).

E já antes aqui expressei esta dúvida: Madame Cavaco só representa os enfermeiros que trabalham para o Estado? É que parece que sim. Ouço-a a falar em carreira, em escalões e em mais não sei o quê mas só no Estado. E no sector privado? Não querem carreira? Não querem escalões? Não fazem greves?

Não. Não senhor. Para a Dona Cavaco, no Sector Privado está tudo bem com os enfermeiros. 

Mas estará mesmo?

Eu respondo: não me parece, não me parece mesmo nada. Pode até acontecer que esteja pior. Mais. Quantos enfermeiros fazem um turno nos hospitais ou postos de saúde públicos e, de seguida, outro nos privados? Muitos. Nos primeiros reivindicam, no segundo comem e calam. Porquê?

Mas de tudo há uma coisa que se sobrepõe. Confesso: irrito-me especialmente com a frieza da Enfermeira Cavaco para quem a vida humana é tão irrelevante. Tão má pessoa que, com a maior insensibilidade, afirma que podem morrer pessoas em consequência desta greve. Ouvi-a a fiquei gelada. Lembrei-me daqueles casos  em que enfermeiros, a frio, matam doentes em série. Que criatura tenebrosa, esta Cavaco. Conduzindo os enfermeiros para uma greve destas, uma greve selvagem, cega, uma greve egoísta que provoca sofrimento nos que sofrem -- atrasos em cirurgias, supressão de tratamentos, alguns oncológicos -- revela uma indiferença que se confunde com crueldade.

Os enfermeiros que estão a ser levados para uma coisa destas não estão a perceber o que está a acontecer: estão a envergonhar a sua carreira, estão a manchar a sua boa fama, estão a despertar o repúdio da população.

Daqui lhes envio a minha sugestão: parem com esta greve que põe em risco a vida dos que precisam dos vossos cuidados. E, a seguir, corram com a Cavaco. Mas corram depressa, corram com ela para muito longe. Livrem-se desta peste suína que se alapou na vossa Ordem para a desfeitear.

E envio também uma sugestão a eventuais jornalistas que, por aqui, me acompanhem: vão perceber como estão as coisas nos hospitais privados, façam um estudo comparativo das condições e carreiras dos enfermeiros (Público versus Privado). E percebam porque é que a Cavaco nem pia sobre a situação no Privado e tem esta atitude irresponsável e perigosa no Público.

E apetecer-me-ia também deixar uma sugestão aos senhores do Ministério Público no sentido de perceberem se esta greve, incentivada pela Bastonário Cavaco, é legal -- especialmente por provocar o adiamento de cirurgias, suspender tratamentos e, como a própria o diz, poder provocar mortes. Mas não tenho conhecimentos jurídicos que me permitam avaliar a situação pelo que não o sugiro, apenas manifesto a minha dúvida.

14 comentários:

Manuel Pacheco disse...

Por falar em enfermeiros do público e do privado. Acho, até tive conhecimento, quando estive internado, que uma enfermeira nessa Ordem Privada só fazia serviço nocturno. Uma noite perguntei-lhe pelo facto de só a ver na parte nocturna. Qual a causa. A mesma me disse que de dia trabalhava no Público e à noite no Privado para fazer face à vida pois tinha dois filhos a estudar. Não ponho em questão o seu profissionalismo. Era a mais cumpridora. Não se baldava às suas obrigações nocturnas. Sempre presente. Outras havia quer no soro e num líquido que me era ingerido para limpar a Bexiga punham-no a sair menos que assim um saco dava para a noite toda. De dia absorvia mais que um! Vários. Com isto podiam descansar mais ou dormir. Por isso confirmo que a maioria das enfermeiros que trabalham no Público que fazem "desenrascansos" no Privado fazem-me lembrar a Olivia patroa e a Olivia costureira.

Um Jeito Manso disse...

Olá Manuel,

Note que, do que eu disse, não se deve concluir que reprovo os enfermeiros que trabalham no Público e no Privado. Nem pensar. Se o fazem é porque precisam.

