Imagino que ao longo dos tempos sempre tenha havido isto de algumas pessoas acharem que se caminha a passos a«largos para o fim dos tempos. Ou isso, ou que se está a bater no fundo. Ou que, depois disto, só a hecatombe. Portanto, não creio que faça parte de algum grupo de vencidos da vida new age ou que esteja a ser minimamente original. Desiludidos e descrentes sempre os houve e, enquanto por cá andarmos, sempre os haverá.
Não tenho conta de Facebook, Instagram, WhatsApp, Twitter e não apenas isso não me atrai e não me é útil como considero, e desde o início o considero, que mais do que plataformas de partilha, elas facilmente podem ser usadas como armas contra a liberdade e contra a democracia. E isto não apenas pelas ferramentas em si como pela forma desregulada como são utilizadas. Claro que há formas legítimas de as usar, mas mesmo essas podem alimentar armas ilegítimas (como tem sido sobejamente noticiado e como, certamente, na maioria dos casos, nos é ocultado).
Está provado que grande parte da população tem hoje, como principal fonte de informação, o que circula nas redes sociais. Mais: está provado que, mesmo que inúmeras vozes credíveis denunciem a falsidade de parte dessa informação, as pessoas acreditam mais facilmente nas mentiras do que nas denúncias de falsidade.
E isto acontece porque os humanos são bichos dados à burrice. Ainda recentemente vivi uma situação em que uma criatura, tida como uma estrela, e venerada e paga como tal, mentiu, tomou decisões erradas, umas a seguir às outras, causou estragos de monta e, quando alguém tentou alertar para o que estava a passar-se, foi apontada como desagradável, como alguém que apenas quis denegrir a imagem de uma estrela. Mesmo perante evidências, claras como a água, as pessoas preferem acreditar em histórias nebulosas, mal contadas, manipuladas. A verdade por vezes é crua, pode ferir a vista. Por isso, grande parte dos humanos prefere filtros, névoas, embustes.
O que se passou e passa nos Estados Unidos, o que aconteceu no Brasil, o que acontece em Itália são exemplos do que acabo de dizer. Tudo o que aqueles populistas, ignorantes e estúpidos têm dito e feito, deveria merecer um drástico repúdio, um valente chega para lá. Mas não. Os seus defensores continuam a defendê-los. Porque são igualmente ignorantes e estúpidas, por preguiça, por cegueira...? Não sei. Presumo que por um misto de tudo isso.
Hoje foi notícia que a namorada de Matteo Salvini, o populista direitolas de Itália, anunciou no Instagram que estão separados. E qual a melhor forma de o anunciar? Pois bem: com uma fotografia de ambos na cama, ele aparentemente nu, ela de roupão, perna ao léu. Tudo bizarro, estúpido, injustificável. Qual a lógica de anunciar uma separação numa rede social? Qual a lógica de o fazer ostentando uma fotografia mais ou menos íntima? Qual a lógica disto quando ele é o rosto de um governo que envergonha os italianos* e a Europa? Zero. Lógica nenhuma. Mas é o fruto do tempo, quiçá o novo normal.
* Isto numa altura em que Itália pasma com a anormalidade do dito animal que, perante o drama das cheias, faz uma selfie a andar de barco em Veneza, todo pimpão, a fazer um like. Houve um tempo em que nos governos havia estadistas, gente de bem. Gente, pelo menos com decência, com bom senso. Agora é isto. E é nisto que a maioria anda a votar.
Entretanto, os Estados Unidos vão a votos e eu estou curiosa para ver o que se passa. Provavelmente os que gostam de andar armados até aos dentes e que têm fobia de imigrantes e de comunistas em geral, seja lá o que isso, nos States, significar, irão votar em Trump como antes votaram. Não há evidências que lhes entrem pelos olhos adentro porque, simplesmente, se recusam a ver.
Salva-se o humor e, de novo, aqui trago Randy Rainbow a quem acho graça pela irreverência directa, sem meias palavras. Pode ser que consiga influenciar três ou quatro indecisos.
5 comentários:
Dois cabotinos! Sempre me espantou como é que a Itália foi e é capaz de se distinguir e sobressair em tantos, mas mesmo tantos aspectos, com um passado civilizacional espantoso, possuindo cerca de metade do património mundial, com gente fantástica e inovadora, e depois faz opções políticas que a envergonham, de Mussolini a estes tratantes que estão hoje no Poder. Não bate a bota com a perdigota.
Quanto ao Trump, esse rufia reaccionário radical, ainda acaba por colocar o Médio Oriente em polvorosa, com esta sua decisão de rasgar o Acordo, que era um bom Acordo, que Obama conseguiu. Tudo isso para agradar aos seus clientes daquela região, como Israel e a Arábia Saudita (cujo líder é um psicopata medieval, um assassino).
Mas, voltando à figura feminina, a tal apresentadora na cama como o Salvini, aquilo é gente ao nível de um Correio da Manhã. A Itália de hoje está - politicamente - a esse nível. Uma pena!
P.Rufino
Quantas vezes o YouTube me crava nas sugestões trampices politizadas a empolar os trambiqueiros populistas ou fasciolas que usam os "social media" como via de fazer a sua politiquice manipuladora. E quando essas suguestões me surgem estou a ver tudo menos coisas políticas, além de não estar ligado na conta Google (coisa que raramente uso).
No Facebook idem, nomeadamente os grupelhos do tal senhor lá de cima que tinha não sei quantas páginas de propaganda direitola.
Quanto aos casal italiano, não espero que por ali abunde grande saúde mental, portanto muito pluasíveis estes fretes.
Um bom serão!
Há pouco, quando me chamaram à atenção para uma determinada notícia, ouvi, da parte de um canal da TV -assim o anunciava com entusiasmo - que iriam seguir as tais eleições no EUA (noite fora) que estão a decorrer e que só, mas só mesmo, aos norte-americanos respeita. Ou seja, este pequeno e vassalo país do “irmão americano”, acha que aos portugueses interessa, minimamente, o que realmente se passa por lá (com a excepção da eleição Presidencial, naturalmente). É espantoso ao que se chega! Mas, enfim, é o pais, pequeno e submisso que temos.
P.Rufino
Olá P. Rufino,
A Itália... não é? Também acho isso: como é possível? Tanta civilização e, no fim, entregam-se nas mãos de palermas, de estúpidos... Parece mentira.
Quanto ao Trump, na volta, aqueles americanos brutamontes ainda vão acabar a votar outra vez nos Republicanos mostrando que assinam por baixo de todas as porcarias que ele faz.
Uma desolação.
Bons passeios junto ao mar, P. Rufino.
Francisco, olá,
Vivemos num mundo perigoso em que nos manipulam sem darmos por isso.
É preciso cabeça fria e os pés na terra, a cabeça na lua, os braços junto das árvores e das flores... para conseguirmos manter a nossa serenidade, a nossa saúde mental.
Uma boa quarta-feira, Francisco.
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