quarta-feira, junho 20, 2018

'Entre as onze horas e a uma, obtemos muitos sorrisos' dizia a Enfermeira Beverly Whipple




Começo pelo fim: gosto de me chegar à frente, de me atravessar. Como no outro dia já contei, declararam-me (de papel passado e tudo e, por acaso, no primeiro ponto até contrariando o oftalmologista), sou de ver ao longe e movo-me bem é fora da caixa. Portanto, não querendo saber de riscos ou de ciências analíticas, às duas perguntas que se possam formular eu poderia arriscar e atirar-me já de cabeça para a dupla afirmativa. Sim e sim. Mas hoje estou de pianinho. Portanto, vou com calma.

E vou caminhando, mansinha, entre inocentes e vulvícas flores.


Retomo, então, o fio e dirijo-me para o começo. O post começa agora. E começa assim: não sou cientista. Já tinha dado para perceber, mas, para os mais distraídos, nunca é demais assegurar que as premissas estão bem entendidas: não sou cientista.

E mais: também não sou especialista, nem disto, nem daquilo nem daqueloutro. A ser alguma coisa, serei generalista, salta-pocinhas, maria maluca -- ou a bissectriz entre tudo isto, se é que se consegue traçar uma bissectriz entre coisas deste género.

Portanto, gostando eu de me poder aventurar pela temática que se me afigura de basto interesse público, sinto que me falta competência. Claro que poderia usar o truque que uso quando não tenho bases para elaborar um raciocínio bem sustentado, ou seja, poderia falar da minha experiência pessoal. Mas aí, algum daqueles eremitas que gosta de se esconder na moita com um barreto na cabeça, haveria de saltar para o palco e, com os guizos a saltarem-lhe dos miolos, haveria de decretar: 'Cá está, é narcisista, sim senhor'. Ora como eu hoje estou naqueles dias em que um diabólico cansaço se me apresenta disfarçado de santidade, tolhendo-me os dedos -- e, também, para não despertar maus olhados ou conclusões asininas -- deixo-me aqui estar, beatinha, no meu canto.


Podia até evitar o assunto que é tema que não interessa à comunidade bem falante, aquela comunidade que gosta de grandes causas e despreza as miudezas da raça humana. Eu também reconheço que, na escala das causas, esta é daquelas que não se vê.
Vejo assim a escala das causas: há as grandes até demais para serem abarcadas pela infeliz mente de nós outros, depois as grandes mas de tamanho comportável, depois as grandes mas invisíveis, depois as passageiras, depois as mixurucas, depois as merdices, lá no fim as paneleirices sem história e, no fim de tudo, as pequenas misérias humanas de que mais vale a gente nem saber.
Este tema que aqui me destraz hoje é daqueles de que não reza a história e que toda a gente prefere fazer de conta que é invisível.

E tanto assim é que meio mundo opina mas nada que fique assertivado em artigo da Nature ou que a Science perfilhe. Aliás, a Nature já por lá andou mas não consigo ler o artigo todo para poder aqui botar abstract conclusivo.

O que sei é que uns afirmam categoricamente que não existe, outros, mais cautelosos, não garantem que exista ou inexista e outros, a medo, dizem que parece que sim mas que está por provar.


A temática é dupla: por um lado, duvida-se da existência de um certo G e, por outro, da existência de múltiplos O's.

Para abreviar os preliminares, aponto para um artigo do The Guardian. Para a coisa ficar ainda mais robusta, deveria dizer: do insuspeito The Guardian. Reza assim: The search for the multiple orgasm - does it really exist?

E, introduz o tema, desta forma: On-screen depictions of sex show women coming again and again, yet in reality many women never climax during sex. Here’s what we know so far about the clitoris and G-spot


O artigo é extenso pelo que, recomendando a sua interessante leitura, me fico por um little excerto:
A recent documentary on the “super-orgasm” – actually multiple orgasms – found that women who had multiple orgasms had slower alpha waves than the average woman. Their brains were quieter, making more room for pleasure. “The thing about sex of all sorts,” says Martin, “is that sex takes place in the body. It’s very hard to think about pleasure if you are worrying instead of focusing on your body.”
What might you be worrying about? Probably whether you’re going to have an orgasm. Only about 20% of women can reach orgasm by penetration alone; the rest of us need clitoral stimulation. The vagina is marvellous, but it is not packed with nerve endings like the clitoris.
You may think differently about the vagina if you believe in the G-spot. Puppo has little patience with it, and labels anatomical illustrations with: “the invented zone for the G-spot”. It is named after Ernest Gräfenberg, who wrote a paper in 1950 about an erogenous zone on the vaginal anterior wall. This was launched into popular perception by an eponymous 1981 book written by two psychologists and a nurse, and by countless articles since. The nurse was Beverley Whipple, who told the Science Vs podcast that her team had investigated by inserting fingers into women’s vaginas and feeling around the clock. “Between 11o’clock and 1 o’clock,” Whipple says, “we got a lot of smiles.”
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E esta é a acima referida Enfermeira Beverly Whipple que parece saber do que fala e que explica algumas coisas -- entre as quais uma curiosa, que os homens são um linha (penso que deverei dizer um segmento de recta), enquanto as mulheres são um círculo (pelo desenho, penso que deverei traduzir por circunferência embora, com a riqueza sensorial das mulheres, talvez não seja demais deixar ficar o círculo)


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O primeiro desenho é de Olimpia Zagnoli.
As vaginais flores (desculpem o lapsus: queria dizer as virginais) são de Georgia O'Keeffe
A última pintura é de Júlio Pomar
E, lá em cima, Nina Simone interpreta I wish I knew how it would feel to be free



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E por aqui me fico, mas não sem antes sugerir que desçam à descoberta dos mais lindos chapéus do mundo e sugerir, também, que vão em busca das respostas (conselho extensivo a Leitores de todos os sexos)

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