O que reprovo é que a dita Bastonária Cavaco arme este caldinho todo, pondo em risco a vida das pessoas, para fazer exigências no Sector Público e deixando passar em branco todos os atropelos que, se calhar, há em maior número no Privado.

PS: Espero que já esteja curadíssimo.

E obrigada pelo seu comentário.

Saúde.

Ésse Gê (sectário-geral) disse...

E o que dizer do crowdfunding para financiar a greve? Não sei se é legal tal peditório, mas já vi 'chatear' bombeiros que estavam nessa função numa rotunda por não terem autorização para isso...
Mais importante,porém, do que esta formalidade (eventualmente necessária) é a questão de saber quem dá, quanto dá e por que dá. Não acredito que sejam os próprios associados a entregar donativos ao sindicatos.
Eurico Dias

Anónimo disse...

Olá UJM, tocou num ponto que também me anda a matutar a cabeça. Além disso muitos enfermeiros que trabalham no público e no privado só fazem descontos para a SS pelo público, ou seja, têm um acréscimo do seu vencimento líquido razoável sem custos acrescidos para a entidade privada. Eu tive uma operação adiada já há um mês. Até agora não tive notícias de remarcação. Embora não seja super urgente a minha saúde está a degradar-se de dia para dia. A opção lógica, todos me dizem, é ir a um hospital privado fazê-la, porque felizmente tenho dinheiro e seguro de saúde. Mas a decisão está a custar-me. Acho que esta greve não está a ajudar a carreira dos enfermeiros, está a ajudar as bolsas do privado. Havia outras formas de se manifestarem sem agravar as listas de espera. Agora já falam em fazer as operações adiadas nos hospitais privados. Acho tudo muito esquisito. Se não é uma manobra para acabar com o sns é uma atitude muito irresponsável. Também não gostei de ouvir um dito representantes dos utentes do sistema nacional de saúde dizer que os utentes compreendem e apoiam esta greve. Não elegi nenhum representante e não apoio a greve. Rita

Anónimo disse...

Uma Bastonária a impulsionar greves... Onde já se viu? Ah sim, o dos médicos não tem feito muito diferente... Volto-me para o meu "setor" - a ver se compreendo tudo melhor, que isto quanto toca o nosso umbigo normalmente a gente pensa de outra forma. Olhemos para a Justiça, pois. O que primeiro me ocorre é que os juízes também fazem greve. Não têm Ordem, nem Código Deontológico. São órgão de soberania, diz a Constituição. Não sei se isso quer dizer alguma coisa. Se podem fazer greve? A minha tendência esquerdista dá-me para, na dúvida, dizer que sim, tudo ok, fazem todos muito bem. Cada um a lutar pelos seus direitos, pelas suas regalias. Depois penso se seria eu capaz de o fazer. Juíza não sou. Porém, os advogados também trabalham para o Estado, em precaríssimas condições, quando se inscrevem nas bolsas de apoio judiciário. Não estou inscrita, nem tenho vontade - só se alguma vez estiver a passar fome. Mas se estivesse inscrita e se, como os demais advogados nessa situação, só recebesse o pagamento dos meus serviços com meses de atraso, por vezes mais de um ano de atraso, será que faria greve? Ao menos juízes e enfermeiros recebem no final de cada mês. Sei que não é assim quanto a horas extraordinárias, mas não há horas extraordinárias para advogados, portanto é irrelevante o argumento para efeitos deste exercício. Perguntava - faria eu o mesmo? No dia do julgamento, deixaria o arguido nas mãos de um qualquer advogado de escala que, sem tempo para olhar o processo, se limitaria a "pedir justiça"? Não tenho dúvida nenhuma de que jamais faria greve. É, aliás, impensável a Ordem permitir uma coisa dessas. Coisa curiosa: os advogados podem fazer muitas maningâncias, mas há certas questões que nem se colocam. Se é assim tão óbvio para um advogado, será tão diferente no caso de médicos e enfermeiros? Valerá a saúde e a vida humana menos que a justiça? As pessoas escolhem uma profissão em que o primeiro valor não é o lucro - como legitimamente o é noutras - e depois colocam os seus interesses acima desse valor primordial.

