quinta-feira, novembro 15, 2018

Um conselho muito útil para o dia de Natal



Somos do contra ou, se não somos, parece que parecemos. As ruas, as lojas, tudo reluz -- e nós nem aí. Explico: em notória contra-corrente, ainda não começámos com os enfeites nem com as compras de Natal. É certo que tenho que ter atenção pois, se nos atrasamos muito, daqui a nada já estaremos nos saldos pós-Natal e eu ainda a sentir-me com um pé no pós-verão. Não sei bem quando serão os saldos do pós Ano Novo mas tenho para mim que serão lá para meados de Dezembro. E isto desincentiva-me. Sou a modos que muito tradicional, muito conservadora: gosto do natal no natal e do ano novo no ano novo, e coiso. 

Como agora deixei de ser consumista, faço de um tudo para não entrar em qualquer loja. Passo por elas como se não me interessasse por nada, como se nada daquilo tivesse alguma coisa a ver comigo. E não custa nada porque só vejo árvores de natal, bolas de natal, renas e sininhos. E, ao abrir o YouTube, também ceninhas de Natal. Jingle bells, jingle bells. Bolas.


Mas acontece que, como estou num processo transformacional, depois das citações inspiracionais do post abaixo, e enquanto não me torno vegan e não me apresento nas reuniões em tronco nu com dizeres escritos nos seios, vou fazendo os beus baby esforços. E isso passa por muita coisa. Por exemplo, por prestar atenção a bons conselhos. Por exemplo: como reagir quando a gente dá um belo presente a uma pessoa, tudo a ver com essa pessoa, esforçámo-nos a valer por encontrar aquela coisa mesmo a condizer e, de volta, recebemos uma coisa que não tem nem um bocadinho a ver? Não quero aqui fazer fofoca mas uma certa pessoa da minha família costuma fazer assim: vai a um sítio e vê uma coisa que, pelo preço e pelo aspecto, lhe parece uma boa compra. Então, a coisa resolve-se logo ali, está feito e não mexe mais. Compra uma dúzia e dá uma a cada mulher da família. Isto se for coisa mais para mulheres. E para mulheres digo eu porque, a bem dizer, nunca percebi qual o critério. Uma vez foi uma girafa dourada. Grande. Não em tamanho natural mas quase. Bem uns quarenta centímetros de altura. Se calhar mais, talvez meio metro. Durante anos andei com a girafa às voltas sem saber onde pô-la a pastar. Mas a sacana da girafa, como tinha perna fina, desequilibrava-se muito. Capaz de nos partir um pé se caísse da prateleira ou da mesa abaixo. Que aquilo lá era bem toda pesada, só chicha, metal maciço. Até que a encafuei não sei onde e agora não faço ideia onde esteja. Mas isso ainda é o menos. O pior é a gente abrir o presente, ver uma coisa de que não percebe bem o nexo e depois ver que toda a gente está a receber a mesma maravilha. Como reagir? Fazer de conta que toda a vida tínhamos desejado ter uma girafa dourada? Dar um agradecido e sentido abraço? Mesmo percebendo que aquilo foi a primeira coisa que lhe apareceu à frente?


Outra vez foi uma caixa. Grande para ser bibelot, pequena para poder ter serventia de arrumação. Nem feia, nem bonita. Simplesmente neutra. Lembro-me bem. Pensei que o presente estaria dentro da caixa, que a caixa era embalagem. Curiosa, abri. Estava vazia. E toda a gente estava na mesma. A espreitar para dentro das caixas. E ela toda lampeira: queriam o quê? não vos chega a caixa? Digam-me, qual a maneira certa de reagir? Ah, que bom, estava mesmo a precisar...?

E eu, chegando a casa com aqueles tesourinhos e preocupada em dar uso ou deixar à vista para que, quando ela cá vem, veja que apreciei, e o meu marido: caga nisso. 


E isto para dizer que, sabendo destas minhas dificuldades e, simultaneamente, querendo transportar-me para a época natalícia, twinkle, twinkle, little star, o meu amigo YouTube me apareceu, o bobonezinho, com o vídeo que, de seguida e sem mais delongas, partilho convosco. Aprendamos, irmãos, que a coisa é didáctica. Santa Claus is coming to town. Bilas, bilas.

Benedict Cumberbatch  ensina


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2 comentários:

Isabel Pires disse...

UJM, dou prendas a poucas pessoas porque apenas o faço a quem tenho vontade e oportunidade de presentear.
Não dou por obrigação, para cumprir ritual, porque alguém me deu e agora também tenho de dar. Não gosto que o façam comigo e por isso também não faço com os outros.
E como só dou a quem tenho vontade e oportunidade de presentear, escolho escrupulosamente o que me parece ir ao encontro dos gostos das pessoas e, muito frequentemente, mando fazer e por isso são peças únicas.
Gosto mais de dar quando me apetece do que quando o calendário impõe e a maior parte das minhas prendas acontecem assim.

Quando recebo algo e me perguntam se gosto, digo a verdade.
Se não perguntam e não gosto, não digo que não gosto; mas se gosto, digo.
Também é assim que mais gosto que procedam comigo.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Nesta coisa das prendas há que haver muito gosto em dar e só sabe dar quem é capaz de se ligar ao outro. Claro está, que há gente sedutora que também tem arte para dar graxa ao cágado e também pode ter muita arte para escolher a prenda certa, mas gente de olhão e coração topa a diferença.

Esto totalmente com o seu marido, "cague nisso" que monos que só servem de verbo de encher estão bem é num caixote ou dados a que os aprecie.

Boa 5f de Verão de São Martinho!