A verdade é que melhorias nas condições dos advogados só a ritmo de caracol moribundo, enquanto nas outras profissões sempre é a ritmo de lesma de corrida... Por estas e por outras é que mais vale vestir uns coletes amarelos e pôr em sentido os tontos que nos desgovernam com uns quantos cocktails molotov. Se é para lutar, que se lute como deve ser, sem pretensões de legalidade e de moral e digno exercício de direitos disto e daquilo enquanto as pessoas vão morrendo.

PS: Antes que alguém tenha tentação de descartar quanto disse sobre advogados por se tratar de gente que se faz cobrar vergonhosamente bem e que olha de cima para baixo com enojado menosprezo o apoio judiciário, devo dizer que ser gente dessa é, sem dúvida, o meu grande objetivo de carreira e de vida. Porém, muito advogado pobre e mal pago há por esse país fora a prestar um serviço fundamental ao Estado e à Justiça. Sem subsídio de desemprego, nem licença de paternidade. Sem abonos, nem baixa médica remunerada, parcialmente remunerada ou migalhosamente remunerada. Sem segurança social. Era desses que falava e esses também não fazem greve.

Abraço
JV

Anónimo disse...

É possível que esta Bastonária tenha um objectivo (ou motivo) escondido, de cariz político (quem sabe) a par de algumas legítimas razões de ordem profissional, que a fazem mover. Curioso ver o PSD numa de CGTP. Quanto à qualidade do Sector Público de Saúde, quando comparado com o Sector Privado, ouvindo médicos/as da nossa família, que trabalham em ambos, ou melhor, com um pé num e noutro, o que ouço dizer é que se algo corre mesmo mal, muito mal, o melhor é ir de imediato para um hospital público. Por mim, tanto recorro ao privado, como ao público e aqui sem qualquer preconceito, que vejo em tanto imbecil que trabalha exclusivamente no sector privado (uma espécie de nojo à saúde pública - só ao estalo!). E nunca deixo de recorrer a um Centro de Saúde, se necessário for, já que é um direito nosso, de todos nós, o tal SNS. Mas, muitos meus conhecidos que trabalham no sector privado ignoram-no. Ao que sei, perdem o direito a essa excelente assistência pública. Não se perde nada. Quem não quer o que lhe é oferecido quase de graça, que se lixe. Podemos ter ambos, quem quer que seja, funcionário do Estado, ou do sector privado. Mesmo com seguro de saúde.
Voltando ao caso desta Rita Cavaco, é possível que esteja numa atitude com outros contornos. Seja como for, o Estado paga mal aos seus enfermeiros, como paga mal aos seus policias (780 euros por mês!), aos seus técnicos qualificados, cientista, investigadores, professores, Lentes, magistrados, diplomatas, directores, etc, etc. E não há maneira de as coisas se alterarem. Todavia, paga cerca de 500 mil euros ao Macedo da CGD, paga as reformas chorudas dos cabotinos de vários Partidos políticos (PSD/PS/CDS) que ali exerceram funções na Administração, paga rendas obscenas à EDP, paga 800 milhões à porcaria do Banco
Novo, no mesmo dia em que anunciava apenas 50 milhões para os funcionários do Estado (de aumentos), salva Bancos, mas deixa afundar o SNS, a Justiça, a Educação, a Sefurança Social, etc, etc.
Sinceramente, Ritas Cavaco e estes políticos (que nos governam, ou que se lhes opõe) é tudo a mesma choldra! Quanto a este governo, já me mereceu mais consideração. É certo que o anteror me merece - ainda hoje - um profundo asco. Mas, tal não invalidada que se escrutine pela negativa muita coisa do que ultimamente tem sido feito e que não se fez, da parte deste actual governo. Começo a ficar farto desta gente que há décadas nos vão governando e governando-se.
P.Rufino

Anónimo disse...

UJM,
É preciso não esquecer também que este governo (por ordem do tal Centeno) cativou recursos financeiros que eram necessários ao SNS, com as consequências que tal decisão teve e tem no funcionamento normal dos Serviços Público de Saúde. Está mal a tal Rita Cavaco? Estará, mas também a dupla Centeno/Costa (não sei se por esta ordem se inversa).
P.Rufino

Anónimo disse...

P Rufino
Ainda ontem A Costa afirmou na Ass da Republica, que não há cativações no SNS.
Sendo você uma pessoa de esquerda, por favor não faça coro com a arrebitada cristas a chamar a Costa mentiroso!

Anónimo disse...

Apoiado, P. Rufino!
JV

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Só tenho uma coisa a dizer: faltar aos pacientes, nunca!
O direito à Saúde é inalienável.

Um bom serão.

Graça Sampaio disse...

Muito bem!!! Subscrevo cada palavra!!!

Anónimo disse...

Caro Anónimo,
Registaram-se - efectivamente - cativações no SNS. Se o PM - agora - com as eleições de 2019 no horizonte, vem dizer que as não fará, é puro eleioralismo e demagogia, pois fê-lo no passado, recente! A Ordem dos Médicos e este Bastonário, são gente séria. Se eles denunciam o que se passa nos hospitais públicos é porque sabem bem o estado em que se encontra a Saúde (herdada da cambada da Direita, CDS/PSD, que este governo não reverteu no essencial). Os enfermeiros são, indiscutivelmente, mal pagos e pouco considerados (não é por acaso que emigram). A dita Bastonária limita-se a cavalgar a onda de protestos e daquilo que é o sentimento da esmagadora maioria daqueles profissionais de saúde.
Enquanto houver governos (como este e anteriores) que preferem injectar dinheiros públicos em instituições fraudulentas, como a Banca, aos milhões, e descapitalizar serviços públicos que servem as pessoas, o cidadão comum, como a Saúde, Educação, Justiça, Ciência e Investigação, Cultura, mas também a Ferrovia (que está em colapso, mais dia menos dia) etc, não vamos lá. E depois, quando vemos pensões de miséria, subsídios de desemprego de caca e respostas da Segurança Social, como eu vi, a dizer que fulano de tal tem de facto direito à dita remuneração, mas depois refere que o pagamento é...0, euros (tratou-se de um invisual), um tipo fica a pensar que este País e as suas instituiçoes realmente não têm coração, sentimentos! Como dizia anteriormente,isto é uma choldra! Quer este governo, quer os Deputados que temos, sem rigor, sem ética. Estes, porque não aceitam a exclusividade de funções. Sabe, meu caro/a, estou farto desta gentinha de pacotilha! Costas e companhia, passado e por aí fora.
Cordialidade,
Já agora, Festas felizes!
P.Rufino

Um Jeito Manso disse...

P. Rufino,

Duas notas:

1ª - Qual o ordenado médio dos médicos no SNS e no Privado? Vai uma aposta em como no Privado é mais baixo? Idem em relação aos enfermeiros. E a pergunta é: porque é que só há greves e denúncias no SNS? Gostava muito de perceber. É que, enquanto não perceber, acho que estas greves e reivindicações no SNS cheiram-me sobretudo a politiquice mas politiquice das suspeitas.

2ª - Cativações no Estado como em qualquer empresa é um instrumento de boa gestão. Faz-se um orçamento para cada área e a partir daí não é via verde para gastar à vontade. Há aprovações ao longo do ano para garantir que se está a gastar dentro das verbas e dos princípios que foram aprovados. No caso do orçamento de Estado é, além do mais, uma prova de respeito por quem o aprovou: os deputados. Como disse o Primeiro Ministro (e bem!): uma execução orçamental sem cativações é como um carro sem travões. Um carro sem travões não anda? Anda, claro que anda. Mas temos a segurança que o poderemos travar, se necessário.

Já agora: que mistério é este (que, por acaso, está a intrigar toda a gente no estrangeiro) de termos um país tão francamente melhor do que estava há quatro ou cinco anos e haver tanta gente a dizer mal como se o país estivesse pior?

Dias felizes para si, P. Rufino.

Anónimo disse...

Estimada UJM,
Podemos estar em desacordo em algumas coisas – o que seria a vida se as pessoas estivessem sempre de acordo? Que sensaboria! -, mas temos (muito) mais em comum (politica e culturalmente, por exemplo) no que concordamos, do que o contrário. Aprecio o seu estilo assertivo, combativo e reactivo. E embora perceba que os meus comentários lhe criaram alguma crispação, nem por isso deixo de manter a consideração e estima que sempre tive para consigo. Dito isto, permita-me só uma observação: a UJM incorre num erro de avaliação típico de quem trabalha numa empresa privada, quando exemplificou a questão das cativações numa empresa privada. É que uma coisa é uma qualquer empresa, outra, o Estado. O Estado não serve interesses de accionistas, nem de patrões. Nem visa o lucro, que move (legitimamente) as empresas privadas. O Estado existe para servir os seus cidadãos. E seus os governos o povo, prestando contas aos contribuintes. De acordo com o que estipula a Constituição da República. Por outras palavras, o Estado tem igualmente como obrigação garantir os Direitos que estão consagrados na Constituição. Como o Direito à Saúde entre outros (Educação, acesso à Justiça, ao subsídio de desemprego, à Habitação, etc, como um bom sistema de Segurança Social, investimento na Ciência, Investigação, Cultura, com vista ao tal Desenvolvimento do país). Assim sendo, o que retiro desta discussão, não entre nós, mas ao nível do que se está a passar no País, é que o Estado (este Governo, a exemplo dos seus antecessores) está a falhar na melhoria da qualidade da Saúde que deve, por obrigação constitucional, aos portugueses. É uma opção política deste governo para quem estas coisas têm uma importância relativa – que não deveria ter – se, comparada com a assistência que o mesmo governo entende ser de conceder a um Banco privado pútrido (o tal exemplo, entre outros que se poderiam dar, de 800 milhões ao Banco Novo!) em aflição financeira (até ser totalmente vendido a terceiros, o que choca ainda mais, visto serem 800 milhões dos contribuintes!), questão esta que a estimada UJM passou ao lado, preferindo contrapor o tal exemplo do que se passa numa empresa privada, que não é compatível com como administrar o Estado. Sabe, UJM, o grande problema do Estado é ser dirigido por pessoas que vêm do Sector Privado e dos Quadros Partidários dos Partidos Políticos, PMs, Ministros, Sec. Est, gestores nomeados para determinadas empresas públicas, etc (uma boa parte deles uns inúteis, sem experiência e conhecimentos da vida prática, que não sabem como gerir a máquina do Estado, e bem assim no que respeita, muita das vezes, a empresas do Estado que prestam um serviço público). E depois, o recurso, doentio, às PPP, revela uma atitude por parte de quem nos governa, das suas opções políticas (erradas). Ou seja, de que lado estão. O (ponderado) projecto inicial da Lei de Bases da Saúde, que esta Ministra preparou, é bem um exemplo disto, ao ter que reverter umas tantas propostas, com vista a satisfazer os seus colegas de Governo que preferem que a Saúde continue em banho-maria, com vista a não por em causa os grandes interesses privados nesse sector. Ao tempo do governo da dupla de tratantes Passos/Portas um industrial de Saúde dizia ao então PM, por ocasião da inauguração de um seu hospital privado: “a Saúde é um negócio!” Não, não é. É um Direito. Não confundir (tal como a Educação, etc, etc). Assim sendo, cativar verbas na Saúde, Educação, Segurança Social, etc, para só dar estes exemplos, é trágico, pois põe em causa a qualidade de resposta da parte do Estado aos problemas que se registam nessas áreas e, nesse sentido, de quem delas depende, contrariando o que estabelece a Constituição.
Um abraço com estima e consideração,
P.Rufino